domingo, 29 de novembro de 2009

 

CASA CONVENIENTE

FOTO DAQUI.

Qualquer visita a esta casa é sempre alucinante.

Não sei o que tomam aqueles queridos, mas o que quer que seja é muito bom.

Eu cá gostei. Muito. (Não, não me canso de gostar muito das coisas. É a minha escolha de vida. Gostar. Dizer bem. Apreciar. Mesmo quando saem os planos furados e as coisas não acontecem como eu queria, ou como sonhei. PAM. Vocês vivam como quiserem.)

Duas horas e quarenta e cinco minutos absolutamente arrebatadores. Quanto aos últimos vinte minutos, vá, dispensava-os. Já me estava a custar um 'cadito. Quando se puseram a repetir todo o texto já ouvido então, começaram-me os "frenicoques" e perto do fim já me fantasiava a irromper no meio da cena a correr e a agitar-me enquanto lhes gritava aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.
Não sei o que é que o Pirandello vos deixou como instruções, mas se eu fosse ele, riscava os últimos 20 minutos pá. O público não é parvo, o público captou a ideia no tempo anterior. Garanto-vos. Era suficiente.

Mas Mónica Calle estás sempre a tempo de me dizer aquilo que o Rei de Espanha disse ao Hugo e que é o trocadilho óbvio quando se ouve o teu nome.

Obrigada, no entanto, por mais um daqueles espectáculos em que somente a timidez me impede de vos abraçar a todos no fim e dar-vos muitos beijinhos. Não fosse essa e era o que faria. Este é o tipo de teatro que me abana. O caótico. O que me faz pensar. O que me invade, se senta ao meu lado, me cospe. E vocês. Não me lixem. É amor o que vos leva ali. Vocês eram mais que nós. Ou tantos como nós. Ou ligeiramente menos, tudo bem. Mas cinco euros cada pessoa não dá para vos pagar uns bifinhos de frango grelhado com arroz e salada no café da rua de trás. Parabéns por esse bonito amor que alimentam.

Chiça pá e não me poderei jamais esquecer que me levaram ao Liverpool. Que outra oportunidade terei de o fazer senão convosco, de novo? Vocês obrigam-nos a quebrar as nossas próprias barreiras e preconceitos. Vocês ajudam-nos a fazer o impensável. Entrámos e aquilo não é tão mau como o fantasiamos cá de fora, quando o que vemos é apenas o brilho dos nomes dos bares em néon. As pessoas lá dentro? Pessoas apenas. Independentemente da actividade desempenhada. Os bancos redondos? Simplesmente bancos onde nos sentamos descontraídamente enquanto vocês dançam exuberantemente, provocando-nos, mostrando-nos que tudo é possível nesta vida. Até para o homenzinho ao lado da minha prima. Acariciando o banco, com vontade de lhe dar um abracinho*. Devia pensar: mas que bela prenda que hoje aqui veio parar. E eu rio-me. Muito e com gosto por toda a relatividade que nos envolve.

A procissão na rua, o taxista que comeu a actriz com os olhos e parou embevecido enriquecendo o espectáculo daquele palco, da vida, o ritmo que nos obrigou a dançar no meio da rua, as velas, os risos, a incredulidade. Que momento por deus. Delicioso.

Não parem de nos surpreender!

Vale a pena o cheiro a mofo na roupa ao dia seguinte (Ouçam lá, não se atrevam a trocar aquelas cadeiras nojentas. São parte da vivência.)

É muito bom correr à chuva por entre prédios devolutos com "aquela" sensação de peito cheio.

Maravilhoso retornar à Rua Nova do Carvalho, para mais uma visita à "nossa" Casa Conveniente.

Vá então. Se puderem, um destes dias, dêem lá um pulinho.


*Versão "forever friends" do que o homenzinho tinha, por certo, real vontade de lhe fazer.

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Comments:
Eu cá também ADOREI!!! Fez-me lembrar os velhos tempos no espaço A Capital do qual tenho tantas saudades, ao qual corria a 1ª vez, os bilhetes eram gratuitos e quase sempre voltava uma 2ª vez e pagava o bilhete com todo o gosto, para ver a mesma peça!!! Agradeço-te a ti, pelo convite e por mais uma vez, me mostrares que há tanta razão para sorrir e para VIVER!!! Muitos beijinhos minha linda.
 
Mai'nada essa é a postura. Há muito para viver ainda!

Tb tenho uma saudade imensa desses tempos. Bom teatro, bons actores, um espaço perfeito com todas as suas imperfeições.

Gostava de saber que foi a pessoazinha (ou foram) responsável pelo fecho de A Capital. A esse cantaria aquilo que nós já sabemos. ehehehehe

Beijinhos!
 
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