terça-feira, 31 de maio de 2011
THE TREE OF LIFE
Etiquetas: A NÃO PERDER, CINEMA, Sugestões
SAI HOJE CARAÇAS - UKULELE SONGS
segunda-feira, 30 de maio de 2011
ESTOU TRISTE (estava e depois passou-me.)
Etiquetas: PERDA(S)
quarta-feira, 25 de maio de 2011
CONTINUAÇÃO - Uma pessoa (uma mulher) por um filho...
- É por agora.
- Terei tempo.
Não tinha. Nunca tinha tempo. Despachava-se tarde dos miúdos, da louça, da roupa, da vida vivida lesta. A matilha a enfurecer-se.
«Amanhã…»
E o porvir chegava a hoje e a mesma letargia a afagá-la. Tudo mais importante. Uma birra. Um colo. Gargalhadas bonitas. A louça. A roupa. Os almoços confeccionados de véspera.
«Amanhã.»
O padecimento em crescendo. «Ladram tão alto estes cães.» Ainda que fosse por aquele momento, que pensasse que haveria de ter tempo, as dúvidas:
- E se morro? Que fiz por essa que também sou, tão carente?
- Que interessas, tu? Morre descansada. Fizeste o que te competia.
- E a voz? Estes cães? (Lobos?) Feras que investem garras e presas que me laceram. Comem-me o fígado, os pulmões, o coração.
- Que voz? Que feras? Enlouqueceste de vez?
- Esta que me ensurdece. Porque não se calam os cães? Não enlouqueci. Sou sã. (Ainda.) Pergunto: Acabarei louca?
- Sim. Morrerás doente. Não há cura para o mal que te aflige.
- Há.
- Pouco importa. Olha para o relógio. Estás sem tempo.
- Tê-lo-ia não dormisse.
- Tens de descansar.
- Usasse a noite em meu proveito e talvez o silêncio. A paz. Não posso mais.
- Definharias.
Ti ri ri ri ri. Ti ri ri ri ri.
8h37. Azáfama. 9h31 e um cartão de ponto na mão. A morte às prestações registada num aparelhinho fixado à parede.
«Onde é que guardaste a caneta?»
«As folhas brancas onde estão?»
(Os tímpanos da alma a romper-se.)
«Era o dia primeiro do mês em que a decisão fora tomada. Inexorável. Havia tentado preveni-lo do que estava prestes a suceder, contudo, ele fizera-se massa indefectível para que o não enchessem de desesperança. Era irremediável a situação em que se colocara. Falhara o prazo. Falta imperdoável que se lhe colara à epiderme das mãos. Teria de devolver o indevidamente recebido. Tê-lo-ia ajudado estivesse ao seu alcance. Regras eram, todavia, torrentes contra as quais se sentia impotente para nadar, ou sequer manter o fôlego. Creia que há sempre quem se encontre a seu lado e o fim é, não raras vezes, recomeço. (Perdoe o lugar-comum.) Sem mais para lhe transmitir permita-me que o deixe a pensar onde errou, para que possa, em situação hipotética futura, errar melhor.»
Escolheu manter «Com os meus melhores cumprimentos» como se fora possível disfarçar o desvario.
Chamaram-na ao oitavo andar. Ergueram a folha ao nível do seu nariz. Vociferaram. Devolveram a missiva.
Limpou a ira alheia do sobrolho e regressou ao 7.º. Ordenaram-lhe que reescrevesse o documento. Fê-lo com gana que desconhecia encerrar. Impregnou-o de melodia, desproveu-o da(s) banalidade(s). Remeteu-o à revelia da entidade superior. Chegara a casa, nessa tarde, por demais leve. Chegou a considerar-se capaz de correr, tal era a alegria. (O peso que a gravidez lhe acrescentara refreou-lhe o impulso.) Correspondeu ao que esperavam de si, em casa, com ânimo reforçado e os seus notaram que o seu sorriso reverberava. Não lho disseram. Não era hábito partilharem o que se passava dentro de cada um.
Persistiu por tempo indeterminado na desobediência. Durante algum tempo o seu Curriculum vitae permaneceu incólume. Despedimento nenhum. Trabalhadora exemplar. A escrita cresceu-lhe. O trabalho diário permitia-lhe evoluir. A voz tornara-se meiga. (Um cachorro amoroso.) Afagava-lhe a consciência. Ela cumpria-se dia-a-dia. Pensava: «Morrerei pacificada.» Queria acreditar estar mais próxima de escrever Literatura. Não seria lida pelas massas, mas isso não a moía. Tinha um leitor de cada vez que redigia uma participação transformada, com enlevo, em arte. Andava feliz como aquele que tem sede e se depara com o que beber.
Era o dia primeiro em que a decisão fora tomada.
Tinham começado a chegar, em catadupa, as respostas ao empreendimento daquela funcionária pública. Não se tratava de cartas de reclamação, antes palavras de incredulidade e reconhecimento.
Se por um lado se encontravam devastados pela culpa que lhes fora imputada e que, claramente, os prejudicava. Por outro, a forma como lhes havia sido comunicado desprovia a(s) respectiva(s) sentença(s) de crueldade. Revelavam-se ineptos para contestar o que era, no mínimo, estranho. Vinham, por conseguinte, felicitar os serviços pela façanha e solicitar que, em situações de incumprimentos futuros, fossem notificados por aquela mulher que se recusava a ser tratada por qualquer título.
