domingo, 31 de janeiro de 2010

 

Parabéns a mim! (Se me dão licença.)

(ALERTA: post pejadinho de lugares-comuns)

Diz que sim: 31 de Janeiro de 1978, 10h50 (ou 10h45. Ó Guinho não consigo decorar a hora a que nasci por deus.) Parece que foi ontem e afinal foi há um porradão de (32) anos.

Hoje faço anos e ao invés de pensar na vida, penso na morte.

Mais nova dizia arrogante que não tinha medo da morte. O que me apavorava era sofrer.

Tretas. Tenho já a minha dosezita de sofrimento e gosto disto que me farto. Se adoecer e me lerem uma sentença que me não seja positiva, agarrar-me-ei com unhas e dentes à vidinha, porque mudei de ideias e afinal tenho um pavor desgraçado da dita-cuja. Não é que lhe receie a foice (depois do corte de cabelo que a Sô Dona Beatriz me fez já não temo lâmina alguma), mas ainda me falta fazer uma data de coisas caraças. Às vezes o pensamento descamba-me para: "Isto é tudo uma grande palhaçada e não vale a pena. Nada faz sentido. O mundo não é um lugar justo" e afins. O que vale é que me passa e lá encontro os motivos para rir, não dos palhaços, da vida.

Assusta-me, de facto, a velocidade com que tudo se passou até aqui. Na mais auspiciosa das hipóteses (derivado ao colesterol, à histeria e aos pensamentos massacrantes) tenho quarenta anos para viver e não me lixem, não é suficiente. Não é. Pois se 32 já foram, mal me distraí.

Ainda me lembro com uma intensidade assustadora dos 2 e meio atrás da porta da "mãe luísa" (essa grande senhora, paga para ser ama, que me deixava sozinha em sua casa) a chorar baba e ranho "tou aqui xojinha"; dos 3 e qualquer coisa no minuto anterior à senhora enfermeira me colocar a máscara para eu adormecer - hérnia umbilical do esforço de chorar ora pois - e eu, adivinhem lá, baba e ranho e nem quero imaginar como aquilo terá ficado; os 5 na pré-primária a surpreender a educadora com um "batata" soletrado (ui que maravilha a primeira recordação que tenho de ler remete-me para um tubérculo. Vêem? Básica. Há uns que aos cinco já liam os Lusíadas ou compunham sinfonias e quê. Eu? B A T A T A); o primeiro dia de aulas? Recordo. "Foi ontem." Chorava e tive vergonha de dizer à Professora Felizbela da minha canhotice pois era a única menina a padecer dessa diferença. (Poder-se-á dizer, neste caso, somente lágrimas que isso do ranho e da baba já nos começa a enojar um 'cadito pois é?)

5º e 6º ano? Que pergunta. Nítidos, nítidos como se à minha frente agora. Do primeiro dia na Escola Secundária até a roupa vos saberia dizer. O que senti. (Não vos quero maçar. Embora ainda me vá espraiar mais um pouco no que tem sido isto de viver.) A adolescência. Ui. Como fui uma adolescente problemática.

Entretanto acho que alguém se esqueceu de me avisar que aquilo é coisa para acabar por volta dos 21 e de maneiras que continuo por lá, com borbulhas na cara, melodramas, etc. e tal, embora se me assome no frontispício um ou outro cabelo branco. Recordo a primeira paixão avassaladora. (Ramon queridinho, como é que vai isso? Aquilo é que foram tempos difíceis, hein? Olha, qualquer dia posto aqui um poemazinho ressabiado que escrevi para ti. Boa?) Não disse primeiro amor, porque o Amor, sei hoje, é outra coisa. Não aquilo. Mas "aquilo" foi muito bom e deixou-me recordações que ainda hoje me fazem rir com gosto, embora à altura, lá está: baba e ranho.

A faculdade. Erro crasso. A escolha ao lado, apesar dos avisos dos pais (sábios). Então não me lembro? "Ora deixa cá ver este livrinho de cursos, na véspera de me candidatar: "ambiente, floresta, agronomia" Tudo verde, cor da esperança...Parece-me bem. "Ó senhora pode dizer-me em que consiste o curso de engenharia florestal". "Por telefone não. Terá de vir até à Faculdade para se informar." "Ah então deixe lá que eu ponho a cruzinha à mesma." Chiça penico que sou mesmo como as portas. Assim fiz a única coisa de que talvez me arrependa verdadeira e amargamente. Foi a tal encruzilhada em que sei ter feito a escolha errada. Não soube ver o que me é natural. Fui burra e irresponsável para comigo. Agora amanho-me, trabalho muito mais, mas não desisto. (Ando é mais cansada e não havia necessidade...)

