sexta-feira, 5 de maio de 2006

 

VÁRIAS IDEIAS...

Hoje tenho algumas ideias para partilhar...

1ª ideia a partilhar:
Deixar registada uma data que deixei passar em branco, mas que quero assinalar por ser tão importante como todas as outras que tenho "divulgado". Dia 27 de Abril fez anos a minha prima Zita. É uma pessoa espectacular, um ser humano CHEIO de valor e uma prima por quem tenho muito carinho ainda que não veja muitas vezes. Os meus votos para os 30 anos dela, é que ela se aperceba finalmente do VALOR imenso que tem e da GRANDE pessoa que é. Independentemente do que terceiros lhe tentem (ainda que sem se aperceberem) incutir.

2ª ideia a partilhar:
Já é a segunda vez que me dirijo ao Centro de Emprego de Cascais e me deparo com a seguinte cena... Um imigrante, de uma qualquer nacionalidade, mas com grandes dificuldades no português, vem ali para justificar porque faltou a uma qualquer chamada de oferta de emprego. Então, a funcionária com aquele ar muito compenetrado típico de repartições públicas e com aquela voz autoritária e estridente também típica das mesmas (Possivelmente para que todos possamos ouvir e fiquemos a conhecer os problemas das pessoas...Sempre preocupados com os utentes!!). "VAI TER DE ESCREVER UMA CARTA A JUSTIFICAR (Será que eles sequer entendem o que significa "justificar"??) PORQUE FALTOU." "Mas yo no sei como escrever essa carta... Não me puode ajiudar??" "NÃO POSSO. JÁ VIU O QUE ERA ESTAR A AJUDAR TODA A GENTE?? VÁ PARA ALI, PEÇA AJUDA A ALGUÉM E DEPOIS TRAGA-ME A CARTA OK?" "Mas... Mas... Mas..." "PRÓXIMO!" E lá sai a pessoa para trás do biombo olhando em volta desorientada sem saber o que fazer. Olhando para as pessoas (portuguesas) que desviam o olhar, fingindo não perceber que poderiam dar uma ajuda. E perguntam vocês porque não ajudei eu? Ora destas três vezes que assisti à mesma cena, aconteceram três coisas diferentes... O primeiro homem a quem aconteceu isto saiu disparado pela porta sem me dar tempo de o ajudar. A segunda senhora, comoveu (não sei se pelo género) a funcionária e ela lá lhe fez a carta e o terceiro homem ia com um amigo que o ajudou a resolver o problema. Caso contrário eu teria mesmo redigido as malfadadas cartas que lhes pediam! Agora o que eu pergunto é: ENTÃO ELES (do IEFP) AINDA NÃO PERCEBERAM QUE TÊM DE TER UMA PESSOA A DAR APOIO A ESTES IMIGRANTES?? Que já é tudo tão difícil para eles, ainda lhes pedem redacções pomposas a explicar porque é que faltaram à merda (desculpem lá o termo) da entrevista? É uma desumanização total dos serviços. Ou então, deixavam-nos escrever na língua deles e depois que traduzissem... Qualquer coisa... Agora tratar as pessoas daquela maneira é que não. Deve ser muito difícil estar num país estranho em que, qualquer tarefa banal se transforma num exercício olímpico. Deve ser muito difícil viver viver assim... Não imagino.

3ª ideia a partilhar:
O meu amigo Marinho enviou-me este texto BRILHANTE do Mia Couto. É grande mas leiam até ao fim. Vale a pena!

"Os novos ricos" pelo Mia Couto


A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem. O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efémeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas (1) muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza. Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade. As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. Por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam. O fausto das residências não os torna imunes. Pobres dos nossos riquinhos!
São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam de ser sustentadas com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído. Os nossos endinheirados-às-pressas não se sentem bem na sua própria pele. Sonham em ser americanos, sul-africanos. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos. Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal-explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles a tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada. A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores. Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado «a luta pelo progresso»? Os nossos novos-ricos (que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país. São nacionais mas só na aparência. Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que esses outros lhes agitem com suficientes atractivos acabarão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros. Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar aguardar o país. A comunidade doadora pode ir às compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos endinheirados dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem crianças que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação. Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que Moçambique tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as regras do jogo. Numa palavra, ricos que nos enriquecessem. Os índios norte-americanos que sobreviveram ao massacre da colonização operaram uma espécie de suicídio póstumo: entregaram-se à bebida até dissolverem a dignidade dos seus antepassados. No nosso caso, o dinheiro pode ser essa fatal bebida. Uma parte da nossa elite está pronta para realizar esse suicídio histórico. Que se matem sozinhos. Não nos arrastem a nós e ao país inteiro nesse afundamento.

