quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

 

Cá está:

A prova que eu sou só mais uma na manada. Aqui vai o meu 2008:

2008 foi para mim um ano em cheio. Fiz 30. Eu e mais uns quantos que me são queridos. Entrámos nessa maravilhosa nova faixa etária onde nos sentimos ainda jovens, mas somos olhados já como cotas especialmente pelos "pequenitos da geração morangos" que nos dizem "Desculpe..." Ou "Olha a senhora cuidado..." e tratamentos deferentes afins.

Em Fevereiro jantei com a Lídia Jorge num encontro mágico proporcionado pela Bertrand. Um momento único que me deu conhecer uma pessoa encantadora, sensível e de uma simplicidade que torna impossível não gostarmos dela, assim de imediato sem muitas explicações.

Foi também em Fevereiro que assumi o luto que há muito se impunha em mim.

Em 2008 morreram-me pessoas. Morreram pessoas aos que amo e sofri com eles as (suas) perdas. Sinto agora mais do que nunca a nossa efemeridade. Pessoas que julgamos eternas na nossa vida e que de um momento para o outro se vão, deixando-nos buraquinhos no peito. Buraquinhos que se enchem de saudade. Uma saudade que às vezes sufoca.

Partiram também amigos de quatro patas. E isso, embora inconcebível para alguns, dói tanto como quando partem pessoas.

Foi um ano em que li mais, embora ainda não o suficiente. Fui ao teatro e a concertos vários. Vibrei como sempre com essas artes. Alguns baldes de água fria, mas lá está, prefiro sempre arrepender-me de fazer do que ficar a pensar no "E se..."

Neste ano saiu o filme da minha vida: Into the wild.

Comecei a comprar a LER uma revista que gosto muito e me ajuda na luta que travo contra a minha ignorância.

Nasceu o Francisco e outros bébés se geraram no nosso grupo de amigos. Uma nova fase. (Que me assusta é certo. Não quero deixar de ser "EU" mas que encararei quando chegar a altura como tudo o resto "Hei-de ser capaz".)

Em Junho acabei por não ficar no desemprego.

Algum voluntariado. Pouco. Sei que devo mais. Sei que posso mais. Afastar o egoísmo. Urgente.

MUSA 2008, não correu como merecia. Mais uma vez, uma aventura gratificante e enriquecedora. Havendo lá estarei em 2009.

Durante este ano ouvi muitas coisas: "É bom" "É muito bom" "É comovedor" "Está incompleto" "É juvenil" "É maravilhoso" "Não tem qualidade" "Não gosto do princípio". Ouvi. Aceitei. Alegrei-me. Engoli em seco. Doeu-me às vezes. Às vezes quis parar. E ainda não decidi o que fazer. Sei que não foi em vão. Sei que serviu para mim, para o meu crescimento. Sei que uma amiga "encontrou" ali o seu amor. E por isso já fez muito. Talvez tudo. Talvez esteja cumprido o seu papel. Foi o início. O meu início. E por isso é grande. É meu. Talvez esteja pronta para desistir dele e começar tudo de novo. Sei que estou. Sei que quero caminhar, não quero apenas chegar.

E depois houve o curso de escrita criativa que durante 10 sessões me deixou num enlevo, me desafiou e me fez ver que tenho ainda muito que trabalhar, muito que aprender. Conheci pessoas que me encantaram, fiz uma AMIGA. Daquelas que espero continuar a acompanhar. (E mais uma vez cai-me por terra a teoria que não se fazem amigos na vida adulta. Fazem sim.)

Viajei. É onde emprego o dinheirinho com mais gosto.

Termino o ano com uma resolução que me deixou feliz (não, não é aquilo de andar nua, é outra coisa). É no hoje que eu vivo e é neste hoje que pretendo ser feliz. Pouco me importa o dia que poderá vir e em que talvez, tudo não seja tão risonho.

