quarta-feira, 30 de novembro de 2011

 

AFORISMO


Angústia é o que nos recolhe a língua, de forma inconcebível.

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

 

CENAS (do lazer) QUE ME TÊM FEITO BEM À MONA*



DO AVISO



DA DOR


DA GARGALHADA


DA ESPERANÇA (e da coragem)


DO ALENTO



*CLIQUEM NAS IMAGENS PARA SABER ONDE AS ENCONTREI.

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sábado, 26 de novembro de 2011

 

 

DO APRENDER A TRANSGREDIR

As palavras, lidas de relance, não lhe abandonavam o pensar.

“PORCA”

                                                                           “ODEIO-TE”
“NOJENTA”           “MUDA DE CAMISA!”
                                                                                                           “CHEIRAS MAL”
                 
                  “CHAVALA JAVARDA”
                   
                                                                  “RIDÍCULA”

“ODEIO-TE”

Dirigiu-se ao WC do pavilhão A. Retirou a carta que ardia no bolso de trás das calças de ganga, por demais justas, esquecendo as restantes. As que prometiam amor, um cinema, sorrisos ou encontros. Que fossem fictícias e outra forma de gozo, não era importante. Não se comparavam à pujança com que esta a tocara. Releu as agressões como a poemas-soco. Soletrou cada vocábulo deglutindo-os. Tremia. As mãos geladas. Pensara rasgar a missiva deitando-a em mil bocadinhos para a sanita. Saía dali e fingia com sorriso arrancado aos pés, que não havia aquela dor tão grande a carcomê-la. Tomaria banho, assim que pudesse. Trocaria a camisa de flanela aos quadrados, por outra das quatro que costumava envergar. Pentear-se-ia. Ainda a ergueu ao nível do nariz para principiar a tarefa. Mudou de ideia.

- Sim. Decidi de outro modo. Não me arrependo.

- Tem noção que terá consequências?

(Encolheu repetidamente os ombros)

- Sinto-me bem. Logo à noite deito-me e durmo descansada.

- Conte-me o que se passou, para que a sua versão conste do processo.

- Há esta cena das cartas dos namorados no 14 de Fevereiro não é?

- Sim…

- Pois. Essa porcaria só serve para gozarem os otários. Marcam encontros falsos, naquela de irem espreitar o parvo na inútil espera; enviam recados em nome de terceiros que, amiúde, nem gramam o destinatário; escrevem recadinhos lindos esvaziados de verdade, enfim, trinta por uma linha. Recebi várias dessas cartinhas. Não me chateiam. Imagino, inclusive, que são genuínas e chego a sentir orgulho por receber três, ou quatro. É normal uma miúda achar que tem direito à atenção de outrem. Pouco me mói se é brincadeira. Sonho que não e tudo bem até ao ano seguinte. Nem me questiono sobre a ausência de outros sinais além dos bilhetes do 14/02. Antes de esquecer o assunto, espreito de esguelha para o bar, certificando-me que, de facto, ninguém. Um João, um Rodrigo, um Eliseu. Alguém. Tenho convivido bem com isto. Este ano foi diferente. Aquela estúpida de merda…

- Modere a linguagem por favor.

- Ok. Aquela imbecil do caralho…

- Olhe que só piora a situação que já não é famosa.

- Tem razão. Peço desculpa. Como ia a dizer, aquela sonsa fez-se passar por minha amiga enquanto fomos colegas de turma, quando tudo o que queria era livre acesso aos meus testes. Fui coisa a usar enquanto deu jeito. Pois bem, assim que deixámos de ser da mesma turma, passei a alvo declarado de troça. Antes camuflava as suas opiniões sobre mim, atribuindo-as a terceiros. “Ah sabes o que é que o fulano disse?... Pois! Nem concordo, mas…” Semeava insegurança. Teve a lata de me vir questionar sobre o número de cartas que recebi para aferir a minha reacção. Encarou-me de olhos muito abertos farejando. Panhonha, ao invés de lhe dizer ali seis certezas ou, até, um empurrão, fui para a casa de banho agoniar-me sozinha. Incapaz de chorar, ou exprimir, o princípio do sofrimento que aquilo me causou.

- Continue. Sem se exaltar, por favor, que isto para o seu lado já se complicou quanto baste.

- Está bem! Ora, encontrava-me nesse impasse, engasgada de mágoa, decidida a rasgar a carta quando me deu a vontade.

