sexta-feira, 19 de junho de 2009
A tela
- Deixe-me pintá-la. Sou pintor. Deixe-me gravá-la numa tela. É tão bonita assim, triste.
Ela voltou a si e riu-se. Era de soslaio que o encarava, desconfiada, como a vida a ensinara a encarar, mas acedeu a conversar com ele.
Quando saiu da pesada máquina metálica já não ia triste. Talvez nostálgica, mas não tão triste quanto antes.
Carregava agora consigo a memória do homem que naquele dia a fizera sorrir, de forma indelével, como se fosse o retrato a óleo na tela que ele acabara por não pintar.
(Nunca mais se encontraram.)
tropeças e cais, sacodes as pedrinhas dos joelhos esfolados e levantas-te outra vez
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