Tenho uma vida cheia e se morresse hoje não me importava. Embora tivesse pena de não poder continuar a preencher o meu caderno.

FELIZ 2009

(Posso dar-me ao luxo de dizer estas coisas todas. Há quem não tenha semelhante sorte em muitos - demasiados - países. É injusto.)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

 

Acerca do vestuário

Talvez já não tenha idade para usar Bershka.

Não me identifico com o que vejo por aí.

Resolução para o novo ano: andarei nua.

(Adenda: No Inverno permito-me um sobretudo claro)



segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

 

ESTOU/SOU FELIZ

Ontem foi um dia importante. Qualquer dia direi porquê. Até lá, alegrem-se comigo mesmo sem saber a razão. Obrigada. :)

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sábado, 27 de dezembro de 2008

 

"Ver" os outros

Em muitas das minhas manhãs rumo à prisão (perdão, rumo ao trabalho. Sim, felizmente que o tenho blá blá blá blá. Que Deus não me castigue pelo sacrilégio blá blá blá blá. Sim reconheço que não fotossintetizo e como tal necessito de um trabalho como as pessoas, blá blá blá blá) olho para os outros que me acompanham nos transportes públicos e tento imaginar-lhes as vidas.

Nota: os transportes públicos são fonte inesgotável de inspiração.

Há um senhor que me fascina. Desde a primeira vez que o vi que me prendeu o olhar nele, com o seu estranho modo de ser e sempre que o vejo ponho-me a magicar. Cheguei a escrever na agenda ao pormenor o seu aspecto para um dia poder "usá-lo" nas minhas histórias. Esse dia chegou numa aula do curso de escrita criativa que frequentei entre Setembro e Novembro (Aquela paixão de curso pá). Tínhamos de construir o perfil de uma personagem (físico, social e psicológico).

Saiu-me o que se segue.

(Ainda não desisti dele. Vou melhorá-lo, completá-lo, construir-lhe as companhias e o senhor do autocarro passará a ter existência paralela.)

“Storyline”: Caberá uma vida inteira em duas pesadas sacolas? Pode o peso de uma existência ser suportado diariamente? Afonso acha que sim. Afonso sabe que tem de ser assim. Quando a catástrofe que pressente (paranoicamente), há anos, acontecer, irrefutável, quer ter tudo aquilo de que necessita consigo, para poder começar de novo onde quer que seja. Todos os dias para si são importantes porque encerram uma busca da qual só desistirá se morto. A busca pela Inês que conheceu e perdeu antes que pudesse, quem sabe, arrepender-se. Apenas o prenúncio do amor. Não o amor em si, mas já o suficiente para que viva uma vida inteira em função dele. É pena que nas sacolas não caibam o seu amigo João Faz e a sua Tia Gertrudes. Não pode sequer imaginar o terror que sentirá, aquando da catástrofe, por não saber deles.

Nome: Afonso Trindade de Noronha
Filho de: Augusto Albergaria de Noronha e Maria Ana Trindade de Noronha 62 anos de idade

