terça-feira, 31 de março de 2009

 

Coisas que podem levar os outros a não me gramar

No fim de um almoço num restaurante nepalês, a minha colega come umas sementes coloridas e eu digo-lhe:

"Não comas o potpourri pá."

Etiquetas:


segunda-feira, 30 de março de 2009

 

HÁ QUE DIZÊ-LO

A bzuu viu aqui e disse 'Bora?

Ao que eu prontamente respondi 'Bora!

E assim fui ver uma daquelas peças em que me apetece, efectivamente, correr para o "palco" (não o havia, estávamos no meio da acção) abraçá-los a todos, dar-lhes beijinhos e dizer-lhes muitas vezes: "Vocês são grandes". É este o tipo de teatro que eu mais gosto. Aquele em que nos colocam no meio da cena, em que nos fazem viver o que se vive deveras em palco (Não, eles não estão simplesmente a representar, aqueles grandes actores estão a viver intensamente o que representam). Entre bares de frequência, por certo, nórdica (Coppenhagen*, Dinamarquen* e outros que tais terminando em "en"), numa rua toda catita que há no cais-do-sodré, nada húmida, nada fantasmagórica, nada frequentada por pessoas que vestem cintos em vez de saias, eis que defronte ao grande Jamaica (que só conheço de nome e de ouvir que é supé giro, sei lá) o local: CASA CONVENIENTE.

Não sei qual de vocês fez figuinhas mas resultou, porque íamos a caminho das Amoreiras para ver o Gran Torino, após nos terem desfeito ilusões com um "não há hipótese, ninguém desistiu" eis que recuam no veredicto e nos atiram um redentor "Estamos a contar com vocês". E nós tudo bem que queríamos mesmo, mesmo assistir à peça.

O que vos posso dizer é que espero que a reponham. Foram poucos dias e a assistência é limitada (30 / 40 lugares?). Alguém que apoie estes "miúdos" porque eles têm vocação e são mesmo muito bons no que fazem. Destaco o rapaz das botas vermelhas (o que se contorce logo ao início e se molha e se magoa verdadeiramente, tal é a entrega) uma promessa sem dúvida, uma vida a seguir, a querer ver crescer. Destaco-o porque a prestação dele é arrebatadora, mas reforço que são todos muito bons.

As palavras do Cesariny, a sua mágoa, a revolta, a resistência, a irreverência, o grito, as frustrações, as vontades, os triunfos e as derrotas, honrados de forma sublime neste tributo. Há-de se sentir feliz, onde quer que se encontre por se ver relembrado desta forma tão intensa, tão bela.

Saio deste tipo de espectáculos com a sensação que não preciso de muito para ser feliz. Gratidão por mais um momento pleno nesta vida.


* Inventados. Não me lembro dos nomes correctos ok?

Etiquetas: , ,


sexta-feira, 27 de março de 2009

 

Dia mundial do teatro

É hoje. Se tudo correr bem, quatro pessoas desistirão da peça que quero ver hoje e para a qual me encontro em lista de espera e poderei festejar este dia, assistindo a essa arte maior. Façam figuinhas. Obrigada.

Etiquetas:


 

A minha cabeça é um lugar (muito) estranho

Tenho hostes adversárias dentro dela. De um lado um coro de vozes: és pequena, simples demais, jamais haverá espaço para ti ó formiga. Do outro, o público que me incentiva na prova de atletismo: não pares, não desistas, continua a ser simplesmente quem és. Porquê a prova de atletismo? Perguntam vocês. Porque ontem, enquanto ouvia os grandes, os experientes, os sábios, enquanto os ouvia e me ia encolhendo na cadeira, encolhendo cá dentro, sentindo-me só, o JLP sai-se com esta: no atletismo, não se pode olhar para o lado porque se perde tempo. Não se pode desviar a mira da meta. E a minha meta é a minha morte. Por isso, enquanto viver correrei. Correrei sempre, ainda que tenha de abrandar, ainda que por diversas vezes me faltem as forças, ainda que perca o fôlego (recuperá-lo-ei), ainda que a dor de burro me tolha os movimentos (agarrar-me-ei à barriga obrigando-a a resistir), arrastar-me-ei se preciso for. Não desististirei de correr. Porque foi para isso que nasci, para correr nesta vida. E é por isso que sem outro remédio, correrei. Chegarei à minha morte extenuada. Aceito-o. Mas chegarei. Ainda que toda a vida formiga, serei formiga verdadeira, darei os passinhos pequeninos que são os meus e que ninguém poderá dar por mim. Não adianta chorar pelo que não sou. Não adianta olhar para o lado e perceber o quão insignificante sou, perante os grandes. Sou o que sou. E sê-lo-ei sempre, não o posso ignorar. Não o posso, de modo algum descurar, porque fazê-lo será perecer. Corro portanto, sem olhar para o lado. A minha vida uma pista de atletismo, na qual não irei desistir. Poderão tentar rasteirar-me (eu que não tenho jeito para confrontos), poderão gritar-me não consegues, tens perna curta e eu não sentirei as rasteiras, não ouvirei a chacota, correrei apenas, porque é isso que eu gosto mesmo de fazer. Correr.

Amanhã 20h30 apaguem as luzes. Eu apagarei as minhas. Bom fim de semana!

Etiquetas: , ,


quinta-feira, 26 de março de 2009

 

A rampa

Desceu a rampa. Cansada. Era o fim de um dia longo de trabalho. Absorta não se apercebeu logo quem a esperava. Alguém há muito ido. Estacou. Sorriu. Esqueceu-se de tudo, correu-lhe para os braços. A palavra perdão não fazia sentido, porque já não recordava a dor de outrora. Aninhou-se-lhe no peito e repetiu: Que saudades. Que saudades. Os braços acolheram-na como antes, protectores, quentes, firmes. E ela deixou-se estar, sentia-se tão cansada. Era bom esse conforto. Essa protecção. Depois estremeceu, sentiu uma mão a puxar-lhe o braço e ouviu ao longe uma voz anónima. Adormecera no comboio.

Etiquetas:


quarta-feira, 25 de março de 2009

 

É mesmo hoje.

