quarta-feira, 19 de setembro de 2012

 

Gerar é responsabilidade.
  quantos não o fazemos enlevados por expectativas pessoais. Não deles. Não para eles.

Onde deveria haver tão-só Esperança.
  vive como és (queres).

Ninguém nos ensina a criar.
  quem apto a nunca sentir o aterrador aperto de estar a fazer tudo mal, em cada instante? I-

Çar-te, encarar o teu sorriso, saber-te inteiro. Sejam os meus intentos.
  não me permitas intrusões, asfixia(s).

Anda pelos teus pés. Não deixes que te atrase, tentando caminhar por ti.
  quererei ser perfeita.

Limita-te a aceitar-me, sabendo-o utopia. Não sofras porque não mudo. É natureza.

  permanece leal à tua. Não te mortifiques a mudar(-te) por mim. (Não valorizarei.)

Ouve-te. (Age.)

amo-Te.

Andreia Azevedo Moreira

14/08/2012, pelas 12h03 para G. a “18”/10/2012 (40)

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

 

Geração C – O chão dos pardais – Dulce Maria Cardoso


A vida é fingimento. «O chão dos pardais» - Dulce Maria Cardoso (1964), Edições Asa, 2009 - acorda-nos para a terrível constatação. Não saberemos como fugir-lhe.

Alice finge que é criança habitando castelo de sonho, em conto de príncipe e princesa com o marido Afonso. Este recusa a velhice e simula juventude. Patrocina pesadelos disfarçados de histórias de encantar a jovens mulheres. Sofia é uma delas e muito bela crê que os sonhos se concretizam em hotéis de luxo, jóias caras e viagens longínquas que a levam para lugar nenhum, que não avassaladora escuridão por demais distante do seu genuíno amor, Júlio.

Manuel e Clara são os filhos a quem Alice já não sabe como demonstrar o seu amor. Díspares das «crianças louras com sardas» de outrora, imaginadas perfeitas. O primeiro perde-se nas horas em frente ao computador nutrindo romance virtual que o redime da sentença, num caso de negligência médica, que lhe pende sobre o futuro. Clara oculta, tanto quanto consegue, a paixão pela empregada Elisaveta. Foragida de Viltz conheceu a fome e o frio no corpo e finge desconhecer o «tremer bom» que a proximidade da descendente lhe provoca.

Eugénia não existe. Nasceu num quarto dos fundos qual sombra da luminosa Alice. Fadada para a serventia, para um não-lugar no país das maravilhas da patroa.

Gustavo é o biógrafo contratado para elaborar a prenda perfeita para o sexagésimo aniversário de Afonso. O grande sucesso da sua carreira fora assegurado pela biografia não real de um coronel fictício. Quem melhor para escrevê-lo(s)? Recordação ideal para uma festa preparada ao detalhe pela esposa dedicada.

Júlio deitará por terra tais aspirações. Sendo o único disposto a viver em inteireza  e uma vez ferido pela mentira, pertence àquela minoria que não teme pagar o cru e oneroso preço da(s) sua(s) verdade(s). A festa tornar-se-á memorável, todavia, não como premeditara a anfitriã.

Feita de pessoas como nós, em mentiras como as nossas, a narrativa evolui tendo como pano de fundo a morte da princesa Diana de Gales, sussurro contemporâneo da infelicidade mascarada.

Todos sabemos do desacerto entre o que somos dentro e o que fazemos fora, como o relógio do aparador na sala de Alice «que nunca conta o mesmo tempo dos outros relógios» (pág.10) e que «O tempo trabalha a favor das fraudes. É sempre preciso que alguém queira saber o que se passou. E ninguém quer.» (pág.222)

A realidade é, amiúde, insuportável.

150 BPM – Um volume imperdível de uma escritora admirável. Adquiri-lo numa pequena livraria, como a “Pó dos Livros, por exemplo. Emprestá-lo uma vez lido, para que não se quede esquecido numa estante.

PUBLICAÇÃO ORIGINAL AQUI: http://geracao-c.com/conteudo.aspx?lang=pt&id_object=12468&name=O-chao-dos-pardais-–-Dulce-Maria-Cardoso,-por-Andreia-Moreira

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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

 

O chão dos pardais nas frases que me abalaram:



«O acto de escolher é o mais importante.» (Pág.31)
 
«De todas as distâncias que separam as pessoas, a geográfica deve ser a menos importante.» (Pág.35)
 
«(...) a memória é quase a mesma coisa que o arrependimento. Só recordamos o que não vivemos plenamente,» (Pág. 40)
 
«Clara apaixonou-se naquele instante, provando que a paixão pode medrar de um olhar.» (Pág. 48)
 
«Ela nem sequer me viu. Mas garanto que desde então não passou um mês sem que eu não tenha pensado naquela rapariga.» (Pág. 48)
 
«As casas por habitar dão-lhe a ideia de que era muito fácil mudar de vida.» (Pág. 49)
 
«Confessamos os crimes morais por uma questão de companhia.» (Pág.75)
 
«O que me custa mais é pensar que o que sentimos é uma criação voluntária.» (Pág.110)
 
«Os princípios morais não valem nada enquanto não forem testados.» (Pág. 112) 
 
«O amor faz bem a quem o sente. Aos amados nem por isso. Tolhe-os. Endivida-os.» (Pág.173)
 
«O tempo trabalha a favor das fraudes. É sempre preciso que alguém queira saber o que se passou. E ninguém quer.» (Pág. 222)
 
 
Em breve as minhas postas de pescada...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

 

"AMANHÃ VAIS VER!"

Nunca viram (vêem). O que se quer é adiar o cumprir dessa(s) promessa(s) impossível(is).



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