Características físicas:
Homem de estatura baixa (1,65m); muito magro; cabelo grisalho forte; ri-se sempre de boca fechada (uma meia-lua apenas) mas tem os dentes impecavelmente brancos e direitos; olhos quase negros; óculos demasiado grandes para a sua face, feitos de massa; barba sempre impecavelmente feita; nariz batatudo; tem um sinal por baixo do olho direito; moreno (mesmo no Inverno a pele tem um tom bonito, ligeiramente bronzeado); as orelhas são muito grandes mas não se vêem porque estão sempre tapadas pelo farto cabelo; mãos delicadas com os dedos muito longos, tem nas mãos regularmente eczema. Tenta minorar a possibilidade de infecção usando nos períodos em que o eczema ataca com mais força umas luvas sem dedos; os pés são enormes (calça 45); no braço esquerdo tem uma tatuagem com o par yin-yang; como come uma cabeça de alho todas as semanas, exala muitas vezes esse cheiro; não tem outro cheiro nos dias restantes; nunca teve uma doença grave (é 100% saudável) raramente se constipa (por causa do alho?); a sua voz é grave e muito bonita (poucas vezes fala); é muito discreto e quando se cruza pelas pessoas baixa o olhar fitando o chão, raramente as encara. Roupa que enverga é muito velha mas impecavelmente cuidada. Não se vê um buraco ou um remendo, contudo o seu ar é de pessoa sem recursos que vive no limiar da pobreza. Sapatos pretos velhos mas sem buracos; calças de fazenda que parecem dos anos 60; pullover, camisa e um blazer com reforço nos cotovelos, usa sempre uma boina preta. Ao ombro um saco muito pesado (o que é indicado pela curvatura do seu corpo enquanto anda) e na mão contrária a esse ombro, outro saco igualmente pesado que contrabalança a outra carga. São sacos grandes de pano muito resistente. Porte digno e aprumado apesar da antiguidade de tudo o que o compõe.

Socialmente: Nasceu em Lisboa, do cruzamento de duas árvores genealógicas de origens abastadas, teve infância muito feliz resultado do amor genuíno que unia os pais. Não fora um casamento combinado como usual à época e sim um encontro de duas almas. A partir do dia em que se viram pela primeira vez, jamais se voltaram a separar, mantendo no entanto a sua individualidade enquanto pessoas. Eram um casal saudável e feliz. Afonso cresceu sem preocupações. Quando a guerra nas antigas colónias portuguesas se tornou um destino traçado, fugiu. Desapareceu a todos (embora mantivesse sempre o contacto clandestino com a sua mãe) e esteve em Londres muitos anos, dos quais tem muitas histórias para contar. Nessa altura perdeu de vista uma mulher por quem se apaixonou perdidamente e de quem nunca mais soube o que quer que fosse. Anda desde 1975, altura em que regressou a Portugal à sua procura, seguindo-lhe o rasto em arquivos de jornais e organismos públicos que possuam dados sobre os cidadãos. Nunca exerceu uma profissão. A sua conta bancária permitiu-lhe sempre viver com o que pensa ser suficiente para que se viva “bem”. É um homem de poucos caprichos. Todos os meses retira até à quantia que julga ser razoável para um dia-a-dia remediado e reserva sempre uma parte para ir ajudando outras pessoas que veja em real precariedade. Vive num quarto em casa de uma tia idosa, na Avenida de Roma que o deixa servir-se das partes comuns da casa como se fosse seu filho. Limpa o quarto duas vezes por mês. Tem no quarto uma gaiola com dois canários que passa a vida aberta porque lhe faz muita confusão a privação de liberdade. Eles nunca fugiram. Na sua mesa-de-cabeceira a fotografia a sépia da mulher que o apaixona há uma vida. Inês Alexandre Belo. Todos os dias deixa o seu quarto em casa da tia e parte na sua busca por Inês. Todos os dias, apanha pontualmente o mesmo autocarro, deixando que toda a gente lhe passe à frente e sendo sempre o último a entrar. Às vezes corre para o apanhar. Às 9h05 todos os dias. Nunca votou. Nunca se interessou por política mas esteve sempre a par de tudo o que ia acontecendo até ao presente. Era forte a convicção que a guerra não era para si. É do Sporting. O pai sempre o levou aos jogos em pequeno, enquanto a mãe ficava em casa da Tia Gertrudes (com quem vive actualmente) a conversar e a tricotar camisolas que levavam depois a instituições de crianças carenciadas. Gosta de música clássica, principalmente em piano que também sabe tocar de forma exímia embora só o faça muito esporadicamente quando a tia sai. Todos os anos vai à ópera, uma única vez, no São Carlos, ocasião para a qual dispõe de um fato novo muito bonito que, todos os anos, se revela adequado. É esse o seu único luxo. O seu prato favorito é caldeirada de peixe. Não entra num restaurante desde que era muito novo e ia com os seus pais mas lembra-se bem do quanto gostava desse prato. A tia não o sabe fazer e ele também não cozinha. Faz o essencial para não morrer à fome. Come demasiadas vezes bolos e folhados e apesar disso uma saúde de ferro e uns dentes invejáveis. Tem um único amigo, João Faz, a quem confia a sua vida e com quem se encontra num dos bancos do Jardim da Estrela. Ele tem Alzheimer e já pouco fala mas ainda o reconhece. Ficam muitas vezes apenas sentados, lado a lado, num silêncio cúmplice. Acredita em Deus mas não na igreja, rezando todas as noites uma oração inventada por si. Solteiro. Nunca casou. Nunca se envolveu com ninguém à excepção das prostitutas a quem paga volta e meia para ter sexo e conversar sobre as mulheres. A Inês nunca chegou a ser sua. Já se masturbou a pensar nela. (Será que isto devia ir para o psicológico - pensar? Ou para o físico? – mãozinha) Estudou até à altura de ir para a faculdade mas nunca ingressou numa. Não lhe interessava. Não precisava também. É uma pessoa interessada que lê muito e senhor de uma vasta cultura a diferentes níveis. Algumas fontes: rádio que transporta num dos sacos que carrega, bibliotecas onde passa várias horas do seu dia devorando os livros que lhe despertam a curiosidade e os arquivos onde enceta a sua busca por Inês e onde aproveita para conhecer outros factos, tanto do passado, como do presente. Não gosta de ver televisão. Não bebe café. Não fuma. Nunca lhe negaram entrada onde quer que fosse, apesar do seu ar.

