quarta-feira, 22 de junho de 2011
TEMPO
sobre a sua cicatriz.
Como um perfume,
como o toque subtil de dois dedos enxangues.
Ao voltar à direita,
a caminho do guindaste,
sabia que o esperava uma barca sem remos,
e mais para cima havia um alpendre, com
trepadeiras que subiam.
Era isto o que o tempo fazia:
recomeçar, eternamente, um trabalho de oficinas
lentas.
Enredar no peito roseiras queimadas pela
estação das trevas.
E assim ia,
deambulando pelos campos,
com um archote inútil, que o vento apagava.
José Agostinho Baptista (1948) Filho Pródigo
NOTA: Encontrado no poemário Assírio & Alvim 2011.
Etiquetas: Poesia, Recordar-te-ei até ao meu último dia
Free Counter