quarta-feira, 28 de abril de 2010

 

(Nunca te esqueci.)

Pus-me a pensar em ti, enquanto passava a ferro o vestido verde de amanhã.
Procurei lembrar-me da tua cor preferida. Não a sabia.
Talvez azul. (Penderias para algum tom?)
Então pensei em música. Aquela que dançaste. A que mais ouviste, em tempos de desespero? Responder não conseguia. O livro da tua vida? (Podia ser um das prateleiras repletas de ficção científica. Mas qual? Qual?)
E o prato? Que iguaria te deleitava, como se não houvera qualquer outra capaz de te alimentar? Pensei. Franzi a testa e os olhos, num esforço de recordação e o resultado semelhante.
À altura não sabia, hoje menos saberei. Eras de esquerda ou direita? Havia Deus, um deus qualquer, ou ninguém? Culparias de quê tua mãe? Por quem darias a vida? O ódio de estimação? Venerarias outrem? De quem lesto fugirias? Que palavra jamais dirias. E o animal. O cão? O tigre? O macaco? Entristeço-me enquanto constato que a nada sei dar resposta concreta. Fico-me pelo "Acho que era..." sem saber se o pondero porque me soa bem que assim fosse, ou porque seria(s) assim de facto. Quase tenho a certeza que gostavas de nadar nu. (Eu também.) Houvesse onde me agarrar melhor. Insuficiente. Sabemo-lo. O filme da tua vida? Um vício? Um prazer secreto que a mim tivesses confiado. Receio(s)? (Sei tão-só que tremias nas cadeiras dos dentistas.) O grande amor que perdeste? E o teu mais querido amigo? (O que tem nome de utensílio que serve para cortar madeira?) Ah! Talvez soubesse o quão gostavas dos gelados do Santini. Pouco, não é? Para alguém a quem tanto e tão desesperadamente amei. (Enquanto pude amei-te muito. Quero que saibas disso.)

Sobre ti talvez reste somente a convicção do que julgavas ocultar, enquanto omitias todos estes pormenores que me eram (en)tão fundamentais.

(Nunca te conheci.)

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só isto: lindo
 
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