POEMA EM LINHA RECTA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

E contra mim grito, tantas vezes sabichona, tantas vezes dona da verdade, tantas vezes simplesmente parva, ingénua, desconhecedora da complexidade da vida. Tantas vezes apregoando faria isto, faria aquilo. Tantas vezes a dar tiros nos pés sem o saber, ainda. Falem, teorizem os corajosos que há-de vir o dia em que a vida vos rasteira e ficam no chão, incrédulos, perdidos, sem saber como se hão-de levantar. E sabem o que vos digo? Cada um faz o melhor que pode. E nem sempre "o melhor" para nós é o melhor para o vizinho do lado. Por isso que cada um viva como souber, o melhor que souber, se puder. Ouvidos moucos aos que pensam saber tudo, aos que pensam saber deveras o que fariam, quando na verdade não o podem realmente saber, até que lhes aconteça. Perdão a todos, contra quem a minha voz em pensamento (ou não) ergui, porque no fundo só sei que nada sei, como o outro.



Etiquetas: ,


terça-feira, 24 de março de 2009

 

APONTAMENTOS

1) Pastoral portuguesa:
eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh Posto isto quero dizer ainda que eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eheh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh. Trata-se de um livro muito divertido, constituíndo um banho de imersão (não apenas um duche) de cultura geral e alguma cultura em particular. Com direito a índice onomástico e tudo, o qual li munida de lápis para sublinhar tudo o que não conheço e me suscitou interesse. Outras coisas sublinhei porque lhes achei uma piada monstra. Outras ainda porque tenho um tique nervoso. Este rapaz tem muita piada e fez-me rir até com os "posts" sobre futebol e atenção que eu não pesco muito (para não dizer, de chofre, nada) do assunto. Obrigada Vanessa por esta boa surpresa nos dois sentidos. A oferta e o conteúdo. Muito bom!

Nota: o rapaz ou é prodígio ou tem todo o tempo do mundo nas mãos. Ou ambos.

2) Casa Fernando Pessoa, a palavra aos poetas
Ouvi Álvaro de Campos dito por Carlos Paulo e Jorge Andrade ao som de guitarra portuguesa. Foi simplesmente mágico. Muito bom. Marcantes: Poema em linha recta e Aniversário. Num dia de pouca inspiração (noutro, que isto hoje também não está lá essas coisas) cá os colocarei.

3) No Teatro da Cornucópia: A TEMPESTADE.
A ver.
Alerta: 3h de espectáculo (as "nalgas", passo a expressão, ressentem-se um pouco) que vale MUITO a pena. Gostei. Não é daqueles que me fazem querer correr para o palco e dar-lhes beijinhos e apertá-los muito, mas ainda assim gostei bastante. O "nosso" Nuno Lopes brilhante, para não variar. Embora a personagem desse ali uns toques de "chato". Volta e meia quase ia jurar que ele ia sair-se com o "Esjcuta. Vai majé trabalhar."

4)
O grito: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

5)
É só isto. Obrigada.


P.S. Usei a expressão "muito bom" duas vezes. Muito bom é algo que gosto muito de dizer. Dizer muito bom é muito bom.

segunda-feira, 23 de março de 2009

 

HUGO:

"Irmão, amigo, palhaço, prostituta desta esquina que é a vida" não tenho palavras para exprimir o que sinto por ti e por isso me limito a citar terceiros que com muita graça, tudo disseram sobre o que nos define e une. No fundo irmãos. No fundo amigos. No fundo palhaços. Eu não sou puta. Tu não sei (nunca tive coragem de te perguntar directamente). Resolvi aparvalhar, por ser para ti. Porque tu sabes, tu sentes, tu és. Não valia a pena estar aqui a comover as pessoas com a grandiosidade da nossa bonita e longa amizade. Além disso, nesta freguesia, as emoções têm andado à flor da pele e as minhas glândulas lacrimais já me fizeram saber que ou paro com as choradeiras constantes ou entram em greve e passo a ter olhos frígidos. E eu, como sabes, sou demasiado nova para ter olhos ou outras partes a padecer de frigidez. Por outro lado não me dá jeito aumentar as visitas ao blog, desta feita, por causa de "entupimento de glândula lacrimal". Já é difícil gerir emoções com a quantidade de visitantes que me chegam por causa do outro entupimento (o salivar, caso estejas olvidado da questão. Repara bom amigo como usei um termo caro, quando poderia ter usado outro. Porém, para ti TUDO). Portanto, meu querido hugo, minha querida "porcazinha", no fundo (e se eu tenho um fundo onde meto tudo o que me é mais caro) o que eu te desejo neste e em todos os outros dias é O MELHOR! Que esta nossa amizade perdure, de pé, qual árvore milenar e continue a emanar raízes que permanecerão muito além da nossa morte. Defrontando tempestades, partilhando dias soalheiros. PARABÉNS amiGuinho, um grande bem haja e já sabes (não te esqueças) diz que vais da minha parte! E se por acaso te perguntarem incrédulos "Who the fuck is Andreia AM (aka dreia meia)?" não te apoquentes e não respondas, sorri apenas. Porque para mim basta que tu o saibas.

Etiquetas: ,


domingo, 22 de março de 2009

 

22

A ti amiga.

Deram um nome à dor

É um aperto no peito,
uma pressão que oprime,
são lágrimas que não secam,
uma tristeza que (por palavras)
não se exprime.
A isto chamam “saudade”,
deram um nome à dor!
Se eterna desespero,
quando é que fico melhor?
Quando irei eu sarar
desta chaga que a morte me abriu?
Levou-te de mim...
Mas o meu amor por ti?
Não conseguiu.

