sexta-feira, 30 de outubro de 2009

 

Olha aí:

http://blogdelacoesdoego.wordpress.com/2009/10/20/%c2%a9ampus%c2%a9artoons-exposicao-individual/

Em podendo, é ir minha gente apoiar este artista. Um bem-haja sim?

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

 

Ó FAXAVÔRI:

Check this & this out, please.

Muito agradecida e quê.

(Talvez não sejais jovens de Cascais. Porém se me curtirdes, fazeis o favor de me lerdes só naquela de me auxiliardes. - Prometo que não agito a latinha com moedas num ritmo enlouquecedor.)

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SAPATOS

São os sapatos que nos privam de liberdade.

O percurso que faço não é meu, mas dos sapatos que calço. São esses que me afligem e não me permitem esquecer o pudor que sinto se me mostro descalça aos outros. (Pés nus: Alma desabrigada?). Os sapatos? Protegem-me de ferimentos, é certo. Não permitem porém, que sinta o caminho.

De manhã ao acordar, ainda não pousei os pés no chão e já busco, no escuro, os chinelos. Inicio o dia 1 cm acima do que devia.

E quanto maior o salto, mais longe do meu caminho.

Será algum dia o meu trilho (o) verdadeiro?

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

 

Que saudades "puto". Eras danadinho para a brincadeira.

E tão lindo que me chegava a doer (uma dor boa a) olhar para ti.


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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

 

Gestos

É engraçado como certos gestos, perfeitamente insignificantes, nos conferem uma falsa sensação de segurança, perante os outros que tememos juízes. Esses nem reparam no movimento protector que diligentemente executámos e continuam a ignorar-nos como antes.

Destino risível este de nos acharmos relevantes.

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domingo, 25 de outubro de 2009

 

Ver os outros.

Talvez aqueles que testemunhamos a dormir nas ruas sejam pessoas a quem muito antes de ter faltado o tecto, já haviam falhado os abrigos da alma.

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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

 

Eu sei...

Que o Lobo Antunes isto e aquilo.

Que o Lobo Antunes arranjou meia dúzia de frases belíssimas que repete exaustivamente. (E de cada vez que o faz eu gosto.)

Que o Lobo Antunes recorre em demasia às citações. (Ou pelo menos assim se me afigura.)

Que o Lobo Antunes se acha o maior e depois diz que não, que está só a começar. Que nada sabe da escrita.

...isso tudo.
Sei destes (aos olhos dos outros) defeitos e apesar dos apesares adoro-o arrebatadamente.

Adoro o António Lobo Antunes. (Estou a gritar-vos isto. Vocês não vêem mas creiam que estou.) E só não digo que o amo porque para isso teria de saber mais da pessoa. Não se ama assim alguém por dá cá aquela palha. (Qual palha perguntam vocês. E eu respondo: Eu cá não sei, que não fui eu que inventei e não sou culta para saber quem de direito, ou se é um dito popular anónimo).

O raio do homem encanta-me pá. Ele entra na sala e enche-se-me o peito.
Ó António filho não sei se já chegaste ao coração da vida, ou ao coração dentro do coração, mas ao coração da Deia sim. És lindo. (E quando digo "lindo" não me refiro ao físico, embora tenhas aí um quêzito agradável, mas sim ao personagem que criaste para nós.) Fazes-me rir e sabes que eu gosto disso num homem. Num escritor então. Ui.

(Depois te porei a par do que penso deste "Que cavalos são estes que fazem sombra no mar?" Mas António, avanço já que começa mal, se mete corridas de touros e quê.)

E perguntam vocês: E livros deia? Isso é tudo muito bonito mas que livros leste dele?

E eu que nada vos escondo vos digo, sem qualquer pudor, que só li o "Ontem não te vi em Babilónia" e tenho ali na estante o supra-supracitado e o "Os Cus de Judas." E ainda não os li apenas porque este meu adorado tem mau feitio e ainda ando a digerir o primeiro do parágrafo presente. Ok?

Vá então.

