domingo, 28 de novembro de 2010

 

INSANIDADE VOU-ME EMBORA

Silêncio. Angústia. Submissão.

Receio viver nesta casa. Sinto medo das pessoas que nela vivem. (Sem excepção.) Horror do que dizem e do que não dizem. Medo da guerra velada. Do silêncio que perturba e não me deixa descansada. Temo, ainda, as vozes que se erguem rancorosas, não valentes. Pretéritos que teimam constituir-se presente. O futuro adivinhando-se ausente.

Tenho medo desta casa e de todos os que cá vivem. (Sem excepção.) Sobreviverá alguém que conte o que se passou? A verdade será conhecida? Não creio. Que é isso da verdade?

Questiono-me em pânico: Onde iremos morar?

(No dia em que esta infeliz casa se desmoronar.)

Há noites tão escuras.

Acorda sobressaltado. Outro pesadelo lhe tomou conta da noite. Senta-se na cama com os lençóis sujos os quais se esquece, semana após semana, de lavar. A casa vai-se mantendo limpa, graças à D. Gracinda. Há, todavia, pormenores que falham. Os lençóis, tarefa sua, já fedem. O sol irrompe pelas frestas do estore iluminando parcialmente o quarto. Espreguiça-se. Observa nas mãos as feridas que não recorda como abriu. Fere-se sem explicação aparente. Cortes nos braços, punhos feridos, marcas de dentes onde calha. Memória nenhuma do sucedido. Uma das mãos dorida. Inerte, até. Testes à dor que não sente? Insensível há décadas. Quando se inflige estes golpes, assiste de fora, qual espectador circunspecto num teatro. O sangue salpicou a parede de tinta de areia que minutos antes esmurrara desalmadamente o que não o impressiona. Tudo se passa com outro. Não ele. Outro. Arranja explicação plausível.

“Apertava um cano no lava-loiça. Escapou-me a mão.”
“Ia na rua. Para evitar uma queda apoiei-me numa sebe de espinhos onde me arranhei desta maneira.”
“Entalei-me na porta de um elevador”

Acidentes.

A sua vida é normal. Desde o tempo em que vivera com o padrinho. Uma existência normal. Digna de se contar aos mais novos, mais tarde.

Já o que se mutila haveria de apreciar subjugá-lo. Deitá-lo por terra e com requintes de malvadez fazê-lo pagar cada fracção de tempo do seu martírio. Esse imagina-se a sacudir o padrinho. Visualiza-se a gritar-lhe, enquanto lhe bate violentamente com a cabeça no chão, abrindo-lhe lenhos no escalpe sem, no entanto, chegar a matá-lo. Os mortos não sofrem. Querê-lo-ia no limiar da morte, sem que essa o alcançasse efectivamente. Almejava que morresse vivendo cada segundo do seu castigo, da pena que lhe imporia. Haveria padecimento e humilhação.

Então velho nojento, não me abraças agora? Abraça-me. Tenta erguer-te.

Tentaria e ele pisar-lhe-ia o peito, retendo-o junto ao chão, qual verme.

Insistiria na leitura da sentença:

Deixei de ser pessoa por ti. Sou este que desprezo. Criação tua. Observa-me enquanto te devolvo cada porção da dor que me impuseste. Experimenta o rancor que te guardo.

Descarregaria nele a mais imunda vingança: cuspo, mijo, excrementos.

Contudo o que imaginava era insuficiente para varrer o nojo, a revolta, a vontade de assassinar aquela besta que o desprovera de alma.

Isto era o outro. O desequilibrado.

O normal, se o via, ou se outrem o mencionava, revelava reverência e admiração. Havia uma infância feliz para contar aos restantes a mascarar-lhe a mágoa.

Capaz de ser dois.

Por fora o que amparava aquele idoso, então, indefeso. - Magro, olhos encovados, cabeça calva e luzidia, um sorriso de esguelha. A curvatura das costas toda a fragilidade dos anos que carrega. Uma capa pelos ombros é o seu manto real e há, ainda, aquele sinal inolvidável marcando-lhe as feições por baixo do olho direito. - Por dentro o sangue a ferver, ganas de o sacudir, de lhe esfregar no rosto o quão vulnerável seria, se o quisesse. A saliva juntando-se-lhe na boca como a um cão raivoso antes do ataque. Olhos raiados a ressentimento e, no entanto, uma voz doce, saindo leve das cordas vocais que (para) sempre se calaram. Sem o ónus daquele asco visceral que jamais denunciará.