PSICOLOGICAMENTE:
Afonso é um homem paranóico. Convenceu-se que um dia uma catástrofe o há-de tentar apanhar desprevenido e privá-lo do que considera essencial para viver bem. Resolveu esse medo irracional, transportando todos os dias dois grandes sacos de pano que encerram tudo o que considera vital para começar de novo em qualquer lugar. Nunca a tia o conseguiu dissuadir de semelhante delírio. Nunca ninguém o conseguiu persuadir acerca do que quer que fosse que não estivesse disposto a aceitar. Obstinado fez sempre aquilo que o seu interior lhe ditou. Jamais permitiu interferências exteriores a si no que toca a decidir o seu rumo. Vive todos os dias com a sombra da catástrofe sobre a sua cabeça. Não sabe o que vai ser, mas acredita piamente estar completamente preparado. A única lacuna no seu plano (im)perfeito é não poder transportar consigo nas sacolas as duas pessoas que lhe são mais queridas, o João Faz e a tia Gertrudes. Quanto aos canários não se preocupa. Como lhes deixa a gaiola aberta e a janela com a abertura suficiente para que passem, se assim o desejarem, sabe que irão ter consigo no fatídico dia, ou pelo menos sabe que têm essa possibilidade de o fazer e por isso, por eles, não se atormenta. Gosta muito de ler, aliás é nesses momentos que se sente preenchido, nesses e nos momentos em que procura a Inês. É um saudosista, vive a vida alimentando-se de recordações, algumas das quais mais fruto da sua imaginação romântica do que fruto de uma experiência vivida. De temperamento calmo, nunca discutiu com quem quer que fosse e não suporta quando as vozes se elevam, nem a intolerância das outras pessoas por isso isola-se muito. Não se lembra da última gargalhada. Não se lembra da última vez que chorou com desespero. Tem vivido assim com uma meia-lua no rosto (um estado intermédio e morno) que o demonstra benigno aos outros, aos que conseguem dar por ele. A sua cor favorita é o laranja porque lhe lembra as flores (gereberas) que ofereceu a Inês a última vez que a viu. É um homem de fé. Para ele nunca é tarde. Tem no saco um bloco onde escreve intermináveis listas de tudo o que ainda lhe falta fazer. Não passa por um sem-abrigo ou por uma pessoa que pressinta em dificuldade sem se lhe dirigir. Nesses momentos fala com a sua voz quente e reconforta as pessoas. É também incapaz de virar costas a um animal em sofrimento (um pássaro caído do ninho, um cão ferido, um gato com fome) auxilia-os na medida das suas possibilidades. É uma pessoa afável e carinhosa mas poucas são as pessoas que o conseguem testemunhar dada a sua pacatez. É um homem de uma inteligência intuitiva, não daquelas inteligências de raciocínio rápido em cálculo e em lógica, é antes uma inteligência para as pessoas e para aquilo que lhes faz mais falta (emocionalmente falando). Desprovido de ganância não dá muito valor ao dinheiro que se encontra na sua conta recheada no banco. Acredita ser possível ser-se feliz só com a contemplação da beleza das coisas que são naturais, como um pôr-do-sol, o mar revolto em dias cinzentos, uma planície completamente seca e árida no Verão, as cores de um pássaro desconhecido ou o pêlo macio de um gato. Acredita que verá novamente Inês. Acredita que o seu amigo se curará um dia da doença funesta. Acredita que ainda tem muito tempo para fazer muita coisa. Sente um terror real quando pensa na “catástrofe” e nessas alturas verifica de forma doentia os conteúdos dos sacos. É metódico, rigoroso e honesto. Nunca enganou quem quer que fosse. Tem medo de trovoadas porque acha que são os anúncios da dita catástrofe. Sente inveja dos que amam. Sente ciúme pela vida que a Inês provavelmente terá. Sente mágoa pelo exílio. Apesar de toda a vida ter vivido errante e sem grandes companhias nunca se sentiu só.