Andreia Azevedo Moreira, 2002

Etiquetas: , ,


sábado, 21 de março de 2009

 

O homem do acordeão (no semáforo)


O homem do acordeão (no semáforo) toca resignado. Olha os que por ele passam com o ar de quem já nada espera do que lhe coube em sorte. Este homem não pede, não se finge disforme. Não pretende piedade. Dá aos outros, os dos automóveis confortáveis, o que sabe fazer, esperando que alguém o entenda. Alguém que sinta empatia e lhe ouça a melodia pungente. Não pede. Dá. Trabalho como qualquer outro. Presta um serviço: o de musicar a vida dos que vegetam no trânsito, repetitivo quotidiano. Não estende a mão, não se finge incapaz, antes solta a sua melodia e aguarda resignado que alguém perceba a situação que ali se apresenta. Sei fazer isto. Aqui está. Decidam. Poucos o entendem. Vejo-o daqui (do autocarro). Trancam-se portas, sobem-se vidros, viram-se caras receosas. Ignora-se. Aqui, distante, vejo-o bem e angustio-me. A distância, não raras vezes, a revelar-me tudo mais nítido (apesar da miopia). Do autocarro posso afirmar convicta que o entendo e que o ouço. Se lá em baixo, tê-lo-ia visto? Tê-lo-ia ouvido? Ou um pensamento: lá vem mais um, enervado e intolerante. Uma janela que subi, a cara que virei, a porta que tranquei. Não sei. Eis que uma mulher o vê. Abre a janela, conversa com ele, esgaravata o cinzeiro em busca do que lhe possa dar. Sorri-lhe. Não é que ele se alegre ou se mostre efusivo, a resignação não deixa espaço para manifestações desse calibre. Alegro-me eu porque ela o viu. Sorrio também, daqui distante. Porque aquela porta não se trancou, a janela não subiu, a cara permaneceu direita a encará-lo, a vê-lo. Aquele coração que não se fechou. Outro dia, fotografias de rafeiros de Lisboa, penduradas numa parede. Alguém vira estes rafeiros, achou-os dignos de nota. Alguém os viu, não virou a cara. Alguém os imortalizou para que outros os vejam, para que outros saibam que eles andam por aí, olhar meigo. Não pedem esses cães. Não se fingem disformes ou incapazes. Dão o que têm para dar, se os deixarem. Olhar resignado com o que lhes cabe em sorte. Hoje é o dia em que me alegro, porque há pessoas que (ainda) vêem. Ainda bem.

“HAPPY GO LUCKY” o filme de ontem. Um alerta subtil. A mensagem disfarçada de muito riso. Não se enganem, um filme alerta. Filme bofetada. Espero que andem por aí muitas “Poppy”. Coração e mente abertos. Alegria de viver. Acreditar que é possível fazer pelo menos uma pessoa feliz. Coração que vê e ouve. Todo o filme me falou (me gritou), a cena porém que mais me tocou é aquela em que ela segue o lamento de uma voz. Um sítio escuro, assustador e ainda assim atender ao queixume, mais importante que o medo. Encontra um homem, aparentemente louco. Discurso desconexo. E mantém-se ao lado dele a ouvi-lo. Simplesmente ouvi-lo. Era tudo o que ele precisava. Que alguém o ouvisse. Que filme. Não percam. (Monumental).

Um lema que me falou a adoptar para a vida: “Não te fiques.” O dia-a-dia uma luta contra a banalidade e por vezes, na tentativa de realizar conquistas que são meramente pessoais, esqueço-me que não me devo ficar também noutros aspectos. Não me quero ficar nas injustiças. Não me quero ficar quando posso lutar. Não me quero ficar se puder fazer alguma coisa nem que seja, apenas, pela tal "uma pessoa". Não me fico. Por mim. Pelos que me rodeiam. O meu ridículo papel melhor que nada. Sacudo a inércia a partir de hoje. Não tenho plano. Acredito que se me irá revelando, desde que não vista o coração de egoísmo. Basta que ouça, que veja e queira estar atenta.

E hoje, depois de alguns dias em que a vida se me afigurou sem sentido (são dias em que me dá a travadinha), todos estes acontecimentos, aparentemente díspares, a encaixar-se e de novo o fôlego para não perder de vista o que (me) é realmente importante.

A propósito de hoje ser dia Mundial da Poesia:

DESPERTAR

É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

EUGÉNIO DE ANDRADE

Etiquetas: , , , ,


quinta-feira, 19 de março de 2009

 

Rua de Sol ao Rato

Fui até à Rua de Soló Rato, como dizia quando pequena. Porque me lembrei de lá ir? Porque devo 0,20€ à Lisboa gás. Na singer do n.º1 posso saldar essa dívida e há muito acalentava esta vontade: Subir a rua e no segundo pátio (Caetano de Carvalho) à esquerda, virar, entrar e recordar onde vivias avó. Ontem brinquei contigo. Intitulei-me Maximina, a propósito de um episódio que agora não vem ao caso. Hoje, no início da rua, olhei para a placa com a toponímia e subi com a saudade a morder-me o peito. Esse sítio onde a minha mãe foi profundamente infeliz, embora eu só o recorde com doçura. Cada pessoa um mundo. Cada vivência uma realidade. Entrei no pátio. Permanece como era. Ainda ontem entrava contente, para mais um dia passado contigo. (Foram poucos. Hoje sei porquê.) Há quanto tempo não te falo avó? Há uma vida. Seria criança ainda. Hoje mulher. Hoje a falar-te, percebendo que já passou tanto tempo desde que te foste. Desde aquele dia em que eu me retirava para trás da cadeira, na sala de aula (a da Professora Felisbela) e da mochila pendurada puxava um lenço de papel, com que me assoava discreta, aproveitando para rezar a Deus: Não a leves. Não a leves. Mas tu já tinhas partido, só eu não o sabia. Acharam por bem poupar-me. Pelo menos por aquele dia que eu pensasse, apenas, que haveria, apenas, a hipótese de morreres. Naquele momento de súplica acreditava que a "hipótese" não era, ainda, esta ausência irrefutável. Adiante. Entrei no teu pátio e recuei no tempo. Puseram uma cancela verde avó e já não se pode ir mesmo até onde os 5 moraram. Puseram uma cancela e eu apenas pude vislumbrar, ao fundo, as escadas íngremes que se subiam para a vossa casa de bonecas. Teria 10 metros quadrados? Que saudades desse tempo de menina. Na vida como no teu pátio, temos muitas vezes de instalar cancelas. Para nos protegermos dos ladrões que nos querem roubar a alma. É assim como que uma protecção. Instalei uma dentro de mim. E hoje, lembro-me especialmente dela, porque hoje é dia de carinho para a maioria das pessoas, mas para mim não. Para mim é apenas um dia. Um dia com uma cancela. Talvez não verde, cinzenta. Uma cancela que tenho fechada a cadeado e cuja chave deitei fora há algum tempo, para não sofrer tentações. Se eu não cuidar de mim... Ainda me é possível, no entanto, lançar um beijinho por cima da cancela. Aqui vai ele. Um beijinho por cima da cancela verde também para ti avó, onde quer que te encontres , a velar por mim.