Post scriptum

a) Ah é verdade. Obrigada pela frase do Einstein: "Deves fazer as coisas o mais simplesmente possível, mas não mais simplesmente que isso." Grande frase. Gosto.

b) Não me venhas com resmunguices que nada sei sobre ti para te admirar, e que o que te interessa é que eu leia os livros e as palavras e o silêncio no entremeio dessas, que ainda há bocadinho te ouvi dizer que admiras o Tony Carreira sem nunca lhe ter ouvido uma canção. (Já te li um livro.)

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JP

Procuro motivos para não te esquecer, que não são necessários porque me lembro de ti.
Quase todos os dias me lembro de ti. Não todos. Porém, quase.
O que é que fazes aí?
Que dizes?
Não te ouço.
Falas desconexo e eu não te entendo.
Volta para aqui. Deixa-te de merdas.
Ficou tudo por fazer aqui. Ouves?
TUDO POR FAZER.
O que é que te deu para ires assim?
Que descuido foi esse? Que fatalidade?
Que segundo terrível foi esse, em que os que te amavam te perderam irremediavelmente e tu a eles?
Isso não tem dois sentidos?
Se tem deixa-te disso e volta pá.
OUVES?
Nós ainda te ouvimos o riso e a voz. Os passos pesados de homem grande por fora, principalmente por dentro. Não te vemos.
E temos muitas saudades de o poder fazer. Seria bom poder abraçar-te. Hoje é certo que o faria. Embora não me recorde de alguma vez o ter feito.

Não abraçamos mais os outros porque nunca acreditamos que a vez presente pode ser a última.

Hoje, se me abrisses de novo o portão verde...

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

 

Um exercício

Este já conhecia do outro. If you know what I mean.

Então... Com as 4 palavras que se seguem, escrever um texto que as inclua de alguma forma. A saber: carochinha; cartucho; confissão e cotonetes.

Querem saber o que fiz? Querem? Querem? Mesmo que não queiram têm noção que é uma questão de 38 caracteres até que eu o faça 'né? Pois.

Lucas Moreno sofria de esquizofrenia. Nunca acreditara nos médicos que lha diagnosticaram em tenra idade.

Na idade adulta, no tempo em que ainda se dava ao trabalho de consultar outrem, meneava a cabeça revelando o seu desprezo pelos profissionais e não saía das consultas sem lhes atirar um olhar gélido, enquanto proferia invariavelmente as mesmas palavras:

"Isso são histórias da carochinha!"

Em casa, quando só - Lucas Moreno viveu toda a vida com a sua mãe, Hermínia Moreno. - ao invés de limpar os ouvidos com cotonetes, utilizava-as para empurrar a cera e deixar de ouvir as vozes que o acompanhavam. Tarefa inglória. Eram presença constante no seu quotidiano.

Incomodavam-no os recados inexplicados embora não o tornassem infeliz.

Certo dia uma das vozes ordenou-lhe que pegasse na caixa de cartuchos que se encontrava na gaveta de uma cómoda no corredor e que com esses carregasse a arma que a mãe guardava por cima do roupeiro do seu quarto, acreditando que Lucas Moreno jamais a vira.

A voz sussurrou-lhe que aguardasse, ao que ele obedeceu sentando-se à mesa da cozinha. A mão esquerda com a arma, pousada no colo e a direita apoiando o queixo.

Hermínia Moreno entra em casa e dirige-se à divisão da casa onde passa a maior parte do seu tempo.

Lucas Moreno descarrega a arma e em tom de confissão vai repetindo à mãe, enquanto a cara se molha de lágrimas:

"Gosto muito de si."

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sábado, 17 de outubro de 2009

 

Parabéns minha boa amiga Carla Nogueira (Mckenzie)

Um dia "daqueles" para ti. Gosto desmesuradamente de ti. Parabéns!

