segunda-feira, 16 de março de 2009
E chegou o dia em que o homem, cuja rectidão sempre foi inquestionável, se sentiu perdido.
O dia-a-dia vive-se.
Vive-se feliz.
Vive-se, sem o pensar. (Ao dia que passou.)
Até um dia.
Hoje, amanhã, um dia.
Um dia em que a própria vida nos interroga. Pergunta-nos insolente:
- É isso? (Assinto)
Pergunta-me insistente:
- É isto?
- Sim. (Assinto de novo) Eu sei que sim. (Porque perguntas?)
É isso. É isto. É o que desejo.
Com os seus senãos. Aceito. Ainda assim é tudo.
(Isto) Eu.
O meu pensamento, outra história.
Vida própria contida nele.
Vidas que não vivi (ou que não escolhi) sentidas por ele.
Mando-o calar:
- Cala-te!
Ele ignora-me brincalhão. Ocupa-se de melodias alheias às que escolhi.
Desinquieta-me matreiro.
E eu mando-o calar:
- Cala-te!
Ele enfrenta-me com gargalhadas desobedientes. Diz-me:
- Estou aqui.
E eu, já enervado e desorientado:
- Shiu.
Ele manso, dengoso, feito lobo vestido de lã:
- Não me consegues calar.
E eu:
- Vamos ver. Vamos ver.
Ri-se de novo, desdenhoso.
Aflijo-me:
- Meu Deus. Enlouqueceste?
beijo grande amiga
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