Etiquetas: ,


quarta-feira, 18 de março de 2009

 

O meu triunfo (ou não)

Todos os dias deia se interrogava porque carga de água os senhores da estação de Alcântara colocam as escadas rolantes no sentido de movimento nulo (vá, passa uma pessoa se tanto). Todos os dias deia, bem comportada, embora inconformada com a situação de ovelha no rebanho, olhava para as escadas rolantes, rangendo os dentes descontente. Qual é a lógica? Qual é a lógica? (repetia a pergunta mentalmente à exaustão). Olhava para as escadas rolantes em sentido contrário, enquanto descia as escadas estáticas, devagar, por Toutatis demasiado devagar, chiça penico quase parada, prometendo-se: Qualquer dia desço em sentido contrário. Olá se não desço. Que não me chame Andreia AM se um destes dias não faço isso. Vão ver senhores da estação de Alcântara se um dia não rompo com a vossa convençãozinha, não ultrapasso os meus complexos e desço aquela escadinha qual ovelha tresmalhada! Todos os dias olhava tristemente para as escadas, estupidamente em sentido contrário, todos os dias reforçava a promessa. (Estão à espera do eis não é? Pois é, vocês já me conhecem...) Eis que HOJE, meus amigos, HOJE deia vislumbrou o autocarro do lado de lá da movimentada estrada. Macacos me mordam, Andreia AM é hoje! Rompe com as convenções, liberta-te dos espartilhos da sociedade e corre, apanha aquele autocarro (ou ficas 15 minutos à espera)! E deia saiu do rebanho. Com a música do anúncio old spice (Carmina burana) motivando-a mentalmente, Deia ultrapassou os seus complexos e desceu as escadas rolantes em sentido contrário (porra que é mais difícil do que pensei). Deia correu pelo subterrâneo como se disso dependesse a sua vida e... Deia perdeu o autocarro à mesma. (Está-se mesmo a ver o que aí vem neste tipo de textos que deia escreve não é? Vem um "ora") Ora deia chega à paragem antes de todos os outros, embora de nada tenha servido a ousadia. Passam todos por ela com um esgar de sorriso piedoso, um comentário mental "Deves ter a mania que és esperta" estampado no rosto e deia esconde a sua cara na "Pastoral Portuguesa" (livro que a tem divertido sobremaneira). O livrito é no entanto pequeno e passa um conhecido de Deia (aqui o TRIUNFO) que lhe lança um qualquer comentário brincalhão que ela não percebe por ter os auscultadores nos ouvidos (ainda não os caveira) e ao qual responde com um óbvio e desconsolado "Queria apanhar o autocarro, mas perdi-o. " É Maximina Azevedo Moreira quem vos fala a partir de hoje. Podem tratar-me por Maxi (que é tipo Paxi, versão velha cusca, em memória à minha querida avozinha).

ADENDA: Tenho visto o "meu" Afonso Trindade de Noronha. Apetece-me abraçá-lo e enchê-lo de beijinhos, qual avô reencontrado.

ADENDA 2 - Esclarecimento de eventuais interpretações erróneas ao que escrevi:
1) "Em memória" deia refere-se ao facto de utilizar o nome de sua avó.
2) A minha avó não era uma velha cusca, eu é que tenho uma dentro de mim. Obrigada.

Etiquetas: , , , ,


terça-feira, 17 de março de 2009

 

A ESCANDALEIRA

Andamos (não sei se andamos ainda, entretanto todos se silenciaram) neste sítio onde fui tão feliz, a construir uma história a várias mãos. Não é fácil. É muito difícil conjugar as diferentes ideias que surgem, nas imaginações díspares que nos caracterizam, num mesmo fio condutor. Mas tem sido (ou foi, caso tenha sido dado por concluído) desafiador e divertido. Mas, não é disso que vos quero falar. Quero falar-vos da escandaleira que escrevi nessa aventura. A caixinha de Pandora fora aberta (tal como o próprio admitiu) pelo meu querido LFB e eu, intrometida, quando li o que ele tinha escrito, comecei logo a juntar palavrinha a palavrinha, na minha cabecita, do texto que haveria de produzir. Corei, claro está de vergonha, porque o que se me afigurara ao pensamento era, de facto, forte. O que é que sucede? (Tenho saudades do RAP na TV sem ser na versão parva MEO) Sucede que à primeira reacção adversa ao que escrevera, me acagacei - esta é a verdade, acagacei-me - e só faltou pedir desculpa por existir. Quero agora, voltar atrás nessa minha atitude. Quero agora, perante pessoas que temo desiludir ou chocar, correr esse risco e dizer com todas as letras que não me envergonho do que escrevi. Pelo contrário, orgulho-me do texto. A escandaleira é uma boa escandaleira (ATENÇÃO: opinião altamente subjectiva). Essa é que é essa. Não me envergonho do que sou, ou do que escrevo e espero continuar assim enquanto viver. Deixo-vos então com este meu "filho":

A cadência da sua dança a inebriá-lo. Monta-o como quem lhe conhece o colo há uma vida.- Desde quando?Ela não responde e lambe-lhe os lábios. E brinca consigo explorando-o com a língua. Ele pouco resiste. Sempre se sentiu diferente. Sempre se viu monstruoso. Capaz de tudo. Mas disto não se recordava mesmo.Náusea. A música maldita que lhe regressara aos ouvidos. O deleite em simultâneo. Culpa. A incerteza insidiosa, agora, de um passado em que o inominável parece ter-se repetido até à exaustão. A forma como lhe conhece o corpo não é de agora. Percorre-o de forma certeira, como se, se satisfizesse a si própria.Os traços que recordava não eram, afinal, os de Anna? A última lembrança de Erika, era a dela criança ainda, pendurada no seu pescoço, numa qualquer despedida. Quando e em que circunstâncias se teriam reencontrado. Passar-se-ia isto desde então? E a culpa a fugir-lhe pelos poros, em cada beijo que recebia, em cada movimento sôfrego, no corpo da própria filha. Tudo se encaixava. Aquelas sessões ridículas no consultório de Vozone. Aquele escavar agressor da sua intimidade em busca disto. Delicioso. Pensa e ri-se com gosto. Talvez o quisessem chantagear para que entregasse o envelope. Desconcentra-se. Ela olha para ele de forma cúmplice e continua ritmada. Ele alterna entre a repulsa e o desejo. Não lhe parece que seja ele o carrasco. É ela quem comanda o que acontece. É ela quem brinca com ele, qual Lolita. Mas isto é pior. Isto é muito pior.