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ESCRITA CRIATIVA na TRAMA

É verdade fiz mais um. Começo a ter um vislumbre do que é ser-se agarrado a qualquer coisa. Sou agarrada a isto dos workshops de escrita. Tive a primeira grande pedrada o ano passado, durou cerca de dois meses (Set.08-Nov.09) e pensei que tinha parado por ali. Falso. Quero mais. Veio o seminário de ficção com o FHF e como não há duas sem três, atirei-me a um mini (só naquela de dar um cheirinho) atelier de escrita criativa, neste espaço que eu adoro, com esta formadora com ar de menina que muito me ensinou: RAQUEL OCHOA. Um doce de pessoa e além disso uma excelente formadora. Certeira, sensível, perspicaz ou não passasse grande parte do seu tempo em viagem a v(iv)er os outros. O que é que este atelier te trouxe de novo? interrogam-se vocês por certo. A crítica objectiva de que tanto necessito. A orientação. O "isto sim", "isto nem pensar. Deixa-te disso." Os ponto fortes e sobretudo os pontos fracos. Onde preciso estar atenta. O que tenho mesmo de corrigir. Enfim um salto libertador para fora do meu mundinho, onde nem sempre me consigo abstrair do inato egocentrismo de filha única e um indício de possibilidade de evolução. Agora depende de mim, do meu esforço, da minha força de vontade, do meu nunca desistir e querer sempre aprender mais. E eu quero. Muito. E "Querer muito é poder."

Fica o TPC corrigido depois da crítica construtiva que lhe foi dirigida. Não sei se fui bem sucedida na correcção. Sei que dei o meu melhor.

Umberto Eco: “À primeira vista não passava de um ser que juntara o seu corpo humano a uma cabeça equina, com cauda de sereia e escamas de serpente.”

Exercício: O que aconteceu a este homem para se transformar nesta criatura?

VESTIR OUTRAS PELES

Aquele homem era mais do que uma simples aberração. Era o brinquedo de um deus sardónico que o conjugara assim. Corpo de homem, cabeça de cavalo, cauda de sereia, escamas de serpente, para puro entretenimento. Egoísmo de uma divindade obscura. Não se importara sequer em desprovê-lo de inteligência. O sofrimento seria menor, desse-se o caso da mente ser de peixe. (E ainda assim não podemos saber.) Não. Dera-lhe o cérebro de um mamífero inteligente: bravo porém dócil, subjugado por benigno feitio mais do que por incapacidade de se rebelar interiormente. Tinha ideias de liberdade aquele pensamento de cavalo. Recordava as vidas em que fora cavalo inteiro e corria veloz por planícies imensas. Tempo em que as quatro patas não haviam sido trocadas por uma cauda de sereia. Não assumamos que apenas a cabeça tinha a faculdade de entender o crasso erro cometido na criação.

Também o peito humano se oprimia, acusando o desacerto. Recordava amores antigos e outros nobres sentimentos da pessoa de outrora, irremediavelmente perdidos - embora recordados pela irrefreável e perene angústia - porque inadaptados à mescla que era hoje. A cauda de sereia constituía a materialização suprema da ironia divina. A cauda de um inefável ente feminino como único meio promotor de movimento ao viril, embora agrilhoado, ser masculino. Que género atribuir a tão confusa criatura? Considerando apenas a morfologia do sexo dir-se-ia feminino, pois se a sereia é tida como mulher sedutora, ainda que aberrante. Mas se a metade que define o sexo é peixe e se peixes há hermafroditas, em que ficamos? Ficamos confusos. Imagine-se o desventurado ser. Cada parte de si uma vontade e díspar das restantes. Sofrimento atroz.

Apenas as escamas cumpriam o seu papel protector do todo, e se sentiam (se é que uma escama pode sentir), de certa forma, satisfeitas com a própria existência.

A criatura não se sentia bem na sua pele, que vestira por castigo do criador e não por vocação. Pelo contrário, a epiderme cumpria solitária e impassível a função para que fora criada, sem se apiedar das outras partes que tinham de ser o que não (se) sentiam e as quais, paradoxalmente, defendia.

Andreia Azevedo Moreira
11 de Outubro de 2009.

P.S. Atentem na nova etiqueta: FORMADORES ESPECTACULARES. Tem efeitos retroactivos portanto o meu grande bem haja para cada um (modo aleatório): Raquel Ochoa, Luís Filipe Borges, Filipe Homem Fonseca, Susana Romana e Nuno Costa Santos. (Diz que gostei de todos os que conheci até aqui. Cada um especial à sua maneira e cada um, o respectivo contributo para que eu seja melhor.)