- Padrinho quer-se sentar? Bebe alguma coisa? Sente-se bem assim?
- Está tudo bem filho, obrigado. És mesmo uma jóia de menino.

Todos ao redor anuindo quanto à bondade e ao reconhecimento daquele homem para com o seu padrinho. Talvez o velho já nem recorde o que lhe fez, o que aumenta exponencialmente o desejo de o massacrar lentamente e por tempo indeterminado. A medida certa talvez fosse o tanto que demorou a conseguir ver-se ao espelho sem vergonha. Sem culpa, sem crer ter sido responsável pelo que lhe aconteceu. Sabe que nada fará contra o padrinho. As suas tétricas fantasias não se concretizarão. Faltar-lhe-á perenemente a coragem. Defronte do padrinho o menino aterrorizado.

As feridas que misteriosamente se lhe assomam são, talvez, reflexo da sua frustração. Ou a sede por justiça que não verá saciada. Indefectível é o odor nauseabundo do opressor amplexo.

Precipita-se para a casa de banho, tropeçando pelo caminho, abraça-se à sanita e de joelhos no chão vomita até à bílis.


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Isto sim é o Natal, não o serem mais simpaticozinhos e tolerantes no trânsito.



Ainda podem contribuir hoje. Ajudar não custa. Abaixo as desculpas esfarrapadas. TRATEM MAS É DE AGIR.

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sábado, 27 de novembro de 2010

 

O que tem de ser tem muita força pá. (Sempre me disse a mãezinha.)



Foi o meu serão ontem. Por acaso. Estava cansada. Tinha-o gravado na box. Tabuleiro nas pernas. Ora 'xa cá ver um 'cadito antes de levantar a peidola para ir fazer outras cenas. E vai daí que o vi todinho. Filminho de gaja, sim senhor e gostei muito porque, igualmente, por acaso (às vezes acho que apenas se esqueceram de me dar a pilinha. Há muita coisa em mim que é de macho. Olaré.), até sou uma.

SERENDIPITY. (santinho.)

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

 

Somos o que mostramos? Mostramos o que somos? Nem uma nem outra?


Um livro que nos obriga a pensar sobre isso AQUI.

Vivemos na era das redes sociais. As relações afiguram-se-nos fáceis de estabelecer com cliques. Rostos estáticos, embora alegres, debitam piadas e curiosidades ao longo dos dias almejando polegares para cima. “Gostem de mim.”: É ao que nos resumimos. Desconfio dessas redes. Quão densas podem ser amizades, amores ou paixões mediados por ecrãs? Asseguramos que algumas dessas pessoas nos quer bem, de facto?

As preocupações de Gregor Samsa incidiam, somente, nas pessoas reais das quais se compunha a sua existência. Concentrava-se abnegado em suprir as necessidades dos seus e provê-los de comodidades fruto do seu rotineiro trabalho como vendedor. Abdicava quotidianamente das suas aspirações e calava os seus anseios em nome do bem-estar comum. Eis que certo dia acorda convertido em aberrante insecto. Permanecia, na sua essência, o mesmo. Ao acordar os pensamentos eram os seus, a forma de sentir semelhante, a aversão em levantar cedo e partir para mais um dia de burocrático trabalho igual à do dia anterior. Porém, o seu aspecto alterara-se de forma devastadora e irremediável.

Nem por um instante aqueles em função de quem Gregor se movera a vida toda dele se compadeceram. A apreensão de cada um dirigiu-se imediata e instintivamente às questões de como aquela desgraça os iria afectar. Primeiro faltar-lhes-ia a forma de sustento, visto que ele constituía o principal ganha-pão da família; depois a liberdade, dado que se encontravam prisioneiros de terrível segredo, que mais do que os comover – Que seria do seu filho / irmão? – os envergonhava.

É com assombro que se acompanha a narrativa desta(s) metamorfose(s). Não me provocaram asco as descrições do novo corpo forrado a quitina de Samsa. O que me causou genuína náusea foi a mutação ocorrida nos restantes membros da família. É com ligeireza que pais e irmã o descartam, no momento em que perde a utilidade de outrora. É com um sentido prático agressor que os percebemos a ignorar o tanto que aquela pessoa fizera por eles até ao fatídico acontecimento, limitando-se a tentar descortinar como “limpar” a situação. É com horror que nos apercebemos que poderá chegar o dia em que agiremos conforme.