Sou pai dela.
– Vai repetindo mentalmente.

Ela como se lhe adivinhasse os pensamentos acelera, brinca com ele, quer vê-lo rendido, desnorteado.

- Diz-me onde está. – Sussurra-lhe ao ouvido, puxando-lhe os cabelos na nuca, enquanto endurece os movimentos. Pancadas secas na estante.

– Onde é que está o envelope paizinho?

Começa a trautear a música que o persegue há meses, ignorando-lhe o pedido e ela pára petrificada. Levanta-se de rompante, com os olhos marejados de lágrimas, deixando-o vulnerável e despropositadamente erecto, agora que não o acolhe. Abandona-o no escritório naqueles preparos, atirando-lhe um último olhar de desprezo. O olhar que ele lhe deveria ter merecido enquanto o fodia, afinal de contas, é seu pai.

E jamais um pai deveria sujar um filho desta maneira.

- Mas afinal que música é esta?

E acaba sozinho o que ela começara, com um sorriso estúpido de prazer no rosto, ainda alheio ao que o esperava.

(Imbecil.)

Etiquetas: ,


segunda-feira, 16 de março de 2009

 

Quem faz dois posts faz três

Há decisões dolorosas. Está a doer-me agora mesmo uma.
Tenho o coração apertado. Os pés também, mas isso é das botas (não está tempo para usar botas). Vai doer ainda uns tempos. Não os pés, o peito. Irra que mania esta de sentir.

Etiquetas:


 

DÚVIDA

a) Se para mim o facebook é o hi5 dos adultos.

b) Se sempre achei que o hi5 não servia para grande coisa.

c) Para que fui eu aderir ao facebook?

E já agora ao twitter? (a explicação é, neste caso, perfeitamente plausível , quero seguir atentamente todos os passos desse grande festival que é o MUSA).

São tal como o sitemeter "acicatadores" da velha cusca que há em mim e eu de momento, ainda não tenho tempo para a soltar.

Outros assuntos: Dia 11 de Julho além de Dave Matthews Band que lá me levariam sempre, tenho agora o grande Chris Cornell e Black Eyed Peas, tudo no mesmo dia. E eu tudo bem!

Tenho também "Trouble Andrew" (Quem eu?) e "Los campesinos" que não faço a mais pálida ideia quem sejam. Perdão a eventuais fãs, pela minha profunda e completamente assumida ignorância.

Etiquetas: , ,


 

E chegou o dia em que o homem, cuja rectidão sempre foi inquestionável, se sentiu perdido.

Vive-se.

O dia-a-dia vive-se.

Vive-se feliz.

Vive-se, sem o pensar. (Ao dia que passou.)

Até um dia.

Hoje, amanhã, um dia.

Um dia em que a própria vida nos interroga. Pergunta-nos insolente:

- É isso? (Assinto)

Pergunta-me insistente:

- É isto?

- Sim. (Assinto de novo) Eu sei que sim. (Porque perguntas?)

É isso. É isto. É o que desejo.

Com os seus senãos. Aceito. Ainda assim é tudo.

(Isto) Eu.

O meu pensamento, outra história.

Vida própria contida nele.

Vidas que não vivi (ou que não escolhi) sentidas por ele.

Mando-o calar:

- Cala-te!

Ele ignora-me brincalhão. Ocupa-se de melodias alheias às que escolhi.

Desinquieta-me matreiro.

E eu mando-o calar:

- Cala-te!

Ele enfrenta-me com gargalhadas desobedientes. Diz-me:

- Estou aqui.

E eu, já enervado e desorientado:

- Shiu.

Ele manso, dengoso, feito lobo vestido de lã:

- Não me consegues calar.

E eu:

- Vamos ver. Vamos ver.

Ri-se de novo, desdenhoso.

Aflijo-me:

- Meu Deus. Enlouqueceste?

Etiquetas: ,


sexta-feira, 13 de março de 2009

 

Fico tão feliz com isto:

Ouvi ainda agora na rádio esta notícia. Fico mesmo feliz. É uma grande história. E uma mulher que admiro.

Foi isto que senti quando li o livro.

(xi que abusava nos pontos de exclamação até mais não)

Parabéns Lídia.

Etiquetas:


 

DOUTOR TENHO UM PROBLEMA

Sinto vergonha a comer bananas em público.

Etiquetas:


quinta-feira, 12 de março de 2009

 

PARABÉNS RADIO COMERCIAL

A minha companhia todas as manhãs no comboio. São os grandes responsáveis por mais pessoas (além das que me conhecem) acharem que tenho um parafuso a menos, quando me rio, sem me conter (alto e bom som) para o vazio. Quem não repare nos "phonezitos" nas orelhas...

30!

PARABÉNS!


São uma grande equipa.

Etiquetas: ,


quarta-feira, 11 de março de 2009

 

CRÓNICA DA BIRRA

Quando uma criança cai posso ter duas atitudes:

a) Ah. Caíste. Coitadinho. Anda cá que eu dou um beijinho. cutchi cuthi cutchi.

(Esta desencadeará uma choradeira pegada, não sendo possível prever as proporções que eventualmente tomará, bem como a duração da dita choradeira.)

b) Ó. Caíste. eh eh eh. UPA! Não foi nada! UPA! Já passou. Vês?

(Que arrancará, por certo, um belo sorriso ao petiz e lhe ensinará, assim de mansinho, que na vida e especificamente no que respeita às quedas, mais vale encará-las com um sorriso e levantarmo-nos sozinhos, sacudir a sujidade do rabo com a mão, enquanto nos preparamos para outra.)

Ora, às vezes, nesta vida adulta que levo, não me apetece seguir o precioso ensinamento de b).

Apetece-me simplesmente ficar amuada no chão, de braços cruzados, numa choradeira pegada, à espera que me dêem colinho.

Às vezes canso-me de ser combativa, apetece-me pôr as orelhas de burro e virar-me para o canto, amuada, embirrenta.

De vez em quando apetece-me, apenas, dormir.