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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

 

Não. Não nos esquecemos. (Não é possível.)

Parabéns onde quer que te encontres.

O tempo parou para ti?

Para nós não.

Que fazer do dia de hoje?

Continuamos por cá e ainda nos lembramos que era hoje que fazias anos.

E lembraremos sempre. É isso não é?

Um abraço apertado.

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

 

15/10/1946

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

 

APELO

Preciso de alguém, um crítico, que se disponha a ler o que faço e a apontar-me os erros sem piedade. Pessoa habilitada que também veja em mim o que sinto e que acredite como eu (ainda mais). Necessito de quem não se importe de me magoar, de me deixar cilindrada, em prol do meu crescimento, da minha aprendizagem. Sobretudo que o faça por puro altruísmo (não posso pagar). Professor (isento, honesto e com tempo para esta jornada) onde te posso encontrar?

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

 

AGENDAZINHA CULTURAL DE DEIA

Deia andava pelas ruas da amargura, ocupando a mente com coisas irremediáveis porque há demasiado tempo não dedicava o dito aos programinhas que mais alto a elevam (depois das óbvias, claro está): o teatro e o cinema.

Um dia da semana passada (que agora me escapa): Inglorious bastards. Há ali muita cena a levar-me à náusea. Então quando o gajo mete o dedo na ferida. Ui. Pensei: É agora deia que te gremitas toda. Grande filme. A não perder (Aplicar esta etiqueta a tudo o que disser de ora em diante, neste post).

6ªF: Seis personagens à procura de autor. Texto sublime, já o tinha dito. Que maravilha. Que enlevo.

Sábado: Ifigénia na Táurida. Confesso que não seria peça que pelo título me chamaria. Confesso que não é o tipo de teatro de que mais gosto. No entanto, adorei. Às vezes estamos mais alerta para o que nos dizem as palavras antigas. Cada frase um precioso ensinamento. Há muito que se clamam as mesmas sabedorias, o Homem é que, apesar de tão inteligente, as vai esquecendo ou reprimindo, para não se confrontar consigo e com o que seria em si intuitivo.

Sábado depois da Ifigénia: O Bairro Alto. Comentário: sou uma inadaptada. Qualquer que seja o cenário nocturno sinto-me fora. E eu que gosto tanto de dançar. Também gosto de beber. E gosto de passear de noite. E no entanto não me enquadro. Nem ali, nem noutros lados. WTF?! Serei a personificação do Calimero por deus?

A Leitura: "O velho que lia romances de amor." Como todos os escritores da América do Sul por quem já passeei o meu entendimento, um escritor da alma. (Ou seja, escreve com e sobre...) Ainda vou a meio. Um singelo livro pejado de beleza e sentimento.

E é isto meus amigo. É isto. Estava sedenta de cinema e de teatro, a silly season teimava em não me deixar, mas desta é que foi.

Vão ao teatro. Vão ao cinema. Leiam livros. Aproveitem os dias de sol. E amem.
Por falar nisso lembrei-me disto que não passa de uma ideiazinha: O amor que nos salva não é aquele que nutrimos por uma só pessoa. (Esse é, não raras vezes, egoísta.) Sendo assim amem o próximo. (E agora dizia-se Graças a Deus. Mas não ando virada para a igreja ou seus dizeres, tipo há uma data de anos.) Fiquem-se só com o "amem o próximo" que já é bom.

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sábado, 10 de outubro de 2009

 

Momento

É no momento (neste) em que duvido de mim, das minhas acções, que percebo quão ignara e ingénua é a minha fé desmesurada em ti, nas tuas acções (nos outros). É então que a perco (à fé de sempre) e me obrigo a aceitar (é uma luta que travo) que a vida não é o cenário bonitinho que quero à força erguer. É o que é. Passamos a vida a brincar às encenações incapazes de pôr cá fora, o que se passa dentro. A verdade. A verdade? Não é unívoca. Não é. (Eu é que pensei demasiado tempo que era. Onde andei eu este tempo todo? Por onde ando eu, quando os outros me vêem?) "As pessoas não aguentam a verdade." Ouvi algures e é certo que não. Não se aguenta. Talvez não passemos de personagens à procura de autor. À procura de alguém que nos escreva, mais simples, mais verdadeiros, mais iguais ao que somos interiormente. Alguém que nos apague a pusilanimidade da alma e nos faça viver a (nossa) verdade. Independentemente das toneladas de regras (barreiras, recriminações, preceitos...) com que nos submergiram desde o nascimento.

