domingo, 28 de fevereiro de 2010

 

INSANIDADE VOU-ME EMBORA

Matou-se. Desconheço como digerir a notícia. Tão absorta andava que não adivinhei o que planeava fazer. A sua vida? Inexoravelmente extraviada.

Clara:

Se tivesse percebido que a desistência se te estampara no rosto, mostrar-te-ia caminhos que, até então, não equacionaras. Ou então abraçava-te, simplesmente, com força. Não te largava. Não te largava até te ter espremido o último fio de vontade de parar. Talvez nada disto surtisse efeito. Agride-me, porém, a inépcia de que fui acometida e que me impossibilitou o “tentar”. Tentar ajudar-te. Pelo menos isso. Sempre te conheci torturada, vestida de uma tristeza que cheirava a genética. Estudava-te e à tua vida e nada parecia faltar-te. No entanto, o desânimo perene, o vazio no olhar que não conseguíamos entender ou suprir. De que serve uma amizade se no momento derradeiro pode falhar desta maneira e esse erro é, agora, irreparável? Minha querida amiga de melífluos olhos. Colossais abismos que muito me falavam. Mulher de sorriso melancólico e cabelo em desalinho. Irmã da vida. As mãos que mesmo quando vazias davam. Eras tanto em mim. Perdi-te.


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