De nada lhe serviram os louvores. Tão pouco o facto de ter já inúmeros leitores entusiásticos. Foi despedida.
Precisava de dinheiro. Filhos para alimentar; necessidades primárias – Noutras latitudes: luxos). Comprometimento(s).
A crise instalara-se no País - Era o que afirmavam os meios de comunicação. - uns anos antes daquele em que redigira o ofício cinquenta. Foi parar à rua. Estendia suplicante a mão, todos os dias úteis das 9h31 às 17h32. (Jamais ficara a dever horas à casa.)
A sua mendicidade soava a poesia.
Andreia Azevedo Moreira
(14/05/2011 pelas 23 e qualquer coisa a 15/05/2011 às 01h16)
Etiquetas: ALENTO, Com passinhos de criança percorro o caminho que QUERO, ESCRITA, HISTÓRIAS
domingo, 22 de maio de 2011
Porque gostavas de te rir e porque isto se leva muito melhor se o fizermos:
Etiquetas: Recordar-te-ei até ao meu último dia
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Uma mulher.
CONTINUA.
Etiquetas: ALENTO, DOR, ESCRITA, HISTÓRIAS, PENSAMENTOS
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Como é que uma pessoa sabe(?):
b) Que não vê a coisa porque não pode.
c) Que não vê a coisa porque essa não existe.
d) Que a coisa não existe mas está a querer vê-la.
e) Nenhuma das anteriores ou de como uma pessoa nunca sabe. (Nada.) (De nada.)
Etiquetas: DOR, DÚVIDAS, PENSAMENTOS
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Tenho uma teoria na mona há anos...(desde que instalei o sitemeter)
Como sabem (caso não saibam ficam a saber) a maioria dos meus visitantes padecem de glândula salivar entupida (e de casa vez que o refiro num post, mais aumentam as visitas. Cada um faz o que pode pelo seu blogue.) que se traduz num inchaço por baixo do queixo - Ao qual, não raras vezes, chamam bola. - ou, ainda, em dor ou salivação anormal ao ingerir alimentos. Ora... O que os meus queridinhos 7 leitores genuínos desconhecem (os restantes 30 e tal têm o problema referido, ou andam em busca das melhores técnicas de cábulas, ou de uma ou outra coisa de cariz sexual que me não convém, de momento, referir) porque ainda não vo lo disse, é que esses sofredores são quase todos do país irmão. "Então qual é a tua teoria?" - Gritam vocês daí em pulgas para ter acesso à dissertação de chacha do dia.
Ei-la: Acredito que por serem de um país tão quente, são mais ardentes, beijam muito mais e vai de maneiras que isso conduz ao entupimento das glândulas supra-referidas.
Era só. Um abraço.
Etiquetas: BABOSEIRAS, Ó não mais um post sobre o sitemeter, Teorias de chacha ou não...
sábado, 14 de maio de 2011
Um Teatro às Escuras - Pedro Tamen
A maior parte das vezes quando me agrada uma escrita procuro saber mais sobre quem empunhou a pena. Neste caso, li uma entrevista do sujeito que me encantou de tal maneira que não hesitei em adquirir um exemplar do seu mais recente trabalho.
Deparei-me com poemas que são as deixas de uma dramaturgia pensada ao pormenor. Assisti à acção e, em simultâneo, aos bastidores. Apercebi-me dos “problemas de iluminação” que afectam todos os responsáveis por levá-la à cena: o contra-regra; o autor da música; o encenador; o electricista; o ponto; o imprescindível público. Todos desconhecedores, afinal, do texto, munidos de esperança que os ilude abrilhantando o futuro inexistente. Até o encenador - Segundo o autor, uma metáfora de Deus. – sente o desnorte e a impotência que o desconhecido impõe.
É a expectativa do acontecimento que nos move e não o acontecimento em si mesmo, daí que nos possamos considerar actores incapazes de parar com a representação de uma vida que não o é deveras, quando nos protegemos constantemente com “guaritas” que nos coíbem de sentir. Diz “Ela” na página 46:
«(…) e outro tempo de calmas e de mel
Eis que somos mais do que meros espectadores sentados numa “floresta de cadeiras” (Imagem belíssima – Pág.9) porque nos revemos “nele”, “nela” e nas restantes vozes. Assaltam-nos as mesmas questões, as infindas ambiguidades, buscamos revelações, tememos a obscuridade. Irremediavelmente sós nesse palco onde se nos desenrola a existência. E então: Somos ou representamos? Podemos saber existir o que não vemos? Há que perceber para ser? Que sei sobre mim? Que sabem os outros do meu ser e que sei eu do deles?
Luz? Talvez quando a peça terminar. Só a morte nos é certa. Viver é cegueira.
“Um caminho pode ser a luz ausente.” (Página 37)
Cesso agora de esmiuçar que, como disse Natália Correia, «a poesia é para comer». Para encontrarem este e outros livros de poesia sugiro, igualmente, uma visita à livraria POESIA INCOMPLETA (http://poesia-incompleta.blogspot.com/)
150 Batimentos Por Minuto – Maravilhoso e original. A adquirir. Sugerir a leitura.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL AQUI.
Etiquetas: ESCRELER, GERAÇÃO-C, LEITURAS, Sugestões
Free Counter