Apesar de tudo, nesta profissão que não sinto minha, tenho tido momentos fabulosos e tenho-me cruzado com pessoas maravilhosas que são parte de mim. Talvez tenha escolhido um curso que não era o "meu" só para as poder conhecer. Se assim foi, valeu a pena.

E depois o principal numa vida: as pessoas. As minhas pessoas de quem gosto visceralmente. (Tu também, apesar de tudo.) E nestas incluem-se as que já partiram, as que acompanho e aquelas que não fazendo parte do meu dia-a-dia ocuparam um lugar em mim, tão importante como as que vejo amiúde.

Sinto falta do que ainda não vivi e consumo-me em saudades do que já passei.
Há pessoas (Buddinho estás aqui incluído piolho.) a fazer-me uma falta imensa e a quem não poderei mais abraçar. Desse ponto de vista, quarenta serão longos anos de saudade.

Perdoem-me o enfado, mas é que agora sei que posso mesmo morrer de um momento para o outro e "antes" não sabia. Antes da morte me dizer: "Hey, olha o que eu sou capaz de te fazer. Olha como te mato um bocadinho de cada vez que apareço a um dos teus." tinha conhecimento que ela existia mas não a sentia. Agora que ela já me falou algumas vezes tenho a noção exacta, como uma dor localizada, que este pode ser o último aniversário que festejo.

Tanto engonhanço para dizer que gosto de viver.

GOSTO DE VIVER PÁ.

Com tudo de bom e de mau que viver acarrete.

GOSTO DE VIVER!

Foi árduo chegar a esta conclusão. Primeiro porque sou lerdinha, é sabido e depois porque é muito mais fácil ser triste. Nisso da tristeza profissionalizada levava já avanço e prática imbatíveis. Baixar os braços é fácil. Andar constantemente a levar tareias da vida e recusar o KO dá uma trabalheira do camandro. E por isso rir é, para mim, uma escolha diária. Relevar as injustiças também. Há dias em que falho. Momentos em que penso: "Desisto. Vou ser infeliz, azeda e odiar a humanidade." Aprendi a aguardar que passem, embora não muito pacientemente que me não posso dar ao luxo de perder tempo.

Escrevi tanto e ficou tanto por dizer. Uma vida nem num livro se conta.

Desculpem lá toda esta trapalhada. Os pensamentos são bichos confusos já se sabe.

Para o ano se eu já cá não estiver guardem apenas que, além de ser uma miúda que falava, falava, falava, mas a quem não viam a fazer nada, como o outro, era uma pessoa que gostava muito de cá andar.

Resumindo seria isto:

GOSTO MUITO DE CÁ ANDAR! PARABÉNS A MIM!

(mas assim não sabiam mais umas quantas coisinhas giras, embora absolutamente desprovidas de importância para Vós, acerca da minha pessoa.)




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Comments:
Parabéns Prima Linda!
Um grande beijinho neste dia especial

Constança

PS- Já agora, os meus pais também te mandam uma beijoca mto grande
 
E nós gostamos MUITO que tu andes por cá!!! E gostamos que vivas junto a nós. Parabéns minha linda. Beijinhos e meus e do Bolranito. Já te ligamos!
 
Beijinhos a todos! Muito obrigada!
 
eh eh eh :)
constatei que faço parte de mais de metade da tua vida e tu da minha...tão bom!
ainda bem que ja te conheço há muitos anos porque os anteriores foram mais tristes. sou uma pessoa melhor por te conhecer. és de facto uma pessoa muito bonita! (toma lá este que é muito adequado) :)
beijo grande minha amiga
 
Ó tu já sabes que quem mais diz é quem mais é!

(Sabes, tenho aquele discurso do ah e tal não precisamos de ninguém, sozinhos já somos completos - tipo Gabriel o pensador - só podemos contar connosco, etc e tal mas a verdade é que estaria na merda sem algumas pessoas. E tu és uma dessas pessoas. Obrigada tb por permitires que eu não tenha uma vida de merda. :) Este é querido. O do Nokia é que é hipócrita...hihi

Gosto muito e muito e muito e muito de ti mas é. Toma :) e toma :) e ainda :):):):):)

Até ficas *tationd da cabeça. :D
 
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