Este livro é um excelente exercício de reflexão. Quem estimamos? As pessoas pelo que são deveras, ou pelo que aparentam? Andaremos a ser verdadeiros nos nossos afectos, ou não nos atrevemos além da pele? Somos capazes de gostar do todo, ou, artificiais, ficamo-nos pela(s) superfície(s)?

Franz Kafka (1883 - 1924) escreveu este livro com apenas 29 anos (1912) e não tinha, claro está, facebook. Já sabia, todavia, de toda a fealdade de que o Homem é capaz, ainda que a dissimule com sorrisos bonitos e impostoras “boas intenções”. Falou-nos disso. Cabe-nos decidir que tipo de mutante queremos ser.

150 BPM – Não consegui parar de ler o livro enquanto não o acabei. A história colou-se a mim. A adquirir. Sugerir a leitura.

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

 

CAFÉ COM LETRAS - CVM e Lídia Jorge

Terminou há poucos minutos na Biblioteca Municipal de Oeiras. Fui, claro.

(Maltinha das Letras não me temam. Persigo-vos discreta. Jamais vos importunarei cá fora. É dentro que necessito dos vossos ensinamentos. Hoje, por exemplo, sonhei com Sophia.)

Eis uma mulher por quem nutro uma imensa admiração. A pessoa que não esquecerei, jamais, no meu percurso. Se ontem tivesse tido coragem para lhe falar (Juntei toda a que tinha, em 2008, quando lhe entreguei o envelope.) ter-lhe-ia dito que um dos meus momentos felizes foi estar a seu lado a jantar. Ter a oportunidade única de a sentir perto, de a ouvir, aprender, perceber o seu modo de ser: sereno e assertivo. (Quem dera tamanha assertividade.) Defino-a numa palavra: EQUIDADE.

Ser-lhe-ei eternamente grata pelo que me disse naquela Feira do Livro de 2008. Não esqueço o olhar magoado, de preocupação, até, quando me desiludiu. Não esmoreci Lídia. Gostava de lho ter dito ontem, também. Ajudou-me tanto. Não calcula o quanto foi precioso e crucial esse momento. Considero-a, por isso, uma amiga. Obrigada por não me ter insultado com condescendência. Obrigada por não me ter subestimado e me ter dito (por palavras mais doces): "Vai mas é trabalhar" se és o que pensas ser. Lê mais. Escreve mais. Isto não. Lamento tê-la agredido com "aquilo" mas saiba que não me arrependo. Era preciso. Necessitava de si e dessa frontalidade, ou ter-me-ia embrenhado calona no meu ego. Ter-me-ia, quem sabe, perdido. Assim, agradeço a dor que senti. Os dias de angústia que se sucederam. O desânimo. As dúvidas. Continuo a caminhar Lídia. Hoje entendo que não lhe cabia dizer-me: "NÃO DESISTAS". Essa responsabilidade é minha. Não desisti.

Foi muito bom ouvi-la mais uma vez. É dotada de garra que inebria. É das que não se cala. Sabe ter um papel na sociedade e desempenha-o. Usa a voz que a notoriedade lhe permite para tentar melhorar o estado das coisas. Acredita. Optimista. É humana. Terrena. Cuida dos seus. Abdica de si (da escrita) para estar com um amigo. É mãe. É escritora. É, para mim, um exemplo inspirador.

Um grande beijinho. Espero um dia conseguir dirigir-me de novo a si, sem me sentir envergonhada pelo tempo que a fiz perder comigo, à data. Talvez um dia tenha algo de muito bom para lhe mostrar. Sei que naquele dia acreditava que sim. Perdoe-me tê-la defraudado. Faltavam-me, de facto, ainda muitos passos.

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

 

E tudo era possível

Na minha juventude antes de ter saído
de casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

Ruy Belo (1933-1978)
Todos os Poemas (I volume)

Encontrado no Poemário Assírio & Alvim (2007)

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domingo, 21 de novembro de 2010

 

INSANIDADE VOU-ME EMBORA

INTOLERÁVEL

Acordo sobressaltada. Um estrondo resgata-me aos sonhos. Gritos longínquos que não consigo descortinar, no imediato, se são reais, ou se vêm de dentro. Constato que pertencem à realidade. Paula. Precipito-me para a sala onde a encontro no chão encolhida. Lenho no lábio, a camisa de dormir rasgada e um Ricardo colérico a fitar-me. Não me esperava.