Ontem aplaudi de pé ESTA PEÇA.

Que me perdoem os actores mas não era a eles que dirigia o meu entusiasmo. Era ao texto e ao autor (Luigi Pirandello). Quantas palavras me ficariam fosse melhor a minha memória. Sublime.

O autor morre, as personagens permanecem indeléveis, verdadeiras, únicas.

P.S. "Ninguém consegue atar um trovão e ninguém consegue apropriar-se dos céus do outro no momento do abandono." Luis Sepúlveda em "O velho que lia romances de amor. "

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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

 

#3 Lá está, não há dois posts sem três.

DIVULGAÇÃO:

1) Coração português. Vocês vão apaixonar-se por isto. É moderno e é nosso. VÁ ENTÃO! (Isto para o caso de não ligarem puto à minha barrinha dos links. Que isto já lá mora há muito tempo...)

2) MENINAS: Visitem este cantinho. Vá, vão ficar mais bonitas e quê.

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#2 Como é que é deia?

- Deia o que é que tu fazes quando te apetece desistir, dizer que já chega, que afinal te enganaste, que não estás para isto, que é muito difícil, que estás cansada, que isto te deixa de rastos? (deia vestida de general gritando a deia na cara.)

(deia a fazer continência.)

- Continuo senhora! Continuo sempre. Faço mais. Às vezes melhor. Às vezes uma cagada. Mas continuo senhora! Continuo!

- Como? (deia aos berros para deia salpicando-lhe a cara, ao que deia se mostra um 'quêzito enojada.)

- Continuo senhora!

- Até quando deia? (deia aumentando o volume dos berros.)

- Até ao último inspirar senhora!

- Muito bem deia. Era só isso que lhe queria ouvir. Hoje, houve um momento em que me assustou. E eu não quero viver com medo.

P.S. Nuno, quando deste sinal estava a escrever o texto anterior. Era em si um acto de não desistência. (Apesar da cagada...eh eh) As tuas palavras hoje caíram literalmente do céu. Obrigada a ti, obrigada ao céu. Acasos? Quais acasos caraças? Um granda beijinho para ti meu amigo. Que algum dia eu possa retribuir o que hoje fizeste por mim.



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#1 Não era cego mas tinha um cão guia.


Ele era um tipo normal. Mediano em tudo. Sabia disso e a sua auto-estima não lucrava com semelhante lucidez. Não é que se depreciasse. Não. Gostava de si, apesar da banalidade. Ela também gostava dele. Passava todas as manhãs à frente da sua casa antes de ir correr para a marginal e às vezes sorria-lhe, depois de dar uma festa no cão – o Pescas. Luís chamara Pescas ao cão porque o resgatara na margem de um rio, num dia de pescaria. O cachorro estava prestes a afogar-se quando ele o salvou do fatídico destino que alguém lhe traçara. Sofia há muito que se encantara pela figura deste homem solitário, mas ainda gostava mais do cão. O único entre os dois que lhe devotava alguma atenção. De cada vez que se encontravam o bicho ficava frenético. Abanava-se enlouquecido de alegria e corria em círculos à volta de Sofia. Só não se empoleirava na transeunte porque as três semanas de aulas de etiqueta canina o haviam treinado a coibir-se desses impulsos. Luís alheio à felicidade do seu canídeo resmungava um bom dia sem se dignar a encará-la. Ela já não ligava, as manifestações amorosas do Pescas eram o bastante. Pode dizer-se até que começavam a sobrepor-se a qualquer vontade que já tivesse tido de conversar um pouco mais com Luís. Cansava-a aquela completa falta de interesse do companheiro de Pescas... “Quem não dá uma oportunidade é porque também não a merece.” Vaticinava para se consolar. É de notar que Sofia sabia o nome do cão, mas desconhecia o nome do taciturno rapaz. E os dias sucediam-se. Dias iguais para um e para o outro. Talvez Sofia fosse menos amargurada, se é que se podem medir as amarguras das pessoas.