- Hum… Hum…

- Não foi planeado está a ver? Como adivinhar aquela aflição?

- E o saco onde transportou a matéria?

- Um feliz acaso. O resto já sabe como aconteceu.

- Pois sei. Quer acrescentar algum pormenor, que me não tenha sido comunicado pela outra parte?

- Sim. Quero dizer, em minha defesa, que confirmei junto dela, antes de fazer fosse o que fosse com o “acaso”, se tinha sido ela a escrever-me.

- O que lhe respondeu?

- Riu-se. Riu-se muito, enquanto piscava o olho à Helga. Eram gargalhadas que doíam. Passei-me e utilizei o “acaso”.

- Então admite que o premeditou?

- Tanto quanto se pode premeditar um cagalhão.

- Já a avisei para ser bem-educada.

- Desculpe. Estou nervosa. Mas não arrependida, deixe lá isto aí escrito na sua folhinha. Lamento, igualmente, não a ter obrigado a comer a carta. Ainda agora me pesam no estômago aquelas palavras.

- A família dela exige um pedido de desculpas.

- Com certeza. Aceitá-lo-ei com todo o gosto.

- Está a fazer-se desentendida? Eles querem que peça desculpa à Vanessa.

- Fá-lo-ei se ela o fizer também.

- Ela alega que é mentira. Que a Andreia a inveja e por isso lhe fez aquela maldade.

- Ah ah ah ah.

- Recusa-se a pedir-lhe desculpa?

- Ah pois recuso! O que eu lhe fiz vê-se. Depois de um banhito com sais do boticário, perfuma-se com Aqua Fresca, veste um pijaminha quente e fofinho, dorme e aquilo passa-lhe! Amanhã, ou depois, cheiro nenhum a merda. Pelo menos, literalmente. O que ela me fez e a outros, não sai. Fica-nos dentro. Para sempre. Hei-de encontrá-la adulta, longe destes quinze anos turbulentos e tremer enquanto a cumprimento inepta para lhe demonstrar o quanto a desprezo. Dar-lhe-ei dois beijinhos, como se me merecesse consideração. Temê-la-ei, de novo. Como se a qualquer momento balões de banda desenhada me viessem legendar:

“PORCA”
“ODEIO-TE”
“NOJENTA” “MUDA DE CAMISA!”
“CHEIRAS MAL”
“CHAVALA JAVARDA” “RIDÍCULA”

“ODEIO-TE”

- A fantasia apaziguou-a com o passado?

- De que maneira!

- Que fará se um dia a reencontrar?

- O mais provável será ignorá-la. Dois beijinhos não darei decerto. Que nojo!

- Dir-lhe-á alguma coisa?

- Não.

É-me suficiente saber que, no presente, não permitirei que me violentem daquela maneira.

Andreia AM Sábado 29/10/2011 (23h) a Domingo 30/10/2011 (00h37mn)

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

 

PARA ACABAR DE VEZ COM A LEITURA - HOJE - Pegai* num livro e ide por deus!


* Vê-se "mêmo" que ninguém cá vem, pá. Então tinha "pagai" ao invés de "pegai" e ninguém me diz uma palavrita sobre o sucedido?

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

 

COME BACK

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domingo, 20 de novembro de 2011

 

AJUDEM-ME. POR FAVOR.

1) Vão à página http://www.conteconnosco.com/

2) GOSTAM (dedinho para cima na dita cuja)

3) Procuram-me - http://www.conteconnosco.com/trabalho-detalhe2.php?id=2060

4) Gostam. (Dedinho para cima no meu 17/11/2050 = clicar na barra que diz VOTAR)

5) VOTAM DIARIAMENTE e passam palavra a TODOS os amigos. (Vá lá eu sei que todos os dias vão à vossa página. Demora 7 segundos, mais coisa, menos coisa.)

6) Eu fico contentinha. Cheia de alento e assim.

7) Vocês fazem uma boa acção.

AGRADECIDA!

Resumindo: 1) www.conteconnosco.com/  - Dedinho para cima 2) http://www.conteconnosco.com/trabalho-detalhe2.php?id=2060 - Dedinho para cima DIÁRIO = Clicar em VOTAR

PASSEM PALAVRA. ISTO COMEÇOU EM OUTUBRO (eu, para não variar, chego atrasada à cena.) TODA A AJUDA É PRECIOSA.