Este exercício foi, para mim, um dos mais importantes. Um dos que mais me ensinou. É preciso criar as personagens para lhes escrevermos a história. É o cimento da construção que pretendemos erigir. Sem essas a história é vã.

Outro ensinamento precioso: "Não te contentes com a primeira versão (calona!)."

Quem dera ter um clone que pudesse enviar lá para o outro sítio onde ganho o dinheirinho para eu (a verdadeira) poder ser EU (a verdadeira).

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

 

FELIZ NATAL também a ti

Tenho pena que seja assim.
(Às vezes) Sinto um vazio por não (te) poder consertar.
Sei que “somos” o que é possível sermos.
E ainda assim (de longe em longe) não me conformo.

De longe em longe:

- Apago o passado,
- Esqueço a escuridão,
- Gosto de ti outra vez.

Entretanto a vida segue e tu aí no meu cemitério interior. Consigo colocar-te na campa uma flor branca. Um voto de paz. Mas para sempre, uma impossibilidade inexorável de reencontro.

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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

 

Desapareceu-me um livro num triângulo das Bermudas

Aconteceu-me o seguinte graças à minha estupidez e credulidade:

1) Tinha em minha posse um livro emprestado: "Nenhum olhar" de José Luís Peixoto

2) O livro era de uma amiga da faculdade (onde estudei e mais tarde trabalhei)

3) Um colega do trabalho actual ia até à faculdade dar uma "palestra".

4) Envio o livro para que ele o entregue no bar do pavilhão onde mais anos passei lá dentro (como tantas outras vezes fiz com outras coisas).

5) O livro desaparece nos entretantos.

6) A senhora afirma que não esteve lá vivalma.

7) O colega afirma que lá entregou o dito cujo.

8) O livro estava autografado. (Estúpida deia, estúpida).

9) Resultado: após compra de novo exemplar, preciso desesperadamente de saber onde poderei encontrar o ilustre escritor para lhe pedir novo rabisco.

10) APELO: se alguém dos meus queridos visitantes souber onde o posso encontrar a dar autógrafos, por favor que me avise.

(É que não queria esperar até Junho pela feira do livro)

(Tânia perdoa-me, pode demorar mas eu resolvo a situação).