Recrimino-me então, porque sei (a maior parte do meu tempo sei) que isto de andar cá é muito bom e temos de tirar o melhor partido. De um momento para o outro (infelizmente também sei isto demasiadamente bem) puf, já fomos.

Não sei se serão as hormonas, as culpadas destas oscilações de humor. Sim porque neste momento também não me apetece arcar com a culpa desta birra, nem assumir responsabilidades (ou não se trataria de uma birra como deve ser. Em birra que é birra:) A culpa não é da menina. Hormonas. Tudo bem. Hormonas.

Às vezes guerreira. Às vezes cobarde.

Às vezes lutadora. Às vezes um "Oh deixem-me estar. Vou só aqui dormir um bocadinho."

Uns dias crente, outros derrotada.

E lembro-me de ti pai. Quando me dizias que eu devia escolher, para fazer da vida, uma coisa de que gostasse verdadeiramente. Seriam muitas horas dos meus dias. Seriam muitos dias dos meus anos. Muitos anos da minha vida, por sua vez. Na altura não (te) percebi. Na altura diziam-me para escolher e eu num cadernito, folheado de véspera, tirei três "ao calhas" e nenhum dos três dizia respeito ao que eu mais gosto de fazer. E hoje pai, percebo. Pesa muito pai. Pesa muito. A competência é-me arrancada. Ultrapassar obstáculos em algo que não ambiciono é difícil, porque a falta de vontade me coloca 50kg em cada perna e eu só peso 57kg. E então é difícil dar os passos necessários, quanto mais erguer as pernas num salto. E hoje, se me dizem que não presto, eu acredito, porque sei que não me esforço o que podia. E recrimino-me novamente, porque olho em volta e vejo como está o país e sei que tenho muito, um muito que tanta gente merecia. (Talvez mais do que eu, que não consigo apreciá-lo, não hoje. Hoje estou com a birra.)
É difícil ser resoluto e resistir às más línguas, às pequenezes quotidianas, quando não se acredita no que se faz.

Que pena pai não te ter dado ouvidos. Mas a verdade é que na altura eu não sabia, ainda.

Eu não sabia.

Ainda.

Ontem caí e disseram-me UPA!

Obrigada.

Obrigada também pai pelas coisas que me ensinaste (e foram muitas).

E se hoje estou com a birra?
Olha, como diria o meu amigo Pedro Santos: Pachacha

(que é paciência em americano.)

Etiquetas:


terça-feira, 10 de março de 2009

 

A teoria que durou apenas algumas horas

Afinal não é.

Está aqui a prova. Ele existe. http://bibliotecariodebabel.com/ficheiros/onde_esta_o_rogerio.jpg

Onde está o Wallério?

(calças roxas e gravata azul)

(Isto tudo porque ando a ler "Pastoral Portuguesa" com textos da autoria do dito-cujo postados no blog com o mesmo nome.)

Etiquetas:


 

Teoria

Acredito que o Rogério Casanova e o RAP são a mesma pessoa.

Etiquetas:


segunda-feira, 9 de março de 2009

 

Pontos de vista

É giro quando achamos (acho. Tenho a mania parva de falar no plural) que estamos (estou) a dizer uma grande coisa e uma crítica construtiva nos (me) vem (de)mo(n)strar que o que dissemos (disse), pode ser intepretado de outra forma (à qual até somos (sou) adversos(a)) e então pensamos (penso):

Sendo assim retiro o que disse (da forma que disse). Foi estupidez (a forma como o disse).

E como tal guardo para mim o que pensava ter dito e não disse (pelo menos, não como queria ter dito), por não o conseguir expressar convenientemente. (É mais isto)

E pronto, é maravilhoso isto de estar sempre a tempo de mudar, de pensar diferente e de reescrever a minha maneira(zinha) de ver a vida.

Etiquetas:


 

O LEITOR

Vi num jornal de referência, na parte das críticas (às quais raras vezes ligo, porque cedo percebi raramente estar em acordo com as ditas) que "O LEITOR" é aceitável. Ora para mim o leitor é muito mais que aceitável. É um filme 5 estrelas (à escala da minha singela existência). Este filme apaixonou-me do princípio ao fim. Que grande história. Deixou-me suspensa, com um monstruoso nó na garganta, enquanto se desenrolava. A frase me ocorre no que respeita à história de amor entre aqueles 2 é uma da Message in the bottle dos Police:

"Love can mend your life
but love can break your heart"

Ora o coração do Michael Berg partiu-se, ainda ele era menino e nunca mais se consertou. A troca que viveram os dois (ele e Hannah), a paixão e o amor em estado puro, determinaram-lhe para sempre a existência. Ele esforçou-se por retomar a vida, como ela se queria, "normalzinha", mas o que viveu aos 15 foi intenso demais para que qualquer outra relação, ou qualquer outra mulher, se pudessem algum dia equiparar. Pudessem algum dia preencher o vazio deixado por Hannah no dia em que fugiu.
A pureza deste amor na magnitude dos gestos:

1) A leitura carinhosa e empenhada

2) O sofrimento pela condenação embora a soubesse merecida (e apesar da cruel injustiça implícita). O respeito pela vergonha que ela sentia. O silêncio cúmplice (ao mesmo tempo compreensivo, desesperado e condenador).

3) As gravações feitas com dedicação e enviadas já depois de (saber) "tudo". Não remorso. Amor.

4) as flores no dia da saída da prisão, apesar de tudo. Apesar do sofrimento. Das vidas que correram apartadas e das omissões. Apesar do egoísmo dela.

5) o banho que lhe deu como que para o limpar da sua passagem pela sua vida (metáfora magnífica) embora essa marca fosse irremediável.

6) a aprendizagem tardia da leitura, não apenas por ela, mas por ele que não desistiu dela ou de a amar (ainda que à distância)

7) a escrita dela , primeiro tosca, melhorada a cada bilhete. Os (amorosos) recados. A ânsia pelo retorno agora que já conseguiria descodificar as palavras contidas.

8) a tentativa de amenizar o que ela havia feito, a procura pela absolvição da amada.

9) a revelação final e vital da sua existência. A prova de amor à filha, as explicações em falta todos esses anos. O vazio e a insatisfação eternos, enfim explicados.

Este foi um dos filmes que mais gostei de ver nos últimos tempos. Vale a pena ver. No fundo nada revelei aqui e para quem ainda não viu, tudo o que disse soará desconexo. Por isso o melhor que têm a fazer é ignorar-me e ir o quanto antes até a uma sala de cinema para o ver.