- Sai daqui. Isto não te diz respeito.
- Meu caro, violência doméstica é, desde há algum tempo, crime público. Sabes que te posso denunciar? Não há o que a Paula possa fazer para o evitar, se assim o decidir. A queixa não é retirada, ainda que a pedido da vítima. Crime público, ouves? Serás acusado pelo Ministério Público. Estás disposto a isso?
- Não farias uma coisa dessas. Conhecemo-nos há anos.
- Sai daqui imediatamente.
- Ainda tenho muitas coisas para lhe dizer.
- O que tinhas a dizer ficou-lhe bem marcado na cara. Vejo-o daqui. Não me parece que devas acrescentar mais.
- É minha. Fez-me perder as estribeiras, entendes?
- Estás aqui a convite da Paula?
- Não.
- Então sai. Tenho o telemóvel na mão. Sai ou faço queixa e não haverá volta a dar.
- Não te vou deixar em paz Paula. Ouves?

Ensaiou mais um gesto embrutecido e saiu. A minha amiga no chão não chorava, nem respondia. Encolhia-se apenas.

- Paula?
- Espera-me um autêntico calvário...
- Tem calma. Tudo se resolve. Não me esperava aqui. Assustou-se por eu ter assistido a tudo. Repensará a sua atitude, estou certa.
- Boa noite. Ouvi barulho. Precisam de ajuda?
- Não Nuno. Obrigada. Está tudo bem. Reparaste se um homem que saiu daqui já se foi embora?
- Sim. Vi-o fechar o portão. O Companheiro até lhe rosnou. Foi ele quem lhe fez isso?

E a Paula, que até então havia permanecido impassível, desaba num pranto desesperado.

- Nuno fique com ela, por um momento, se não se importa. Vou fazer-lhe um chá.
- Não chore Paula. Não chore…

Dirigiu-se-lhe abraçando-a. Sentiu o seu cheiro adocicado e a fragilidade do corpo encostado ao dele. Inebriado ao senti-la abandonada nele. Quedaram-se agarrados enquanto a água para o chá fervia. Havia somente aquele bem-estar.

- Toma amiga. Bebe.

- O que é que vai ser da minha vida? Se me começa a seguir, ou a esperar em cada sítio que pertença à rotina dos meus dias? E se amanhã em vez das mãos nuas trouxer uma arma, um bastão, uma faca, um copo com ácido? Ouvem-se tantas histórias. É um pesadelo. Trata-me como se fosse um objecto. Ouviste-o? É minha. Ainda que o motivo da nossa separação não tivesse sido o seu descontrole, a violência dos seus actos... Qualquer pessoa pode deixar de amar outra, não pode? Tem esse direito, não tem? Ainda que o outro faça tudo por nós e nos ame com toda a intensidade. O amor pode acabar em nós… PUF já lá não está. E o outro tem que o aceitar ainda que muito lhe custe. Concordam? Nenhuma acção é capaz de resgatar um amor perdido. Não sei onde pára o amor que lhe tinha. Talvez me tenha voado do corpo quando me deu o primeiro murro. Ou ficado preso à mão aberta, depois de uma das chapadas que desferia com raiva. Quem sabe não ficou aprisionado nos seus olhos raiados de loucura, ou suspenso na voz agressiva pejada de acusações infundadas. Não sei. Sei que me desapareceu e não o quero ir buscar. Estou cansada de me sentir presa, de não poder ter amigos, do meu universo sem homens para que ele não se enervasse. Que doença. Sempre acreditei que mudaria. Ingenuidade a minha, bem sei. Até a roupa me escolhia. Deixava que o fizesse pensando que o acalmava, que lhe daria a segurança que o meu amor, por si só, não fora capaz de lhe transmitir. Quando alguém me telefonava, ele fingia prosseguir a conversa, se estivéssemos acompanhados, embora ouvisse cada palavra para me poder inquirir quando estivéssemos a sós. Abria-me a correspondência. Consultava-me o telemóvel. Vasculhava-me as gavetas. Desculpem estar a maçar-vos com isto, calei-o por tanto tempo. Tinha vergonha. Queria enganar toda a gente. Fazer-vos crer que era feliz. Sobretudo queria convencer-me de que isso era verdade.

