segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

 

Adeus Avó Joaquina...

99 Anos. Uma bonita idade. Principalmente porque lhe conseguiu chegar quase até ao fim em "boa forma" dentro do que essa longevidade permitiu... Mais uma vez a morte. Tem andado por perto... É certo que em pessoas que já tudo/muito tinham vivido, em todo o caso põe-me a pensar nela, na morte.

O primeiro e até agora felizmente o único, grande choque que tive (com pessoas, o Buddy foi mesmo o primeiro) foi com a partida do meu primo Hélder. Em pequena perdi a minha avó materna (os restantes não conheci), mas não senti o alcance dessa perda, primeiro porque não tive consciência imediata do que se tinha passado (para me protegerem não mo disseram logo, ou melhor, não mo disseram de todo. Acabei por deduzir por conversas que ouvi. No entretanto rezei desalmadamente e chorei por ela, queria salvá-la com as minhas preces e ela já debaixo do chão...) e depois porque convivia pouco com ela para sentir aquela chaga da ausência, que se abre com estas viagens só de ida.

O que custa, verdadeiramente, é a partida física da pessoa. Nunca mais lhes poderemos falar, abraçar, ouvir, barafustar, fazer as pazes. Sinto verdadeiramente que a morte não nos apaga as pessoas, mas obviamente elimina a hipótese de as ver, de lhes tocar e nós apesar de toda a racionalidade/inteligência somos animais de instintos e é mais fácil pensar no imediato, no palpável, do que no espiritual no intangível.

Custa-me muito assistir à descida do caixão. Nós sabemos que a pessoa morreu, vimo-la durante horas ali, deitada, estática, sem calor, pode não nos fazer impressão pois parece que está a dormir, mas naquele momento, definitivo, temos de a deixar ali, a descer, em direcção ao chão, para sempre. Ali é para mim a verdadeira despedida. O momento em que nos apercebemos que temos de abdicar daquele corpo "vazio" de alma. E isso custa muito. Eu acredito na alma. Acredito que não acabamos só porque nos morreu a "casca". Mas em todo o caso é doloroso. Tem de ficar ali aquela pessoa que nos foi tão querida em vida. "Sozinha".

(Que confuso. Não me consigo expressar...)

O que eu sinto, é que após aquele consciencializar de partida, com a descida do caixão, nada mais resta naquele local e é por isso que os cemitérios não me incomodam. As pessoas que partiram e que ali deixámos não ficam lá a "morar". Voltam connosco, dentro de nós e acompanhar-nos-ão para sempre. Porque o amor não pode ser morto pela morte.

E é por isso que quando olho para o sítio onde sei que deixei o Buddy pela última vez não sinto nada. Ele não está ali. Está aqui, dentro de mim, enquanto escrevo estas palavras.

Comments:
querida amiga... há algum tempo q n parava por aqui... "gostei" muito deste teu post.. a minha relação com o assunto "morte" é quase de amor/ódio. hoje tenho pouco tempo para escrever mas hei-de voltar aqui para por-te a par da minha visão.
és linda amiga! e uma data importante se aproxima...!!! 31 janeiro... ring a bell??

bjs, cris!
 
Olá olá! Ainda agora te vi :) Cá aguardo a tua perspectiva! Bjinhos!
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Website Counter
Free Counter