terça-feira, 31 de janeiro de 2012

 

Deste aprender a amar-me:

LAMECHICE ALERT! CLICHÉ ALERT! SECA ALERT!

(Atentem como sou perita na arte de me atacar, antes que outrem o faça. Se já disse que isto vai ser lamechas, pejado de lugares-comuns e uma valente seca, que vos resta? Hum? Pois.)

Cedo me tornei a minha pior inimiga.

Cruel. Não tens amigos?! Agarras-te a um lencinho que cheiras à exaustão. É o teu melhor amigo esse lenço encardido? Quero a minha mãe… Ou colinho do pai. «Andreia não leves o lenço para a escola!» «Xe não o levo fico xojinha…» Um caroço no tornozelo. Cancro decerto. E o período que não aparece? És a última. Porque é que não te crescem as mamas? Todas já as têm. Estás parva? Faz qualquer coisa. És um bocado badocha. Tanto rabo para quê? E mamas? Mamas nickles. Que é que foste fazer para esse canto da sala com o Luís? O pai à tua procura. Sai daí. Diz que não querias. Adoece. Diz que não sabes porque te dirigiste à sombra. Sente culpa. Querias um beijo? A que propósito? Foge. Diz-te arrependida. Boa menina. Não se repete. Vais portar-te bem, de ora em diante. Não digas ao Nuno que gostas dele. A Inês também gosta e é mais bonita do que tu. Essa dor de cabeça? Um tumor. Já foste. És a última do corta-mato. Nem correr sabes. Que vergonha. Cora. Baixa os olhos se te encaram. Sê neutra. Olham para ti para te gozar. Acelera o passo. As gargalhadas que ouves? Para te agredir. Para saberes quão ridícula nasceste. Que cheiro é esse? Nas mãos, na roupa, na alma? Claro que o João não te ama, nem o António, ou o Gonçalo. Como? Já olhaste para ti? Já te ouviste? A voz desafinada que nunca diz o que queres. Porque é que nunca dizes o que queres? Dobra-te. Submissa. Entrega-te. Que alguém te queira. Por caridade, claro. Digna de dó. Chora. Chora muito. “Sou aquele a quem privaram de alegria sem ter cometido mal algum.” Escreveste na escrivaninha por baixo dos ‘TOU, Mrs. Frankenstein? Nada é realmente bem feito. Desenrascas-te. Sorte? Entortas o olho direito e os dentes de baixo um desalinho medonho. Os pés para onde não olhas. As mãos sapudas, dizes. Masculinas, pensas. Sinais incontáveis na pele que qualquer dia te engolem. E a celulite, caraças. O fungo na perna direita. A mancha no canino inferior. O cabelo crespo. Quem para to afagar? Refugia-te. Não fales. Não faças. Não vivas. Desaparece.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Cansei (não de ser sexy, nunca fui, mas) deste suicídio mental. Chega porra! Chega! Lento caminhar ao meu encontro. A maior parte da existência foragida de mim. Risível, sim. Por querer que os outros me aceitassem, pelo que se via somente. Por crer que o fariam, quando eu não tentava, sequer. Quando guardava o que me ia dentro com fervor de cão de guarda. Dei-me uma hipótese.

- Olá. Andreia. Tu?
- Também.
- De que é que gostas?
- De escrever, rir muito, falar mais, de ver. E tu?
- Igual. Prazer.
- Vai um cafezinho?

Dei-me a mão e fui conhecer-me melhor. Sem medo(s). Abrir o peito, escarafunchar as feridas, abraçar-me, esbofetear-me q.b. (hábitos arreigados não morrem do pé para a mão). Aprendi que os meus ombros não foram feitos para andar curvados (obrigada F.) e que de nariz no chão, perco a paisagem. Habituei-me à minha voz e comecei a escutá-la. Dar-lhe importância. Sim, podes desejar isso. Não é descabido. Apenas é. Porque te interrogas tanto? Descansa um pouco. Aceita(-te). Ai erras, erras. Não és perfeita. Não. Ainda assim não é preciso esse chicote. Pousa-o. Não te doem as costas? Estão tão marcadas. Solta-te do poste. A escravatura (pelo menos a declarada) acabou há muito. Faz o que queres. O que queres, não o que os outros esperam. Os outros nunca estão satisfeitos, como também raras vezes te contentas com eles. Somos assim. És um deles, sabes? Tão-só humana. Não ages sempre bem, não. Portas-te mal, sim. Esquece essa mania da perfeição. Como se andasses constantemente em desacerto e os demais nunca se enganassem. Todos cagamos, todos morremos. Simples. Sem roupa temos frio, somos vulneráveis. Não és mais, mas não és menos. És. Encara-te. Tens defeitos, pois tens: falas demais; dizes que não impinges a tua maneira de pensar, já a fazê-lo; és agressiva; defensiva; desconfiada; tímida em demasia (já em recuperação); calas-te, ainda, imensas vezes; não és convicta em coisas que deverias (desconheço se isso faz de ti cobarde); és melindrosa (“Picas-te” com muito pouco e, amiúde, com afirmações que te não dizem respeito); opinas sobremaneira (Aprende a ouvir somente. Se te dizem: é assim. Aceita que o é, sem querer “consolar” à força.); tens a mania da perseguição; fazes pouco por ti.