E é isto.

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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

 

Há anos em que não soa a Natal

A mim só parece Natal porque decidi fazer arroz doce.

Ser criança faz toda a diferença.

Ter crianças também.

Eu ainda híbrida aguardo Natais mais risonhos.

Em todo o caso, sou das que gosta do Natal, há muitos anos, tipo 30.

FELIZ NATAL!

(Não faço já votos para 2009 porque ainda volto. Talvez ainda antes do Natal. Às vezes tenho coisas para dizer.)

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

 

Acerca do silicone

Passado:

- Oh filha queres pôr silicone, silicone faz cancro!

(Argumento forte e obviamente comprovado cientificamente por "eles". Mãezinha diz muito: "Eles dizem que..." E eu acredito.)

- Oh mãe, mais vale um dia de felicidade do que uma vida inteira infeliz.

(A tendência para o melodrama sempre me acompanhou. A primeira recordação que tenho é de dizer aí com uns 4 anos a uma menina no parque de campismo: Julguei eras diferente. E a menina cagou, disse-me "azar o teu" ou qualquer coisa do género e continuou a comer o gelado azul. O que motivou a minha indignação não faço ideia. Só guardo o desprezo dela, mas tenho a certeza que era ela quem tinha razão.)

Presente:

Note to self: Deia eras mesmo estúpida.

(Às vezes ainda és um bocadinho em relação a outros assuntos.)

(A quantidade de barbaridades que sou capaz de dizer, por minuto, em dias maus deveria ser alvo de estudo aprofundado por "eles".)

Isto tudo a propósito: de ontem ter visto uma miúda gira ter transformado as suas mamas bonitas (ou melhor, tê-las posto nas mãos de um médico que as transformou) de mamilos perfeitos, em duas coisas rígidas em que os mamilos ficaram irreconhecíveis e deformados. Mas pronto, se ela hoje é mais feliz, eu tudo bem.

ADENDA: com 17 anos era o silicone. Agora acho que são outros materiais mais evoluídos, agradáveis ao toque e menos nocivos, mas como já não quero saber, também não me dei ao trabalho de ir "googlar". Vá então.

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

 

Vida implacável

Num momento:

- Cumplicidade. Partilha. Dia-a-dia.

Momento seguinte:

- Quase não te (re)conheço.

Futuro:

- Lembras-te de mim?
- Desculpe não estou a ver.
- Ah pois é, parece que me enganei. Desculpe, sim?

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

 

Coragem e espero que não desapareçam para todo o sempre depois disto:

HAVANA

Olhos tristes.
Mãos estendidas, expectantes.
Uma moeda? (Leva-me contigo.)
Os cães. Apenas cães.
Abandonados, maltratados, mutilados, disformes.
Não muito diferentes das casas. Das gentes.
Cidade fantasma sem o ser.
Os castelos assombrados, habitados por pessoas que não lhes podem fugir.
Pessoas que nos olham sem esperança.

- O meu sonho era ver neve.
- Qualquer dia pode ser que vejas.
- Não posso. Não tenho visto.
- Nunca se sabe! Qualquer dia!
- Não podemos. Não temos visto.
- Ouves-me? NUNCA SE SABE!
- Não posso. Não tenho visto.


(Não acreditam ser possível a mudança. Não é hipótese plausível. Não é sequer concebível)

Que fazer com a saúde gratuita, a educação gratuita e a cultura gratuita (Cultura? Haver nas livrarias apenas livros acerca do Che, do Fidel, da revolução. Apenas livros desses? E os outros? E tudo o resto a que as pessoas têm o direito de ter acesso para poder saber o que querem, ou não querem, com consciência? Em que é que esta atitude censória difere do que se passava cá antes do 25 de Abril.) se não há liberdade para pensar diferente, para fazer diferente, para ser quem se quer ser. Que fazer quando o limite não é o céu, mas uma ilha com poucos quilómetros quadrados.