Luís não se envolvia. Sonhava com uma mulher, sua colega. Uma pessoa que não lhe retribuía o sentimento mas que o usava por diversão. Ele sabia o que ela fazia dele, permitindo-o. Enredado numa paixão avassaladora.

Sofia vivia simplesmente. Não era dada a grandes reflexões. Vivia, era tudo. Gostava de correr na marginal, do Pescas, do pão quente pela manhã, que comia com doce de tomate feito pela avó de noventa e nove anos, ainda viva e sã, e gostava muito de respirar fundo enquanto olhava o céu e esticava os braços, como quem quer abraçar as nuvens. Tinha algumas amizades, gostava do seu trabalho, sentia-se bem consigo.

Luís só tinha aquela paixão. Era nisso que acreditava. Que só tinha aquela paixão. Que fazer da vida quando a paixão se consumisse? Sentia-se profundamente só. Ironicamente era o cão que o impedia de se matar. Salvara o Pescas e actualmente era o Pescas que o salvava. A vida a escrever-se escorreita. Qual acaso? Não existem acasos.

À noite, em casa, dançava amiúde a dança da solidão, que é como quem diz masturbava-se, enquanto pensava na outra.

De dia, na rua, ignorava Sofia.

Sofia ia-lhe estudando o modo de ser.

Começou pelo visível: os olhos tristes mas expressivos; a boca contida; o sorriso tímido com alguma notícia lida no jornal do dia – todos os dias comprado. - o cabelo revolto, encaracolando junto ao pescoço; os ombros caídos; as mãos de unhas roídas; a roupa escura. O andar desajeitado; a voz apagada; o apelo meigo ao cão. O sorriso nervoso com algum atropelo do Pescas. O ar de abandono. A lentidão nos gestos. A desistência tácita. A desmesurada calma. A derrota. Vontade de o consolar. De o amar, até.

Queria dizer-lhe que ele estava enganado com a vida e não sabia como. Pois se tão pouco a olhara algum dia.

E o ritual do cão repetia-se.
E a cegueira de Luís subsistia.

Sofia ria-se muito e perdoava a indelicadeza ao rapaz.

Andreia Azevedo Moreira
8 de Outubro de 2009

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FOSGASSE PÁ OUTRA MULHER!!!!!!!!!!!

Nada sei sobre a senhora. Sei que é uma senhora. Sou elementar e alegro-me simplesmente porque de novo uma MULHER ganha o Nobel da Literatura. PAM.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

 

Buddy

Hoje farias 16 anos. Acreditava convictamente que por esta altura ainda te teria comigo. Não me enganei assim tão redondamente. Tenho-te ainda e ter-te-ei sempre, em mim, enquanto viver, só não te posso tocar (Este "só" é doloroso. Sobrevive-se.). Amo-te muito minha foquinha. Amar-te-ei sempre. Foste o amor mais puro que já vivi. Engraçado que nunca mo disseste e eu sempre soube o quanto me amavas. Até já. Se isto tiver alguma graça ainda nos vemos por aí meu preto.

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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

 

Bastava que ela acreditasse.

