sábado, 25 de agosto de 2012

 

Rostos na multidão – Valeria Luiselli - Geração C

O que relatarei poderá ser ficção e não passar de coincidências arranjadas pelo meu pensamento, à conveniência do meu sentir.
 
 
Em Fevereiro, nas Correntes D’Escritas, assisti ao lançamento de um livro cuja autora me falou ao peito, levando-me a adquiri-lo. Tratava-se de Valeria Luiselli (1983) escritora mexicana, residente em Nova Iorque, que se estreou no género Romance com este título. Decorrera pouco tempo desde o nascimento da filha quando o escreveu. Digladiava-se ante o novo papel, receando achar-se incapaz de permanecer criativa como até então. Temia que a sua intelectualidade sucumbisse ao cansaço, à responsabilidade acrescida, ao tempo que lhe escapava lesto. Não desistiu. Meteu mãos ao teclado e incorporou aquela faceta tão definitiva da vida na narrativa. Eis que me encontrei em enredo que fantasio autobiográfico, no qual o quotidiano da família se imiscui na obra literária enriquecendo-a, ao invés de a sabotar.

«Agora escrevo à noite, quando as duas crianças estão a dormir (…) Antes escrevia todo o tempo, a qualquer hora, porque o meu corpo me pertencia. As minhas pernas eram compridas, fortes e magras. Era lógico oferecê-las; a quem quer que fosse, à escrita. (…) Um romance silencioso, para não acordar as crianças.» (Pág. 13)

A narradora sem nome entremeia passado(s) e presente, relatando-nos como enquanto tradutora de uma editora pequena trouxe à estampa, com ardil, a obra de um escritor que a assombrava no metro. Gilberto Owen - Poeta mexicano - habitava, como ela, Harlem, nos anos vinte. Tomará, igualmente, o seu lugar na narração. É em simultâneo que visitamos a pretérita existência do escriba; o conturbado contexto familiar da escritora e lhe conhecemos as emoções antes dos filhos e do marido. Três tempos para eles. Para nós somente um, encantatório. As realidades misturam-se nos mesmos espaços. O filho mais velho consegue ver Owen (?), chamando-lhe comsemcara. O romance constrói-se dentro de si mesmo.  

«Gerar uma estrutura cheia de buracos para que seja sempre possível chegar à página, habitá-la. Nunca meter mais da conta, nunca estofar, nunca mobilar, nem adornar. Abrir portas, janelas. Erguer muros e derrubá-los.» (Pág. 20)

Onde começa a ficção? Quem se defronta com a dificuldade em escrever (um)a novela, fazê-la viver em páginas relevantes? As ténues fronteiras confundem-nos. Owen perdia peso. Atestava-o a cada nova pesagem. Cria desintegrar-se embora ao espelho tudo na mesma. O casamento dela entra em falência. Perdendo peso também. Vazio(s) onde antes amor, gestos quentes, partilha(s). As histórias escrevem-se ora paralelas, ora intersecções. E nós assombrados.

Permanecerão connosco as vozes; os fantasmas deles, feitos nossos, “rostos” inesquecíveis na multidão.

150 BPM – Magnífica estreia. Escrita a acompanhar. Sugerir a leitura.


Publicação original AQUI.

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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

 
Para quê apartar a fantasia do(s) meu(s) pensamento(s) se tem sido tantas vezes o que me permite sobreviver?

Não preciso de medalhas por bom comportamento no dia da minha morte. Sorrisos? Sim.

Obrigada. Era só.

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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

 

17/08/2009

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domingo, 12 de agosto de 2012

 

O CHÃO DOS PARDAIS


Uma escrita que me diz muito. Mais tarde direi quanto, este tanto.

Livro adquirido AQUI: http://livrariapodoslivros.blogspot.pt/

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terça-feira, 7 de agosto de 2012

 

INSTANTÂNEOS XVIII

Abandonou-lhe os heterónimos que ficcionara, dedicando-se inteiramente ao ortónimo. Quando percebeu que o havia inventado também, matou-se. Pediu uma bica, despejou-lhe um pacote de açúcar, todavia, o acre persistia. Era a língua que lamentava ver-se enrolada, asfixiante, impedida do beijo que outrem não lhe prometera.

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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

 

EM CONTAGEM DECRESCENTE CARAÇAS!

http://youtu.be/pPspxgJ_JSU

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