quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
UTOPIA - Thomas More
Ora, este homem é o que esperam que ele seja. Uma pessoa com um sentido de humor directamente proporcional (desconfio) à sua abismal inteligência. É um rapaz bastante novo e com uma cultura literária de nos deixar de queixo caído. Fez ali uma dissertação aparentemente descontraída e bem humorada acerca da sua interpretação da obra de tal maneira profunda e inteligente que no fim, do simples estudante, passando pela tia benzoca e pelo intelectual de ar sério e compenetrado, ninguém foi capaz de expôr uma dúvida, ou de o interpelar acerca do que quer que fosse, tal a grandiosidade da sua genialidade (correndo um sério risco de estar a abusar pornograficamente de termos terminados em "dade"). Eu admiro profundamente este rapaz/homem/humorista/pessoa. Para ele deve ser às vezes uma estopada os nossos olhares ávidos das piadas e parvoíces por minuto que queremos ouvir. Olhamos para ele e QUEREMOS rir. Mas ontem não me ri apenas! Ontem bebi-lhe as palavras e resumi-me à minha ignorância e à minha insignificância perante uma pessoa com tanto saber lá dentro. O que me remete para o motivo pelo qual comprei o livro.
1) Comprei a UTOPIA porque não tenho ainda o Livro de Crónicas que ele editou há (valha-me Deus tinha posto aqui "à"!!! Erro crasso mas apercebi-me a tempo!) pouco tempo e como tal não o pude levar com vista a ter um exemplar autografado pelo próprio autor.
Ora aqui abro um parêntesis para explicar outra coisa acerca de mim
(Nunca fui de pedir autógrafos. Não faz sentido para mim dar valor a um rabisco indecifrável, supostamente uma assinatura, de alguém conhecido. Tem tanto valor como eu dar-lhes a minha. O que é que acontece? Acontece que por um motivo ou outro admiramos certas pessoas e o que nós, ou melhor passo a individualizar a questão, o que eu gostava mesmo era de poder falar com essas pessoas que admiro, trocar ideias, conversar, fruir da sua companhia tão fascinante. Mas, essas pessoas estão no pedestal da visibilidade e o que é que eu sinto perante isso? Deixo de os ver como simples pessoas que são (somos todos apenas pessoas!) sinto-me mais pequenina que eles e sem direito a trocar essas mesmas ideias com eles (tantas, tantas ideias que eu tenho!). Também não ajuda o facto de serem muito ocupados e muito solicitados e às duas por três já não terem pachorra para aturar tantos admiradores... E eu sob pena de ouvir um jocoso "Ouve lá, o que tu queres sei eu!" retraio-me muitas vezes... RESULTADO, uma pessoa contenta-se com meia dúzia de palavras trocadas, uma gargalhada que não sabemos ter sido sentida só da nossa parte ou se chegou mesmo lá acima onde "eles" estão.)
O que é que eu resolvi fazer? Comprei o tal livro do qual o RAP falou para sentir legitimidade de me dirigir a ele e falar um bocadinho com ele. Perguntam vocês: "Então e disseram alguma coisa de jeito?" Resposta: Não, nada de jeito. Mas mesmo assim fiquei contente por lhe ter falado. Pareceu-me uma pessoa humilde e terra-a-terra que não percebo sinceramente se quase se envergonha por ser tão genial ou se tem noção disso e aquela modéstia toda é só charme. Também não tenho jeito para me dirigir às pessoas e dizer simplesmente que lhes admiro o trabalho ou o feitio ou ambos... Daí que tenha arrotado 20 euros (O que para um livro com aquela qualidade é uma pechincha posso garantir-vos, era o livro do dia daí o baixo valor), comprei um calhamaço com 715 páginas de estudo introdutório à Utopia Moriana (Chiça se isto é o introdutório que se dirá do desenvolvimento do estudo...) contendo nele a obra original em Latim (Obviamente a que eu vou ler. Se é para ler lê-se a sério!) e a traduzida (se eu fosse "fraquinha" seria esta que eu leria...) e toda uma panóplia de considerações de autoria do José V. de Pina Martins (Ricardo: V de Vitorino... Também gostas de implicar tu...) para poder dar-lha e para que ma devolvesse com o tal rabisco e eu pudesse olhá-lo nos olhos e dizer-lhe, com eles, que o admiro tanto, que me faz rir muito e que o facto de ele ser um louco que não se leva muito a sério faz dele uma personagem incontornável da nossa gente.
Já disse e volto a dizer o RAP é o maior! E pôs-me a ler Thomas More. :)
P.S. Outra pessoa a quem eu pediria um rabisco só para lhe dizer com os olhos que para mim é grande?! EV... Fácil, fácil adivinhar para quem me conhece...
E de maneiras que foi isto.
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