O Nuno interrompe-a e diz-lhe que não percebe como terá conseguido aguentar aquela merda por tanto tempo. Entreolhámo-nos incrédulas mas de certa forma ambas esperávamos que um dia algo semelhante acontecesse. A famosa língua de trapos. E agora Paula? Ainda lhe reconheces o tal encanto? Fico curiosa em relação à reacção que irá ter.

- Não o definiria melhor Nuno. Aguentei muita merda por demasiado tempo.

Tive vontade de rir mas dada a gravidade da situação consegui conter-me.

- O que farias – Posso tratar-te por tu? Trata-me também por favor. - No meu lugar?

Incrédula, assisto ao rápido desenrolar dos acontecimentos.

- Primeiro tens de pensar se não queres, efectivamente, dar-lhe outra oportunidade.
- Nem pensar.
- Então tens de resolver tudo o que esteja pendente e seja comum com ele. Dissolver contas conjuntas, dividir bens materiais. Resolver o problema da casa tem de ser uma prioridade, no caso de estar no nome dos dois. Em suma, primeiro todos os assuntos práticos. Depois, deves ir a um médico falar sobre o que te aconteceu que te há-de ter deixado marcas mais gravosas que essa do lábio. Terás de ser firme e não ter medo. Os cobardes alimentam-se do temor dos corajosos. Deverás fazer-lhe ver que já não pertence à tua vida. Que tem que respeitar a tua vontade. Depois de tudo tratado, volta para nos conhecermos melhor, se o quiseres. Gosto de ti. Já não te temo, nem te considero uma “bruxa” que se quer divertir às minhas custas.

- Estou sem palavras. Não te imaginava com tanto sentido prático e a tua sinceridade ainda me choca. Dizes que gostas de mim e ainda assim julgaste-me capaz de te humilhar. Não me conheces, de facto.
- Aprendi a defender-me muito antes de surgir qualquer hipótese de ser atacado.
- Ai sim? Parece-me muito redutor que o faças. Podes sentir-te protegido da crueldade alheia, porém, também me parece que te impedes de sentir. É triste que tenhas vivido dessa forma todos estes anos.
- Pois.
- Também gosto de ti Nuno.
- Bem meninos há aqui uma reviravolta à qual me sinto completamente alheia. Vou-me deitar. Paula se precisares de mim acorda-me. E, por favor, não voltes a abrir a porta ao Ricardo qualquer que seja a circunstância. Ok?
- Não te preocupes, não pretendo voltar a ficar a sós com ele. Não merece confiança. Obrigada por tudo Mariana. Tens estado presente nos momentos fulcrais da minha vida e eu que já te deixei ficar mal tantas vezes.
- Águas passadas não movem moinhos. Boa noite. Durmam bem. Nuno, lembrei-me de ti sabes? Foi sem querer, mas já sei de onde te conheço. Fico muito feliz por te ver aqui. Não imaginas quanto.
- Obrigado. Ser-te-ei grato até ao último dos meus dias por aquela noite. Dorme bem também. Ainda me sinto estranho a tratá-las por “tu”.
- Nuno?
- Sim?
- Podemos saltar etapas e começar a conhecermo-nos melhor desde já?
- Tenho medo de ti.
- E eu de ti.
- Guias-me? Não sei o que fazer contigo. Estou paralisado.

Pegou-lhe na mão e pousou-a sobre o peito. O seu coração mais acelerado que o dele. Abraçaram-se num momento que não precisou de palavras, ou das regras que outros inventaram para o mundo.

NOTA: ODEIO ISTO. É MERDOSO E NÃO HÁ VOLTA A DAR, mas olha, aqui vai na mesma. Andreia AM.

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

 

CITAÇÕES que se lêem por aí e ficam:

Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for.

Fernando Pessoa (1888-1935)

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

 

INSTANTÂNEOS V


Naquele momento encarava-o graças à miopia e ao astigmatismo.

Não era com coragem que lhe sustentava o avassalador olhar.

Antes com dioptrias e alguma irresponsabilidade.