Outra questão se me levantou ao ver este filme. Este tipo de regimes faz-se de pessoas que se comportam como autómatos e se limitam a cumprir ordens. Posso ser simplória (não, não vivi aqueles tempos e não, não estou apta a julgar quem quer que seja, nem pretendo), mas ter 300 pessoas fechadas numa igreja em chamas e limitar-se a cumprir ordens, é coisa de autómato e não de pessoa com sentimentos e pensamento.
Em minha defesa tenho o caso de uma miúda de 18 anos em Israel que se recusa a perpetuar o conflito. Recusa-se a fazer parte do exército e por isso já esteve presa por diversas vezes. 18 anos. Luta por aquilo em que acredita. Faz o seu pequeno papel. Pode custar-lhe, um destes dias, a própria vida. Mas acredita. Sonha com um mundo melhor e assim o "mundo pula e avança". (Quero eu acreditar que é assim). Existem muitos outros exemplos de pessoas que não se conformam. Admiração por essas pessoas: muita. Toda.

Etiquetas: , ,


sexta-feira, 6 de março de 2009

 

PARABÉNS CUNHADO

E já agora um pensamento para a avó Coleta. Já não a conheci cá. Estava cá o corpo, mas a alma tinha partido há muito. Sei que foi uma grande mulher. Mulher coragem. Força. Pilar. Um beijinho desta "neta".

Etiquetas:


quinta-feira, 5 de março de 2009

 


http://www.youtube.com/watch?v=fGKVpTRe8GM

Etiquetas:


 

PENSAMENTO DO DIA (quando o kompensan já não ajuda)

Nem que me atole em merda (até ao pescoço), hei-de algum dia ligar para um dos números contidos nos 1657 autocolantes relativos a prestadores de serviços de desentupimentos que tenho colados à porta do prédio (e no tubo de escoamento de água, e nos que aparecem na caixa de correio e nos que me colocam no vidro do carro, etc, etc, etc).

E também não comprarei produtos que se encontrem contidos nos 999 folhetos de publicidade que recebo semanalmente (embora não saiba os que não devo comprar visto que encaminho os 999 do correio para a reciclagem, sem passar pelos meus olhos).

E não me apanharão, jamais, em reuniões para conhecer a luz, ou Jesus, ou o Senhor. Porque eu não preciso de panfletos, falo com Ele quando me apetece. Cunhas. Não têm, azar o vosso.

O mau feitio apoderou-se de mim. Se me virem na rua finjam que não viram - não darei por nada, sou míope - não vá eu morder e depois era uma carga de trabalhos. Ainda tinha de ir à procura de um panfleto com o n.º da linha saúde 24 e todos sabemos que essa não é uma estratégia segura para resolver um problema, além de que EU NÃO GOSTO DE PANFLETOS (excepto os que distribuo do MUSA, são MUITO LINDOS e MUITO ÚTEIS.)

(Olha, estou melhor. Já percebo os ressabiados profissionais. Dizer mal, alivia a azia.)

(Compreendo perfeitamente - até vos instigo a fazê-lo - se quando me virem, lá para o Verão, a distribuir os ditos flyers do MUSA, me derem com eles na mona.)

(Digo mais, vocês daqui, vão mas é para aqui que isto sim é realmente importante e digno de nota. Não estas parvoeiras que me dão de vez em quando.)

Etiquetas: ,


quarta-feira, 4 de março de 2009

 

2 a 3 apontamentos

1) PARABÉNS MOITA! Gosto tanto de ti "miúdo"! Já passámos tantos episódios juntos. Crescemos. És hoje um homem de família (Mais uma! Parabéns também por isso.) Respeitável (eh eh) e eu espero continuar a pôr-te os olhos em cima e a rir-me contigo com gosto, como é costume sempre que nos juntamos, por muitas décadas mais.

2) Guisado, tenho andado para registar isto aqui: OBRIGADA.
Talvez não te apercebas do quanto me sinto grata e reconhecida por apostares em mim. Sem qualquer garantia. Acreditas em mim. Passas-me coisas para as mãos, deixando-me não raras vezes enrascada (e corada para não variar), com mais confiança do que eu alguma vez tive em mim e dizes-me com fé: ÉS CAPAZ. Isso é tudo. És grande.

Já agora: também te acho capaz de tudo. Admiro profundamente o teu espírito aberto para quem os "impossíveis" não existem, nem te demovem (com palavras de desencorajamento, como já assisti).

3) PENSAMENTO DO DIA (de ontem): de cada vez que me rejeitam é-me dada a possibilidade de melhorar, de aprender mais. Isso é bom e positivo (talvez por isso me ria tanto nessas alturas, passada a choradeira inicial). Sendo assim, rejeitem-me que eu gosto.

Etiquetas: , ,


terça-feira, 3 de março de 2009

 

Eu vou

A questão que se impõe é:

COM QUEM?

Algum amigo que eu desconheça gostar disto e que não tenha ido ao Atlântico e agora queira ir?

Algum amigo que goste, tenha ido ao Atlântico, me tenha dito que agora não vai, mas entretanto mudou de ideias?

Aguardo resposta.

Etiquetas: ,


 

REPEAT

(Por vezes) O "repeat" não é uma alimentação saudável para os seus ouvidos.

Etiquetas:


 

O sitemeter deu-me cabo do ego

Andava eu tão contentinha que conseguia manter uma média de 40 leitores diários (um grande bem haja a todos pela paciência e um forte abraço também, que eu gosto de mimar quem me mima) e eis que, após instalar essa maravilhosa tecnologia (que mais não faz se não acicatar a "velha cusca" que há em nós. Em mim há com toda a certeza uma velha cusca), descubro que 10 desses leitores não gostam verdadeiramente de me ler.

Dez a quinze dos meus leitores sofrem isso sim:

a) de glândula salivar entupida: maleita que me atingiu há mais de um par de anos.

b) de falta de estudo e precisam encontrar as melhores técnicas para cábulas existentes no mercado.