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

 

INSTANTÂNEOS XIV

Corre na passadeira ao lado do Editor de apelido Leporídio. Ri-se, por dentro, do acaso. Pensa: Tão perto, todavia, (ainda) demasiado longe. Maravilhoso lugar-comum. Canta(-lhe), com as entranhas, os seus contos, como se tocassem no MP3, sem bateria, que finge marcar-lhe o ritmo da passada. Ignora ruborizada a incredulidade dos demais. Ele observa-a de esguelha. Desconhece todas as letras, atribuindo-o à provecta idade. Pensa (ofegante): Boa música.

Sumário do exercício: 33 minutos; 107 Kcal; 4.5km.

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

 

O ESTRANGEIRO – Albert Camus - by me na GERAÇÃO-C olaré


Retorno aos clássicos com “O Estrangeiro” de Albert Camus (1913-1960. Nobel da Literatura em 1957). Afigura-se história simples: Morre a mãe de Mersault e este cumpre a função de ir ao velório e ao funeral. Não chora. Namora com Maria porque a deseja. Trabalha num escritório, para ganhar um ordenado. Tem um amigo, Raimundo, que se envolveu em quezília com o irmão de uma amante que espancou. Almoça no Celeste. Trivial. Indiferente ante as escolhas do quotidiano que, segundo ele, jamais fazem a diferença, dado que todos mortos um dia. Numa tarde de Verão dispara cinco tiros que se revelam fatais para outro homem, porque se desnorteia com o calor.

Será julgado. Testemunhamos o esgotante desenrolar do processo de acusação. Constatamos que, para os acusadores, o crime maior não terá sido assassinar um homem. Foi não carpir a mãe.

Acaba-se-lhe quem o trouxe para a vida e nem uma lágrima, um soluço, um tremor? Sinal nenhum de desconsolo? De facto, como o próprio esclarece, estaria com demasiado sono para viver, em condições, a perda. As necessidades fisiológicas impõem-se-lhe amiúde ao bom senso e aos deveres sociais. Há muito que nada diziam um ao outro, motivo bastante para que lhe não doesse tanto a despedida. Preferiria, note-se, que tivesse continuado viva, todavia, a culpa do falecimento não fora sua. No dia seguinte à descida de sete palmos da ascendente vai até à praia, namorisca com Maria e termina a noite no cinema, com uma comédia do Fernandel. Insensível, ou tão-só fiel a si mesmo?

Dir-se-á de alguém que diz o que pensa e sente que é honesto. Sincero. Confiável. E se as razões e sentires dessa pessoa chocam os outros? Agridem, até? Se vão contra tudo o que lhes incutem desde o ventre? Então desejarão que se cale (nós também), de preferência para sempre. Eis o que sucede ao anti-herói desta obra-prima de 89 páginas. Será sentenciado por se expor em demasia, ao não omitir certos pormenores do que lhe vai dentro. É descritivo até às entranhas e nunca censório. Não há floreados no discurso de Mersault, ou hipocrisia e é isso que o trama quando, ironicamente, se manteve calado a maior parte da existência, por considerar não ter o que de relevante dizer.

Culpado de não chorar, de assumir as urgências e os não-sentimentos. Culpado de não ser, nem agir, como os demais. Estrangeiro em terra de mentirosos. Ninguém aguenta a verdade inteira, como não se tolera olhar directamente para o sol. Foi a inteireza que condenou Mersault e é nessa que renascerá.

A um instante da execução crê recomeçar. Nesse momento de expiração, mais do que o amem, deseja com fervor que o odeiem profunda e exultantemente. Somente bizarro, ou derradeiro grito de liberdade?

195 BPM – A adquirir. Um livro para reler a vida toda. Cito o advogado de defesa: «Eis aqui a imagem deste processo: tudo é verdade e nada é verdade.»

Publicação original AQUI.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

 

PARABÉNS JOÃO

Sei pela tua irmã que este era "O" dia do ano. Adoravas festejá-lo. Vou imaginar-te rugas que não tinhas, pudesses envelhecer deveras . Manténs-te vivo no coração de todos por quem passaste com o teu sorriso bonito. No meu também. Continuo a lembrar-te e a prestar-te o meu tributo sendo grata por cada dia. Aquele abraço João. Vemo-nos, de novo, um dia. Fazes muita falta.

Os nossos Pearl Jam.

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