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

 

AGENDAZINHA CULTURAL:


Pois é hoje que se lança mais um livro deste rapaz, pelas 21h3o, AQUI.

Ora, apelando ao vosso lado menos erudito, diz que aquilo mete adultério, gajas nuas algo sonsas, todavia, também ingenuidade e maminhas adolescentes. Portanto parece-me que é de ir.

(Note-se que só li, ainda, o capítulo que despoletará, segundo o autor, a polémica.)

P.S. Obrigada pelo teu gesto por demais simpático, que nos caiu muito e muito bem. Agora, além de te apreciarmos a escrita, admiramos o teu gentil modo de ser. Que encanto por deus.

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

 

NOVAS CARTAS PORTUGUESAS

Aaaaaaaaaa caraças que boa notícia.

Aquando DESTE CURSO MARAVILHA tinha ficado com as orelhinhas em pé com o livro e o que versava, guardando em mim a intenção de, mais dia menos dia, o encontrar e adquirir. Não me cruzei com ele desde então. Aconteceu sábado, no ÍPSILON, ao perceber que a Dom Quixote o (re)publica agora, com anotações de Ana Luísa Amaral.

Estas mulheres tinham-Nos. E bem grandes.

Já cá vai cantar. Olaré.


Nas livrarias a partir de HOJE.

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domingo, 14 de novembro de 2010

 

INSANIDADE VOU-ME EMBORA

Porquê?
Porque colocam nas minhas costas
o fardo da vossa amargura?
Porque querem que seja meu
o ónus da(s) vossa(s) escolha(s)?
Que culpa tenho de ser?
Não pedi para nascer.
Não me foi dada opção.
Querem que vos peça perdão?
Perdão, então...
Mas não sei porque o faço,
senão por ser mais um esforço,
de vos fazer sorrir.
Tenho só a dizer que é facto,
que sinto já o cansaço
de tanto ter que mentir.

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O que me mata é a memória...

...

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sábado, 13 de novembro de 2010

 

À Joana Nave

Quando já nada de novo lhe esperava eis que isso do sitemeter ainda me consegue surpreender.

Num universo de 40 visitas: 20 das quais de pessoas com problemas de salivação e/ou glândula salivar entupida (escreve-se entupida pelo amor de deus, parem de procurar intupida. Ah e também se diz inchaço. Esqueçam enchaço valha-me nossa senhora.); 5 destinadas à busca das "melhores cábulas"; 1 que as procura "todas molhadinhas"; 2 que pretendem obter mensagens para pessoas maldosas; 7 amigos que se revezam para me apoiar e cinco que aqui vieram parar por um qualquer acaso e vão regressando, uma delas colocou-me numa barra com o título e passo a citar: "Onde encontro boas ideias."

Joana obrigada pá! Um grande beijinho para ti. Ainda por cima pões-me na mesma barra de algumas pessoas que aprecio aos molhinhos. Que alegria me deste esta manhã mas é.

Retribuo o teu gesto. Já ali estás ao lado em "quem gosto de visitar" e assim o farei, de ora em diante.

Aquele abraço menina.

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DURAÇÕES DE UM MINUTO


Um minuto. (Sessenta segundos.) Pouco tempo? Tempo suficiente para aterrar uma pessoa. Para a matar. Deitar por terra. Para lhe mudar toda a existência. Um minuto. Passo, passo, passo , passo...

Asfixia. Claustrofobia. Intensidade. Bom. Mau. Belo. Perturbador. Sons que ecoam cá dentro. Tudo muda. Nada muda. Viver é resistir. Para que as coisas permaneçam é preciso esforço.

Indiferentes é que não ficam. Toca a comprar bilhetes. É até 28 de Novembro.

P.S. Tens razão Ivo. O que mais marca é a forma como torturam a rapariga. (Ou enfiam um gajo num baú esquecendo-o. Ou oprimem outro até à morte. Impedem alguém de se exprimir, de respirar, de exercer o seu direito à liberdade. Não somos livres. Todos tememos os que nos perseguem, correndo e berrando, até que nos juntemos à manada.)

P.S.2 Lido mal com a velhice. (Com a dos meus. Com a própria. Com a dos outros.)

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

 


Caso bloqueiem este também, ide até ao "tuber" vale a pena. AQUI.

Obrigada Guinho. :)

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domingo, 7 de novembro de 2010

 

A música chega ao céu?