Ora se, efectivamente de médica nada tenho. Podendo no entanto ajudar os que padecem desse mal com a receitazinha caseira: bochechar com água morna cheia de sal e esperar que passe. (A dor é horrível, eu sei companheiros, mas aguentem que dura "apenas" 2 a 3 dias)

Fui eu também efectivamente, quem inventou as melhores cábulas do mundo. Fui eu. Essa é que é essa. Perdoem-me a imodéstia. Mas é que são boas, mesmo boas e pessoalmente testadas, bem como comprovada a sua eficácia.

Receio ter um dia um mailzito do Mariano Gago* a dizer-me que vai arranjar maneira de me retirar o grau académico que consegui com (tão pouco) suor e (nenhum) afinco.

(Vá, estou a exagerar, vocês já me conhecem a natural tendência para a hipérbole. Tudo o que era cadeira que metesse ambiente, natureza e seres vivos, era realmente boa aluna, porque gostava. Isto foi mais aplicado às matemáticas, às estatísticas e às físicas e químicas desta vida, para as quais sempre fui durinha como um calhauzinho)

Em todo o caso se ele o fizer, encolho os ombros repetida e freneticamente e digo (depois de lhe deitar a língua de fora): não me importo, também não era este que eu queria. Foi um erro cometido em tenra idade. (relacionado com a mania que na altura ainda tinha, que havia de salvar o mundo e mais especificamente a natureza)


NOTA aos leitores que padecem de a) e de b) Continuem a voltar que são bem vindos. E rápidas melhoras!

Nota aos leitores que sobram: gosto tanto de vocês pá. OBRIGADA.

É aqui, aqui e por exemplo aqui que os que padecem de a) me encontram. A maioria do país irmão, mas também já os tive da Bélgica, do Portugal e desconhecidos. Pensava eu, na altura, ter tido um problema super original.

*Errata by Van, valha-me Deus que a Maria de Lourdes é de outro campeonato.

Etiquetas:


domingo, 1 de março de 2009

 

PEDRAS NEGRAS

Acabei agora de ler “Pedras negras”, o que é o mesmo que vos dizer que acabei de regressar dos Açores, em cima de um bote baleeiro. Tenho frio, sinto ainda o medo, a fome, a tristeza e o desconsolo daqueles homens. Sinto, principalmente, (todas) as perdas de Francisco Marroco. E foram tantas. Sinto também - eu que não gosto de admitir carregar em mim este tipo de sentimentos - uma raiva incomensurável pelos “outros” homens. Os que lhe fizeram a vida negra, por ser também a vida deles, uma vida repleta de escuridão. Porque no fundo não há culpados neste tipo de histórias. Há contexto(s), há desespero, há fome e ganância. Porque todos não passamos, ao fim e ao cabo, de bichos com instintos e talvez o maior e o que se sobrepõe a tudo o resto, seja o da SOBREVIVÊNCIA. E a sobrevivência é dificílima quando se vive rodeado de mar, o mar que ao mesmo tempo que amamos desesperadamente, pode ser (e é em muitos casos) o nosso pior inimigo. O mar que nos dá o pão para a boca e nos leva os seres amados. O mar que nos pode levar (mais) longe, em busca de uma melhor vida, ou nos encarcera numa ilha. Claustrofobia. O mar belo mas também impiedoso. E por tudo isto, o que à partida me poderia magoar, o relato da pesca às baleias – uma baleia pode demorar até oito horas a morrer desde que é atingida fatalmente. Sofre horrores, é uma carnificina indescritível e eu, desde pequena, sofro mais pelos animais do que pelas pessoas (talvez seja um defeito do meu carácter, não sei.) - é-me perfeitamente concebível.

(Marinho, alertaste-me, disseste-me que não ia gostar mas afirmo-te agora que o li, que compreendo embora sofra, pelas baleias que morrem de maneira cruel. Compreendo o povo. A necessidade. A tentativa de viver do que o mar lhes dá. Sei que era/é (um mal) absolutamente necessário. Sei que era a sobrevivência de todo um povo que estava em jogo).

A maldade e a mesquinhez humanas revoltam-me. Sei que existem e existirão sempre e ainda assim, sofro sempre de cada vez que o constato. Sanguessugas humanas em redor do homem que “deu o salto” (sair da ilha), interesseiros, palmadinhas nas costas ao “Americano” a nausearem-me e a vontade de lhes gritar, a estas personagens (pessoas que existiram com toda a certeza, sob outros nomes, com pormenores diferentes, mas das quais adivinhamos a essência no belíssimo relato de Dias de Melo) com mais de 40 anos de existência. “Parem com isso! Que nojo. Que vergonha!”

E o Francisco Marroco, um homem bom, um homem que sonhou e fez por concretizar, penou, lutou, desabou, reergueu-se e amou intensamente, a sua terra e os seus, a quem jamais esqueceu. Ganhou algum, embora pouco, muito pouco para os abutres que o aguardavam na ilha. Viveu o seu romance de menino e quis para os filhos o que não conseguiu para si. Foi derrotado pela pequenez dos homens e pela grandeza impiedosa da natureza que não se compadece, muitas vezes, dos homens bons, castigando-os como aos outros.

Um livro apaixonante que nos aproxima um pouco do que é ser ilhéu. Da angústia entre o amor que se tem à terra mãe e a vontade de partir na mira de um futuro menos penoso.

She blows!

Um abraço Francisco Marroco, João Peixe-Rei (que te perdeste logo ao início), outro a ti Dias de Melo pela dádiva que este livro constitui.

Marinho: OBRIGADA. (Mais do que pelo livro, pela dedicatória.)

Etiquetas: ,


 

Um granda beijinho aqui que o outro (real) seguiu no tempo certo

A todos a quem não dediquei a mensagem costumeira de PARABÉNS aqui no blog, saibam (e sei que sabem) que não me esqueci, mas por uma razão ou outra (que agora já me escapam à lembrança) não coloquei o post que mereciam.

Ora aqui vai o "granda beijinho" virtual:

- Marta Carneiro (8 de Janeiro)
- Prima Paula (22 de Janeiro)
- Anastácio (31 de Janeiro)
- Tucha (10 de Fevereiro)
- Raqué (15 de Fevereiro)
- Nuno Elias (17 de Fevereiro) - fico tão feliz com a tua entrada nas "nossas" vidas :)
- Gonçalo (24 de Fevereiro) - meu querido priminho. Gosto tanto de vocês piratinhas!

Etiquetas: ,


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Website Counter
Free Counter