Ela apaixonou-se perdidamente, sem saber como, por uma ideia. Mas atenção que a ideia não se apaixonou por si. Tanto lhe fez. Deixou crescer a paixão e consumou-a. Chegou o dia em que ela deixou que a ideia a possuísse, sentiu-a penetrá-la e ávida acolheu-a e seguiu ritmada (n)o devaneio. A ideia era uma ideia como tantas outras que se formulam no decorrer do pensamento. Era, porém, uma ideia muito forte e dominadora. Agarrou-a por trás, pelos cabelos e sussurrou-lhe assertiva: QUIETA. Ela não temeu a voz. Passa a vida a ouvi-las, às vozes que lhe vão dizendo coisas sobre o que lhe acontece. Esta dizia-lhe: QUIETA. E ela sem vontade de obedecer, apetecia-lhe virar-se para abraçá-la. Era sobretudo a vontade desse abraço que a asfixiava, que a queimava por dentro. Quase que o sentia. (Ao abraço.) Uns preferem os beijos. Ela preferia sentir os pescoços quentes entrelaçados. Esquecia-se por momentos que a ideia não estava ali, de facto. Era ela quem a queria ali, quem a imaginava perto, mas a ideia não era dela e jamais seria. (Ela não vislumbrava como havia de fazer para a ter. O que podia fazer para a conquistar. Sentia-se inepta.) Também não estava certa de querer a ideia, se essa fosse real e verdadeiramente alcançável. (A urgência daquele desejo era tudo. Movia-a.) Considerou, então, ser possível combater a ideia com palavras, como sempre fizera com o resto. Dizia: “Hei-de escrever tanto sobre ti que te esgotarei em frases intermináveis e redundantes. Cansar-me-ei de tanto te falar. Até que sobre só o silêncio. A ausência de ti. A não ideia.” E a ideia ria-se e ridicularizava-a deixando-a prostrada pelos sintomas febris de mulher obcecada. Da cópula com a ideia foi gerado um ser. (Talvez outra ideia. Não se sabe.) Um ser que ela amava já muito e desesperadamente, qual progenitora ciosa da sua cria. Era ainda um feto mas ao invés de lhe fazer crescer a barriga começou a crescer(-lhe) em direcção inconcebível. Uma intensa força interna, opressora como uma jibóia a sufocar a sua presa. Todos os dias o feto crescia mais um pouco. Ela acarinhava a barriga, embora esta não crescesse como era suposto. E o feto, com as suas mãozinhas de feto, agarrava-se aos órgãos, às artérias e empurrava com os pezitos as vísceras para trepar até onde queria. Ao coração. Ela não se sentia bem, obviamente. Atribuía o mau estar à gravidez, sem saber, ainda, que a paixão por tal ideia a havia condenado. Cresceria tanto esse feto, gerado dessa paixão insana que acabaria por transformar-se nela própria. Nessa altura ela ainda não sabia disso. Sabia apenas que daria à luz aquele filho, porque era o que lhe restava da ideia. A ideia viera, fizera amor consigo e partira leviana e insensível aos estragos que deixara para trás. A gestação decorreu e aos nove meses não houve parto. Os médicos não lhe encontraram mal diagnosticável pelos procedimentos normais. Também não existia o feto que ela gritava carregar em si. “Salvem-no!” ordenava-lhes. E os médicos disseram-lhe que nada havia a fazer, que era tudo inventado. Que estava louca. “Trata-se de uma gravidez histérica.” Tentaram dizer-lho. Virou-lhes as costas altiva. Não se importou que mais ninguém além dela o testemunhasse. Quando se tem uma certeza assim, não são necessárias testemunhas. E ela toda a vida acreditou mais no que não via, do que nas ciências exactas. Fê-lo nascer sozinha, criou-o - ao fruto desse grande amor - determinada e todos os dias lhe ensinou que a vida é sempre um não desistir.

Andreia Azevedo Moreira
2 de Outubro de 2009


Pensando em: EO, OL, DQ, LJ, C e sobretudo em N.

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OLHA OUTRO TEXTO!

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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

 

Parabéns a você(ses de Setembro todos e quê...)

1, 2 e "terês"... Aí vão os tais abraços para as tais pessoas:

Inês e Francisco (1º aninho!) a 4.

Duarte a 5. Traquinas pá!

Zé a 7. Forte abraço.

Tito (Gosto deste "miúdo" que nunca vejo mas de quem guardo boas recordações.) e mais este bloguezito que tanto me alegra os dias (tem dias) a 16.

Rodrigo a 17. (Meu sobrinho lindo.)

Primo Pedro (que eu adoro) e afilhada de olho azul iluminado - Rita a 20.

Babyiiiiiiiiiiiiiiii! A 25.

JMH a 27. (Uma menina querida e que me faz rir muito.)

E é isto.

Disse-vos a todos o quanto vos quero nos dias respectivos, mas não podia deixar de o registar aqui, neste meu canto virtual.

E é isto.

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