Um abraço apertado para ti.

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

 

GRAND DANOIS


Vi-o prostrado, no meio da estrada, com dois companheiros suplicantes: "Anda daí. Vá. Pelo menos até ao passeio."

Eis que o pranto me subiu à garganta. Os soluços avolumando-se incontroláveis. Uma dor a cravar-se-me entre a laringe e a traqueia, porque o meu coração (re)conhece aquele inexorável cansaço que precede o fim.

Os olhos doces num "Deixa-me estar que já não aguento."

Aos berros que nos chegam aos ouvidos da alma: "DEIXA-O IR." ignoramos, por ser inconcebível aceitar a despedida.

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Uma pessoa não está preparada para alguns banhos de água gelada.

Vai daí uma pessoa lê um livro que refere 357 000 vezes a palavra tesão, todavia, ao terminá-lo, em vez de se sentir entesoada, encontra-se dormente e incapaz de o sugerir a outrem, exceptuando a sua Bzuu, a quem passou o dito-cujo, só naquela de tirar as teimas.

(Note-se que Bzuu também não ficou entesoada e duas pessoas já constituem uma estatística jeitosa.)

- Ó Bzuu também esperavas mais pois era?

- Pois era.

- Também gostas imenso de lhe visitar o blogue e estás desiludida pois é?

- Pois é.

- Também só te apetecia cortar os pulsos?

- Não que não me dava jeito falecer naquele dia (como diria o nosso saudoso RAP) Se cortares os teus, entretanto, prometo que levo um lindo ramo de flores ao teu funeral.

- Ah deixa lá graças à falta de tesão acabei a ler um conto do "histérico" do Dostoiévski!...!...!...!...!

(Maneirazinha gira de vos dizer que saiu novo texto AQUI né?)

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

 

PARABÉNS Ana Patrícia minha grande amiga do passado, do presente e espero que do futuro.


Ah ah. Cá estou. (Isto não invalida o telefonema, está lá sossegadinha e lê-me.)

PARABÉNS menina. Mais um.

33.

(A malta toda a chegar à idade de Cristo.)

Há pessoas que nos compõem o interior. Quero dizer: Há pessoas que nos estão na massa do sangue. Entraram em nós andávamos a erigir-nos e quando damos por elas são tijolo ou cimento da contrução em que consistimos. Queres ser tijolo, cimento, ou estuque? É tudo importante pá. És importante para mim. E pronto, a malta só se fala duas ou três vezes por ano mas lembra-se muitas mais. E a malta de cá gosta muito e muito da malta daí.

E vai daí continuarei a aparecer-te de tempos a tempos e a esperar de ti semelhantes aparições.

Um grande beijinho de PARABÉNS minha linda. Vamos fazendo parte da vida uma da outra que isso é tudo. Cada vez que o desânimo me apanha é nas minhas pessoas que penso. Acredito que o que levamos desta vida está nas relações que estabelecemos com os outros. Em nenhum outro lugar seremos tão felizes como nos afectos, nas pessoas que mais nos dizem.
E tu és das que me diz "coisas".

Vamos conseguir. ;)

Dia feliz.

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

 

PARABÉNS BILLATI (aka TOURO)

Amigo:


Como todas as pessoas que vêm a ser importantes na minha vida quando te conheci achava que não me gramavas.

Depois percebi que a distância que interpunhas mais não era que o estudo aprofundado que fazes dos outros antes de te entregares.

Obrigada por me deixares fazer parte desse núcleo de pessoas que consideras. Também te considero. Mais do que isso és das pessoas que fazem falta no meu quotidiano. (Tu também Ricardo, ó!) Volta mas é. O que é que andas para aí a fazer longe de nós?

Gosto do modo como és nhurro. (Quase tanto como eu. eh eh) Gosto das nossas discussões em que os olhos quase me saem das órbitas e o nível de coranço da minha cara atinge níveis proibitivos (a atirar para o roxo já). Gosto das tuas convicções, aqueles "NUNCA" que te estou sempre a alertar que não sabes, não podes saber. Que esses "NUNCA" podem um dia cair-te em cima. Olha pá gosto de ti e da pessoa que és. Pessoa bonita.

PARABÉNS pelos 33. Bela idade para a aventura que te espera.

Aquele abraço companheiro.

(Volta mas é.)

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