terça-feira, 31 de maio de 2011

 

THE TREE OF LIFE

Fiquei sem palavras e não é fácil que essas se me acabem. Têm de ver isto no cinema. E depois ficam suspensos no filme uma data de tempo. É diferente de todos a que já assisti. Vou assim atirar um termo: ESPECIAL. De digestão lenta. Definitivamente a não perder.

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SAI HOJE CARAÇAS - UKULELE SONGS

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

 

ESTOU TRISTE (estava e depois passou-me.)

13h30 - "O drama. A tragédia. O horror."

Perdi a caneta de toda a vida. Parker bordeaux com "Andreia" gravado. Nada dou a quem a encontrar. É muito pior perder as pessoas que uma caneta. Ainda assim cá estou: devastada. Foi ele que ma deu. Ele não volta. (Perdeu-se-me.) A caneta não sei. Se a encontrarem digam-lhe que gostava muito dela e que desconheço como permiti que (me) caísse. Agradecida.

14h40 - Estava no restaurante em que almocei.

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

 

CONTINUAÇÃO - Uma pessoa (uma mulher) por um filho...

Apresentava-se ao serviço às 9h31. Havia um mundo real para dactilografar. Carecia de tempo e de espaço para a ficção. A dela. – Imaginada deveras. Mal sucedida. – A dos outros: Ah tão criativa! – Não mais do que o seu modo de lhes contar das frustrações, dos devaneios, do medo. Falava-lhes da(s) sua(s) verdade(s). Acreditassem se lhes aprouvesse. Curioso era que duvidassem do que era de facto aplaudindo-o, desconsiderando o que lhe custara as entranhas a imaginar. Relevava a injustiça, porque o resultado era sempre o desmedido alívio por suprir a urgência de que padecia. Como se o perene cansaço, por ouvir dentro das meninges imperativa voz - Qual matilha de canídeos latindo. - lhe desse trégua. Havia muito que não descansava da dita. Precisava do dinheiro: filhos para criar; necessidades elementares (Noutras latitudes superfluidades.); responsabilidades. A certeza de não poder agredir outrem com as omoplatas sem que o peito lhe escurecesse. Cria na luz para criar. Uns apreciam a treva. Ela almejava escrevê-la sem habitá-la. A angústia andava a alimentar-se-lhe da alegria de outrora. Consolava-se:

- É por agora.

- Terei tempo.

Não tinha. Nunca tinha tempo. Despachava-se tarde dos miúdos, da louça, da roupa, da vida vivida lesta. A matilha a enfurecer-se.
Enrodilhava-se na fadiga como se frio e essa cobertor. Adiava.

«Amanhã…»

E o porvir chegava a hoje e a mesma letargia a afagá-la. Tudo mais importante. Uma birra. Um colo. Gargalhadas bonitas. A louça. A roupa. Os almoços confeccionados de véspera.

«Amanhã.»

O padecimento em crescendo. «Ladram tão alto estes cães.» Ainda que fosse por aquele momento, que pensasse que haveria de ter tempo, as dúvidas:

- E se morro? Que fiz por essa que também sou, tão carente?

- Que interessas, tu? Morre descansada. Fizeste o que te competia.

- E a voz? Estes cães? (Lobos?) Feras que investem garras e presas que me laceram. Comem-me o fígado, os pulmões, o coração.

- Que voz? Que feras? Enlouqueceste de vez?

- Esta que me ensurdece. Porque não se calam os cães? Não enlouqueci. Sou sã. (Ainda.) Pergunto: Acabarei louca?

- Sim. Morrerás doente. Não há cura para o mal que te aflige.

- Há.

- Pouco importa. Olha para o relógio. Estás sem tempo.

- Tê-lo-ia não dormisse.

- Tens de descansar.

- Usasse a noite em meu proveito e talvez o silêncio. A paz. Não posso mais.