12.000.000 de prisioneiros.

Quantos não desertariam se pudessem? (Quantos não tentam. Quantos não morrem.)
Quantos?
Quantos não olham para nós, os de fora, como numa prece?
Uma prece muda feita com o olhar.
A ânsia de saber, conhecer, perguntar.
E ainda assim, o não falar. O medo. O não falar.
Não é preciso que nos contem para o ver.

Não aguentaria mais um dia n(est)a cidade.

Há seis anos, o deslumbramento. O fascínio pelos carros antigos, pelas casas coloniais imponentes paradas no tempo.

Uma estagnação atroz. Vi agora.

Passado o deslumbramento de há seis anos, uma estagnação atroz, uma lavagem cerebral em massa, uma agressão constante ao que penso. Ao que acredito.
Os cartazes gritam BLOQUEIO CULPADO.

E para mim, para mim que sou uma pessoa básica (nunca me ouviram dizer ser complexa ou dotada de grande inteligência) há muito que o problema já não é “apenas” o bloqueio.

Há muito que a conversa do papão deveria ter deixado de fazer sentido. Não digo esquecer o passado, importante, vital, devendo permanecer indestrutível nas mentes das gentes. Digo: pensar no futuro. Digo: não abandonar o povo à sua sorte, bombardeando-o com parangonas saudosistas e revivalistas. Sim tudo foi importante. Não digo que não. Mas e o HOJE das pessoas? Como fica?

50 anos de uma mesma pessoa a governar não é bom para qualquer país.

Ao fim de 50 anos passar-se o poder para um irmão, não é de um país livre.

Não é uma governação saudável.

Não vejo diferença para outros regimes que abomino.

Não querendo subestimar a capacidade (Questionável: a que preço? A que preço?) que tiveram para sobreviver ao bloqueio pergunto: vive o Fidel e sua família nas condições de precariedade do povo? Vivem? Não me parece. Mais um caso, portanto, em que são sempre os mesmos a sofrer, com a agravante de não poderem fugir, de não poderem escolher.

E eu que sendo simples, sendo básica (ingénua ou o que queiram) jurei a mim mesma não entrar no Campo Pequeno enquanto lá se realizarem touradas. Juro agora, não voltar a entrar em Cuba, enquanto não se respirar novamente LIBERDADE.


CAYO LARGO

A NATUREZA: um paraíso na terra. Águas límpidas, azul-turquesa. Os animais aqui e ali sem dar por nós. O céu azul imenso (como cá, é certo, mas noutra envolvência). O verde. E ao longe, ao longe apenas mais natureza, mais paz, mais mundo puro, quase intacto.

O HOTEL: o ambiente mais superficial e artificial que já vi. A simpatia, o brio no trabalho, o contacto interpessoal pagam-se e bem. Não dás moedinha não és ninguém. Não existes sequer. Olha, metam esse tipo de simpatia num sítio que eu cá sei (Bzuu isto às vezes dá mesmo jeito. Eh eh.). E não deixei de dar “gorja” a quem me mereceu semelhante gesto, porque sim eu compreendo a situação e sim gosto de ajudar quem precisa. Agora lambe-cús profissionais, sejam de que nacionalidade forem e seja qual for o contexto em que se inserem metem-me “nuojo” (como diz o “eddie” nos caixilhos). E eu gosto pouco de andar nauseada.

