sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

 

3 à mesa. Faltava 1.


Era uma mesa, no meio da rua. Perdida. Com quatro cadeiras presas ao chão a protegê-la. Não achou estranho, sentou-se. Pensou: está aqui para que descanse e leia a revista, sob este dia bonito. Pessoas passavam ao redor daquele tampo desenquadrado e da mulher sentada, que ora ria, ora chorava ao sabor das linhas proferidas por um bigode.

Chega-se-lhe um homem mais velho. Sorriu. «Perdoe-me. Não posso mais estar de pé.»

Sentou-se na cadeira imediatamente ao lado. Virou-se para ela. Quedou-se num silêncio de dois.

Chega-se outro. Sorriu. Limpava os óculos. «Boa tarde!»

«Estou de partida. Não por vossa causa.» (Sorrindo.)

Era a hora em que o aparelho fixado à parede clamava regresso. Disto eles não sabiam e não acreditaram.

«Pode continuar a estudar!»
«Não seja pela gente.»

Não era. Não fosse a necessidade e teria ficado por ali, a conversar, a tarde toda. A saber deles. A contar dela.

Disto eles não sabiam. Não acreditaram. Viram-na afastar-se crendo que repudiara a companhia.

«Talvez a diferença de idades...» «Talvez medo...» «Talvez alma antipática.»

Moral da história: Amiúde o que parece, não é.

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