- Definharias.
- Há quem consiga. Três, quatro horas de sono. Quanto baste.
- Não sejas ridícula. Vamos, acorda. Está na hora.

Ti ri ri ri ri. Ti ri ri ri ri.

8h37. Azáfama. 9h31 e um cartão de ponto na mão. A morte às prestações registada num aparelhinho fixado à parede.
Aquilo continuou até ao intolerável. A voz: Implacável.

«Onde é que guardaste a caneta?»
«As folhas brancas onde estão?»

(Os tímpanos da alma a romper-se.)

Impunha-se-lhe cessar a representação. Uma criança de cinco anos chamar-lhe-ia “fingidona”, realizasse o tamanho da mentira que alimentava.
Principiou trémula o ofício n.º 50 de 2011. Ousou furtar-se ao costumeiro “Vimos pelo presente ofício”

«Era o dia primeiro do mês em que a decisão fora tomada. Inexorável. Havia tentado preveni-lo do que estava prestes a suceder, contudo, ele fizera-se massa indefectível para que o não enchessem de desesperança. Era irremediável a situação em que se colocara. Falhara o prazo. Falta imperdoável que se lhe colara à epiderme das mãos. Teria de devolver o indevidamente recebido. Tê-lo-ia ajudado estivesse ao seu alcance. Regras eram, todavia, torrentes contra as quais se sentia impotente para nadar, ou sequer manter o fôlego. Creia que há sempre quem se encontre a seu lado e o fim é, não raras vezes, recomeço. (Perdoe o lugar-comum.) Sem mais para lhe transmitir permita-me que o deixe a pensar onde errou, para que possa, em situação hipotética futura, errar melhor.»

Escolheu manter «Com os meus melhores cumprimentos» como se fora possível disfarçar o desvario.

Chamaram-na ao oitavo andar. Ergueram a folha ao nível do seu nariz. Vociferaram. Devolveram a missiva.

Limpou a ira alheia do sobrolho e regressou ao 7.º. Ordenaram-lhe que reescrevesse o documento. Fê-lo com gana que desconhecia encerrar. Impregnou-o de melodia, desproveu-o da(s) banalidade(s). Remeteu-o à revelia da entidade superior. Chegara a casa, nessa tarde, por demais leve. Chegou a considerar-se capaz de correr, tal era a alegria. (O peso que a gravidez lhe acrescentara refreou-lhe o impulso.) Correspondeu ao que esperavam de si, em casa, com ânimo reforçado e os seus notaram que o seu sorriso reverberava. Não lho disseram. Não era hábito partilharem o que se passava dentro de cada um.

Persistiu por tempo indeterminado na desobediência. Durante algum tempo o seu Curriculum vitae permaneceu incólume. Despedimento nenhum. Trabalhadora exemplar. A escrita cresceu-lhe. O trabalho diário permitia-lhe evoluir. A voz tornara-se meiga. (Um cachorro amoroso.) Afagava-lhe a consciência. Ela cumpria-se dia-a-dia. Pensava: «Morrerei pacificada.» Queria acreditar estar mais próxima de escrever Literatura. Não seria lida pelas massas, mas isso não a moía. Tinha um leitor de cada vez que redigia uma participação transformada, com enlevo, em arte. Andava feliz como aquele que tem sede e se depara com o que beber.

Era o dia primeiro em que a decisão fora tomada.

Tinham começado a chegar, em catadupa, as respostas ao empreendimento daquela funcionária pública. Não se tratava de cartas de reclamação, antes palavras de incredulidade e reconhecimento.

Se por um lado se encontravam devastados pela culpa que lhes fora imputada e que, claramente, os prejudicava. Por outro, a forma como lhes havia sido comunicado desprovia a(s) respectiva(s) sentença(s) de crueldade. Revelavam-se ineptos para contestar o que era, no mínimo, estranho. Vinham, por conseguinte, felicitar os serviços pela façanha e solicitar que, em situações de incumprimentos futuros, fossem notificados por aquela mulher que se recusava a ser tratada por qualquer título.