(Ai que esta era a parte em que dizia bem de mim. Foda-se. Pronto agora é que é:)

Sou uma miúda porreira.

(A experiência neste departamento não é grande. Fico-me pela sinopse.)

Curioso que tenham sido necessários 34 anos. Hoje, de facto, as olheiras, as peles das bochechas e do papo a descerem (cabronas!), as rugas, a cintura que não volta a ser tão fina, as pernas a cansarem-se mais depressa, o cabelo a rarear, os olhos sem a vivacidade de outrora, os derrames, a juventude visível a acabar-se-me e eu a sentir-me linda. Linda! Por dentro, onde mais importa, sou catraia jeitosa e nessa idade interior permanecerei até ao último fôlego. Adquiri segurança que só o tempo e a(s) experiência(s) me podiam trazer. Sozinhos estamos todos. Ter-me-ei, até ao fim, por companhia. Convém ser agradável e não uma chata, sempre a espartilhar-me com críticas negativas.

(Vi um ruivo no American Idol que com 16 anos já sabia disto. Deu-se-me uma epifania, ah pois deu.)

Não sei o que pretendo com tanto palavreado. Quando pensei nisto pareceu-me boa ideia, agora uma grande cagada. Tudo para dizer que me limito a viver o melhor que sei e posso. E que acredito que não há impossíveis e que nunca é tarde e que serei capaz de fazer tudo quanto me proponha e todas essas frases maravilhosas que debitamos, enquanto sentamos a peidola no sofá e ficamos quietinhos à espera de uma chuva de milagres pessoais. Quero ser um exemplo de vida vivida, para o Tiago. Não um monte de angústias e de “ah se eu isto, ah se eu aquilo.” . Um passo de cada vez, faço o meu percurso. Mas ando. Sinto-me livre. Sou livre. A vida acontece-me. Há escolha(s). Sei lá se acerto. Sei que gosto disto. Mesmo quando penso: qual o sentido? Que grande palhaçada. (Sem desprimor prós palhaços ó TéTé. Maneira de falar.) Gosto mesmo muito de cá andar. Dos amigos, da família, das pessoas que tenho conhecido e a quem aprendo, a pouco e pouco, a dar-me. Falar com as pessoas não é tão difícil como supunha.

Parabéns a mim que já evoluí muito e almejo continuar a aprender. Quando não sei o que fazer de mim? Invento. Mas não paro.

Venham mais 34, por deus, que isto é bom comó caralh…

(Sou asneirenta, pois sou. Notem. Notem como me assumo sem preconceito. Há uns anos? ‘Tá quieto. Ah e tal sou tão delicadinha. Não sou pá. Sou assim p’ro desajeitada.)

E vai de maneiras que é isto.

Ó Deia se fosses melómana sabias agora ir escolher uma musiquinha toda catita e muito original p’ro teu aniversário. Como não és… Aí vai alho:


Post scriptum 1 - Era para ter dito ao mundo o que não posso dizer-te. Arrependi-me.

Post scriptum 2 - Parabéns Anastácio. Há anos que não falamos, mas terás sempre um lugar no meu coração. Dia feliz rapaz! beijinhos

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Comments:
Muitos parabéns bzuu!!
em duplicado. pelos anos e pelo novo caminho, mais trabalhoso, mas mais cheio.

beijo grande e um dia muito feliz!
 
:) LOVE U BABE! Obrigada!
 
É impressionante como temos que chegar aos 30 para descobrir todas estas merdas. Tantos anos a estudar e nunca nos ensinaram o que realmente importa...
Ainda ontem descobri uma frase maravilhosa:
"If life is enjoyed, does it have to make sense?"
Não tem, claro, por isso, toca a aproveitar! :)
 
:) nem mais! Um beijinho para ti.
 
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