A LEITURA: “O Estrangeiro” – Albert Camus. Comecei a ler este livro com alguma desconfiança. Comecei por pensar acerca do Meursault – a “pessoa” central – Que parvalhão. Fiquei com medo: Queres ver que agora me deu para estar contra os escritos dos grandes vultos da literatura? E depois a surpresa. Saíram de dentro do livro os (tais) braços que sempre anseio nas minhas leituras, que me levem para dentro dele e estes levaram-me para o pé do Mersault e deixaram-me viver a sua (não) história, perceber a (não) mensagem que me quis transmitir. Sim. O que vos transmitiu/irá a vocês é lá convosco, com as vossas sensibilidades e com as vossas experiências e sabedoria. Essas modificam-nos o peito, e deturpam a nossa visão e a forma como recebemos as informações é inevitavelmente diferente. Ora, a mim, este livrinho tão pequeno, singelo (falando apenas em número de páginas), tão maravilhosamente e de forma hábil condensado, falou-me da relatividade de tudo o que vivo. De como as coisas têm apenas o peso, o valor, a importância que lhes quero (consigo) atribuir. De como posso ver o belo e o horrendo na mesma atitude. De como posso sentir desespero, alegria ou ficar indiferente, relativamente a um mesmo evento. A minha mente tudo controla. E posso deixar que a minha mente seja soberana (é possível uma perfeita independência de pensamento?), ou posso viver o que os outros (os da minha vida, a sociedade, milénios de história) “programaram” para mim. É tudo muito relativo. É tudo passível de ser observado/vivido/sentido/não sentido sob diversas perspectivas. E no fundo, que interessam essas perspectivas se o fim é sempre o mesmo. O mais indiferente dos seres, o mais acomodado, aparentemente amorfo e desprovido de desejos, pode, num momento derradeiro, ansiar que não o ignorem. Desejar ser diferente do que foi até então. Recomeçar. Reinventar-se. Pode querer com todo o ardor, que nesse momento de expiração, mais do que o amem (o que quase todos procuramos em vida, que nos amem) que o odeiem profunda e exultantemente. E isso não é, no fundo, condenável. O que é condenável afinal? Onde se encontram os nossos limites? (Verdadeiramente) Em nós? Ou no que nos incutiram desde o ventre?

MUITO BOM. A NÃO DEIXAR de LER e RELER (eu vou relê-lo).

Isto sem vos querer impingir o que quer que seja. Claro.

(Ainda aí estão? Já tinha saudades!)

(Less is more. Aprendi não há muito. E concordo. E hei-de aplicá-lo em muitas ocasiões. Hoje não deu. Desculpem a seca. Psst psst. Limpem a baba ao campo da boca, levantem a cabeça do teclado. Já acabei!)

Deia’s back.

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

 

MALTA DIZ QUE ESTOU NO IR

Mas volto. Voltem também. Lá para dia 16 ou 17.

Aquele* abraço a todos.

*Qual aquele? Vocês sabem...

AQUELE!

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

 

Momento de publicidade

O espaço que se segue é da minha inteira e exclusiva responsabilidade:

As bolachas do Pingo Doce que vêm embaladas em pacotinhos de 6 ou 8 (não sei bem), sem sal à superfície, são qualquer coisa de muito bom.

 

9 e 15

Às 9h15 deixo-os nas mãos de estranhos. Despeço-me ternamente. E depois, qual mãe extremosa desejo com ardor que um dia sejam "alguém". Que sirvam para alguma coisa e tragam algo de bom a quem com eles se cruzar.

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

 

Anda para aí uma ventania

Ai que às vezes sopra um vento a ponto de me querer apagar. (e eu finto-o, finjo que esmoreci e depois volto - mais uma vez, como sempre - ainda mais forte, ainda mais crente.

(E o que me espanta é não saber onde baseio tanta fé.)

(E é por isso que muitas vezes uma vontade de rir imensa me invade.)

(Nada a fazer. Rir.)

(Ser.)

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

 

Fui ver este dramalhão (BOA NOITE MÃE)

O que acabou por me deixar como nova. Ora, perguntem-me lá hoje como é que estou...

Estou muito bem ora pois.

Boa semana!

P.S. Vale a pena ver esta peça de teatro. Não percam. O texto é muito bom e as interpretações também.

Frase que me ficou: "É preciso coragem para morrer, como é preciso coragem para viver. É só uma questão de decidires onde queres estar".

Nem mais.

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