De nada lhe serviram os louvores. Tão pouco o facto de ter já inúmeros leitores entusiásticos. Foi despedida.

Precisava de dinheiro. Filhos para alimentar; necessidades primárias – Noutras latitudes: luxos). Comprometimento(s).

A crise instalara-se no País - Era o que afirmavam os meios de comunicação. - uns anos antes daquele em que redigira o ofício cinquenta. Foi parar à rua. Estendia suplicante a mão, todos os dias úteis das 9h31 às 17h32. (Jamais ficara a dever horas à casa.)

A sua mendicidade soava a poesia.

Andreia Azevedo Moreira
(14/05/2011 pelas 23 e qualquer coisa a 15/05/2011 às 01h16)

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domingo, 22 de maio de 2011

 
Dá muito mais trabalho a alegria que a tristeza. Baixar os braços e chorar é demasiado fácil. (A gravidade ajuda.) Quando me dá a travadinha penso em ti e no que darias para estar vivo. Sinto que é imoral perder (mais) tempo com essa ingratidão. Enxugo as lágrimas e atiro-me à vida, que não sei até quando a poderei fruir.

Porque gostavas de te rir e porque isto se leva muito melhor se o fizermos:

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sexta-feira, 20 de maio de 2011

 
Uma pessoa (uma mulher) por um filho adia qualquer coisa. A cabeça continua a funcionar, tem ideias, arrisca umas "curtas". Há permanente angústia por não conseguir concretizar a maior parte do que se lhe assoma ao pensamento. Sabe, todavia, que para escrever Literatura o empenho tem de ser total. Ainda há muito que aprender. Tudo, talvez. Pede ao Universo que a sua hora tarde, para conseguir, um dia, ter a disponibilidade de que o seu Amor necessita. Adiar não é desistir. É tão-só a latência que se lhe impõe por existir alguém, muito maior do que ela ou os seus desejos, que precisa que esteja a seu lado. Uma pessoa (uma mulher) não fica triste se isto acontece, porque aprende com as entranhas a renunciar ao egoísmo. Mas, não esquece. A sua exigência de escrita manifestar-se-á sempre, ainda que de forma subtil e habitar-lhe-á o peito até ao dia derradeiro.

A. a 13 de Maio de 2011 às 13:00

Choro muitas vezes por esta pessoa (uma mulher). Apiedo-me dela desconhecendo se a(s) sua(s) impossibilidade(s) se trata de injustiça, ou natureza, da sua condição. Ignoro se desistiu deveras e a criação é o álibi perfeito para a desistência. Se aguarda paciente a sua oportunidade de usar o tempo a seu bel-prazer. A decisão foi tomada. Não há retrocesso. Desejo que não tenha decidido privar-se do seu modo de ser e que o Universo lhe ouça a prece: "Morte não te antecipes." Choro muitas vezes por esta pessoa (A quem não reconheço como vítima).

Uma mulher.

CONTINUA.

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

 

Como é que uma pessoa sabe(?):

a) Que não vê a coisa porque não quer.
b) Que não vê a coisa porque não pode.
c) Que não vê a coisa porque essa não existe.
d) Que a coisa não existe mas está a querer vê-la.
e) Nenhuma das anteriores ou de como uma pessoa nunca sabe. (Nada.) (De nada.)

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

 

Tenho uma teoria na mona há anos...(desde que instalei o sitemeter)

(Tenho várias. Quase todas despropositadas. Mas agora não vem ao caso isso de eu ser uma pessoa por demais ridícula.)

