terça-feira, 17 de março de 2009
A ESCANDALEIRA
A cadência da sua dança a inebriá-lo. Monta-o como quem lhe conhece o colo há uma vida.- Desde quando?Ela não responde e lambe-lhe os lábios. E brinca consigo explorando-o com a língua. Ele pouco resiste. Sempre se sentiu diferente. Sempre se viu monstruoso. Capaz de tudo. Mas disto não se recordava mesmo.Náusea. A música maldita que lhe regressara aos ouvidos. O deleite em simultâneo. Culpa. A incerteza insidiosa, agora, de um passado em que o inominável parece ter-se repetido até à exaustão. A forma como lhe conhece o corpo não é de agora. Percorre-o de forma certeira, como se, se satisfizesse a si própria.Os traços que recordava não eram, afinal, os de Anna? A última lembrança de Erika, era a dela criança ainda, pendurada no seu pescoço, numa qualquer despedida. Quando e em que circunstâncias se teriam reencontrado. Passar-se-ia isto desde então? E a culpa a fugir-lhe pelos poros, em cada beijo que recebia, em cada movimento sôfrego, no corpo da própria filha. Tudo se encaixava. Aquelas sessões ridículas no consultório de Vozone. Aquele escavar agressor da sua intimidade em busca disto. Delicioso. Pensa e ri-se com gosto. Talvez o quisessem chantagear para que entregasse o envelope. Desconcentra-se. Ela olha para ele de forma cúmplice e continua ritmada. Ele alterna entre a repulsa e o desejo. Não lhe parece que seja ele o carrasco. É ela quem comanda o que acontece. É ela quem brinca com ele, qual Lolita. Mas isto é pior. Isto é muito pior.
Sou pai dela. – Vai repetindo mentalmente.
Ela como se lhe adivinhasse os pensamentos acelera, brinca com ele, quer vê-lo rendido, desnorteado.
- Diz-me onde está. – Sussurra-lhe ao ouvido, puxando-lhe os cabelos na nuca, enquanto endurece os movimentos. Pancadas secas na estante.
– Onde é que está o envelope paizinho?
Começa a trautear a música que o persegue há meses, ignorando-lhe o pedido e ela pára petrificada. Levanta-se de rompante, com os olhos marejados de lágrimas, deixando-o vulnerável e despropositadamente erecto, agora que não o acolhe. Abandona-o no escritório naqueles preparos, atirando-lhe um último olhar de desprezo. O olhar que ele lhe deveria ter merecido enquanto o fodia, afinal de contas, é seu pai.
E jamais um pai deveria sujar um filho desta maneira.
- Mas afinal que música é esta?
E acaba sozinho o que ela começara, com um sorriso estúpido de prazer no rosto, ainda alheio ao que o esperava.
(Imbecil.)
Hoje lembrei-me de ti enquanto ouvia rádio: "telefone para a Saúde 24 e tem a certeza que quando chegar ao hospital estarão à sua espera." Pois não, pudera!!
Este blog é uma verdadeira tela. E tu cada vez mais és capaz de te screnirs melhor. Ufa, este era difícil!
Eles dizem: "Sabia que 90% das pessoas estão satisfeitas com a linha saúde 24?"
E eu penso: ai não me digam que eu faço parte dos 10% coitadinhos que não conseguiram ver a luz. Shame on me! :)
Assim como quem não quer a coisa vou lá colocar o meu "Namoro"
Beijinhos
PS - Eu cá não me ofendi nada, e acolho com prazer qualquer devaneio de pornochachada ou literatura erotica, desde que bem escrita. Como esse é o teu caso, venham daí esses impropérios!;)))
beijinho e venham mais desafios destes :)
OBRIGADA pela amizade, pela força, pelo apoio, pelo ouvido atento e sábio, pela caminhada conjunta, por tudo. (Pela tua voz quente. Acalma-me tanto sabes?)
nao sabia mas fico contente por te saber mais calma
os teus conselhos tb me acalmam...óh se acalmam!! :)
estarei sp aqui
beijos muitos
Um beijinho
Mónica
<< Home
Free Counter