Comments:
hum.... um comentário geral - BRUTAL.
ainda n tenho ticket p/ os pearl.... n tive tempo para - mas em compensação aquela coisa no casino correu bem, aliás muito bem! foi uma experiencia única e fantastica! realizei pelo menos os meus dois sonhos de vida! acho q, hoje em dia, nem toda as pessoas têm a oportunidade de realizar os seus sonhos e, nisso, senti-me muito abençoada - ao ponto de porem questão mudar o rumo da minha vida...
mas foi muito bom e muito mas muito intenso!
gostava de partilhar iisto contigo.
depois mostro-te fotos e vídeo.
beijo grande,
cris
 
CRIS! Fico tão feliz por ti! Ainda bem que correu td tão bem. Quero mesmo ver essas fotos e esse vídeo! Temos de combinar! Se sentes alguma coisa dentro de ti a chamar-te, vai em frente! Não desistas! Somos capazes de tudo se realmente nos empenharmos. E a vida é muito curta para andarmos insatisfeitos! Mts bjinhos e arranja lá um tempinho para me mostrares a tua estreia!
 
Este texto só me deixa mais revolta
Saturação, angustia, vergonha de onde vivo, Pensei que acabava tudo em 2000 afinal nao...

a cada minuto só confirmo que de imperfeiçao só existe o Homem.

Se o meu silêncio fosse partilhado deixaria de poder ouvir qualquer coisa tal seria a sua violencia que qualquer palavra nao seria audivel....

Como é possivel se escrever assim tal verdade e ao mesmo tempo se viver com ela? Nem ele foi capaz...

Ass: O deserto e um troco de arvore sem flor...
 
andreia, desculpa mas deixa-me atecipar a tua reposta a este ultimo post q "alguem" te enviou:
quando li este texto senti o mesmo... senti uma incompatibilidade gigante com o mundo q nos rodeia, com a sociedade e, tal como tu, com o Homem. Mas, depois de me angustiar, revoltar e finalmente esfriar a cabeça, resolvi comentar numa simples palavra para não me magoar muito - brutal. Só depois descrevi um momento unico que vivi - e ao contrário q pensas, não foi apenas para partilha-lo com a nossa Deia, foi para partilhar com todos os q se sentiram como nós ao ler o texto fantástico do Mia Couto. Há momentos únicos na vida de um Homem q devem ser vividos e q fazem desta nossa passagem, transformando-a numa vida maravilhosa. Partilha connosco os teus momentos unicos e abre esse teu silencio com os q gostam e se preocupam contigo.
és bonito demais para silenciares a tua razão e o teu coração.
abre esse teu silêncio para ensinares e mostrares ao mundo q ainda há pessoas como tu, como nós.
sê o "contrapeso" desta sociedade, juntamente connosco q lutamos diariamente para sermos felizes.
sê feliz connosco.
sê feliz comigo.
um beijinho para ti.
cris ( - a revoltada q de vez em quando tem dias como o de hoje - positivo - e até sabe escrever umas coisas jeitosas!! - mas só de vez em quando....!)
 
andreia - desculpa "falar" por ti. mas acho q n te importas...!
beijoca gorda pra ti!
 
Cris e "deserto..." a vida é feita de partilhas. Obrigada por partilharem este meu espaço. Existe muita injustiça neste mundo, praticam-se atrocidades todos os dias, existem realidade que podemos até intuir mas que nunca perceberemos pq não as vivemos. O que posso dizer é que cada vez mais tenho consciência que todos temos um dever. Que não nos podemos fechar no nosso mundinho confortável e sem problemas a dizer "está td mal" "está tudo mal". Temos de agir. Ainda que seja numa escala aparentemente insignificante. Há que mudar mentalidades e há que agir de qualquer maneira. Se todos pensarmos assim havemos de conseguir alguma coisa. Ainda que nos pareça qs sempre que o que fazemos de nada serve... Temos o dever de fazer alguma coisa pelos outros enquanto vivermos. Sejam quais forem esses outros de que falo. Cada um encontra o seu caminho de AJUDAR. Temos de deixar de vez o egoísmo e o egocentrismo e a futilidade inerente a esse metal inglório que cega tt gente... TEMOS MESMO. Bjinhos.
 
AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHAA
AHHHHHHHHHHHHHHHHHH


GRITAR É A VONTADE QUE TENHO

OS PARTICIPANTES DESTE BLOG QUE ME DECULPEM....

NÃO ESTA FACIL...SEGURAR A BARRA...


# DESERTO UM TRONCO DE ARVORE SEM FLOR#
 
primadeia!!!adorei ver o teu texto á mha pessoa!!!amei,chorei mas nao estranhei.. pk da tua pessoa ha mt p dar solidariedade amizade compreensao e alegria!!akompanhaste m em muitas das coisas da vida e é mt bom sentir no koraçao akeles k adoramos!!p mim foi das festas e enkontros de amigos/familia k mais m markou!!k estejamos daki a +30 anos!! obrigadao prima adoro te!! beijoezz
 
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