Como sabem (caso não saibam ficam a saber) a maioria dos meus visitantes padecem de glândula salivar entupida (e de casa vez que o refiro num post, mais aumentam as visitas. Cada um faz o que pode pelo seu blogue.) que se traduz num inchaço por baixo do queixo - Ao qual, não raras vezes, chamam bola. - ou, ainda, em dor ou salivação anormal ao ingerir alimentos. Ora... O que os meus queridinhos 7 leitores genuínos desconhecem (os restantes 30 e tal têm o problema referido, ou andam em busca das melhores técnicas de cábulas, ou de uma ou outra coisa de cariz sexual que me não convém, de momento, referir) porque ainda não vo lo disse, é que esses sofredores são quase todos do país irmão. "Então qual é a tua teoria?" - Gritam vocês daí em pulgas para ter acesso à dissertação de chacha do dia.

Ei-la: Acredito que por serem de um país tão quente, são mais ardentes, beijam muito mais e vai de maneiras que isso conduz ao entupimento das glândulas supra-referidas.

Era só. Um abraço.

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sábado, 14 de maio de 2011

 

Um Teatro às Escuras - Pedro Tamen



O mês passado fui ver um filme intitulado POESIA. Nesse se afirmava que para criá-la é necessário ser-se capaz de ver a beleza que existe em tudo quanto nos rodeia, ou acontece. Curiosamente sugiro-vos um “Um teatro às escuras.” (Publicações Dom Quixote, 2011) Como escrever a beleza em recinto imerso em treva? - Perguntam vocês. - O poeta e tradutor Pedro Tamen (1934) fê-lo de forma sublime neste livro. - Respondo-vos eu, que já o li cinco vezes. - Ilumina-nos um palco “que nunca ninguém viu” permitindo-nos assistir ao diálogo entre dois amantes porvires sobre o seu pressentido amor.

A maior parte das vezes quando me agrada uma escrita procuro saber mais sobre quem empunhou a pena. Neste caso, li uma entrevista do sujeito que me encantou de tal maneira que não hesitei em adquirir um exemplar do seu mais recente trabalho.

Deparei-me com poemas que são as deixas de uma dramaturgia pensada ao pormenor. Assisti à acção e, em simultâneo, aos bastidores. Apercebi-me dos “problemas de iluminação” que afectam todos os responsáveis por levá-la à cena: o contra-regra; o autor da música; o encenador; o electricista; o ponto; o imprescindível público. Todos desconhecedores, afinal, do texto, munidos de esperança que os ilude abrilhantando o futuro inexistente. Até o encenador - Segundo o autor, uma metáfora de Deus. – sente o desnorte e a impotência que o desconhecido impõe.

É a expectativa do acontecimento que nos move e não o acontecimento em si mesmo, daí que nos possamos considerar actores incapazes de parar com a representação de uma vida que não o é deveras, quando nos protegemos constantemente com “guaritas” que nos coíbem de sentir. Diz “Ela” na página 46:

«(…) e outro tempo de calmas e de mel
nos tornará reais sem as guaritas
que nos protegiam noutras eras:
apanharemos chuva e sol deveras.»

Eis que somos mais do que meros espectadores sentados numa “floresta de cadeiras” (Imagem belíssima – Pág.9) porque nos revemos “nele”, “nela” e nas restantes vozes. Assaltam-nos as mesmas questões, as infindas ambiguidades, buscamos revelações, tememos a obscuridade. Irremediavelmente sós nesse palco onde se nos desenrola a existência. E então: Somos ou representamos? Podemos saber existir o que não vemos? Há que perceber para ser? Que sei sobre mim? Que sabem os outros do meu ser e que sei eu do deles?

Luz? Talvez quando a peça terminar. Só a morte nos é certa. Viver é cegueira.

“Um caminho pode ser a luz ausente.” (Página 37)

Cesso agora de esmiuçar que, como disse Natália Correia, «a poesia é para comer». Para encontrarem este e outros livros de poesia sugiro, igualmente, uma visita à livraria POESIA INCOMPLETA (http://poesia-incompleta.blogspot.com/)

150 Batimentos Por Minuto Maravilhoso e original. A adquirir. Sugerir a leitura.

PUBLICAÇÃO ORIGINAL AQUI.

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