domingo, 11 de abril de 2010

 

INSANIDADE VOU-ME EMBORA

Mantive-me imparcial. Ou, para ser mais rigorosa, tentei manter-me justa. Tentei. Precisarias que tivesse brandido furiosamente os braços. Que houvesse gritado Estou, incondicionalmente, do lado dela. Ouvem todos? É a seu lado que me encontro. Só soube ser escudo. Procurei escapar incólume à guerra, que não admiti existir até que rebentou troante. Irrefutável. Esquivei-me incansavelmente antes de sentir os estilhaços, penetrando-me a pele, rasgando caminho pelo que era, mutilando-me naquilo que sou. Fui cobarde?

Esta casa encolhe à medida que cresce a intolerância. Vai minguando e nós esbarramos uns nos outros, cada vez mais apartados. A morada mais pequena e de tão pequena asfixiante. O ódio entra-nos pelas narinas, pelos olhos, por cada poro da pele. Pela boca saem-nos farpas, sem destino, aptas a ferir qualquer um. Habilitadas a ferir-me. Incredulidade. (Não devo esperar que me protejam?) Encolho-me para não embater nas paredes, para não colidir convosco. Quero que o rancor resvale em mim. Falho. À medida que os dias se sucedem gosto menos deste lugar. De vocês. É chegada a (minha) hora de o dizer. Adeus.


Etiquetas:






<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Website Counter
Free Counter