terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

 

Correntes d’Escritas 2012 – EU FUI! – Parte primeira

Para terem um ínfima parte de ideia do que as Correntes d’Escritas foram para mim, imaginem(-me) uma (ainda) criança a cair numa cena do Dartacão perto do mesmo, enquanto este fala para a Julieta, ou se encontra a combater as forças do pérfido Cardeal, ou mesmo a acordar no quarto a meio da parede da casa do David o Gnomo. Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Weeeeeeeeeeeeeeeeeee! enquanto dizia bom dia ao Sepúlveda e ao Fonseca, na sala do pequeno almoço. - Eis um dos esqueletos que guardo no armário que escancaro para vós: Nunca li Ruben Fonseca. (Enquanto me encolho de mãos na cabeça e ombros nas orelhas à espera dos calduços.) - Yuuuuuuuuuhuuuuuuuuuu! enquanto trocava umas palavras de circunstância (a la desbloqueador de conversa iniciado pelo próprio) com o Onésimo no elevador. Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee quando via a Pedrosa passar, toda despachada. Yaaaay ao lado do Zink a assistir à performance teatral do Varazim teatro. Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee a ouvir poesia. Weeeeeeeeeeeeeeeeeeee! a sorver as palavras dos mais velhos. Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeee a sorver as palavras dos mais novos. Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee os auditórios cheios. Enfim. Isto é tão-só o intróito. Por fora, o meu ar seráfico de Nossa Senhora de Qualquer Coisa, que praticamente não falou durante 4 dias, por dentro (Olha a metáfora fraquinha… É fruta óóóóooooou chiquelate…) uma montanha russa de histerismo, admiração, ganas de apanhar toda e qualquer dica que considerasse importante, vontade de ter quatro olhos, quatro ouvidos, dois corações e duas almas capazes de aplacar tamanha comoção. Já temem pelo vosso tempo pois é? Com razão. Inspira… Aqui vou eu.

Tudo começou pelo princípio, ou um pouco antes, a 22 de Fevereiro pelas 12h45mn. Prometedor. Hein? Arranquei e fui, decerto, a lisboeta a demorar mais tempo até à Póvoa de Varzim. Dois factores contribuíram para a bela média 4h30 a atirar para as 5h de viagem. (Parecia que o encontro era nos Pirinéus) 1) Ando a uma média de 110km/h e esqueço-me amiúde de pôr a quinta. 2) nada me ocorre. Cheguei ao Axis Vermar, instalei-me no 7.º piso, quarto 706 e fui dormir a sesta. (Estou a cativar-vos com estes pormenores né? Eu sinto.)

Jantares: Sempre no Manjar dos leitões, desde que o recepcionista que parecia saído do Senhor dos anéis mo recomendou.

Almoços: Descobri o Náutico com vista para o mar bravio e por lá me quedei esperando pelas sessões da(s) tarde(s).

Ultrapassada a problemática das refeições, cuja vossa garantida curiosidade interferia na fluidez do presente texto, prossigo.

O primeiro momento a marcar-me, pás, palmada nas costas para acordar, foi a Margarida Vale de Gato a ler um poema do Rui Costa. Estava a adormecer nos PUFES (como é que se escreve PUF pá?) a cabeça pesada, os olhos guilhotinas, quando aquela mulher que parece pedir desculpa por existir, com a sua voz doce e trémula me arranca à letargia. No seu vestido vermelho, cumplicidade com o poeta desaparecido, agarra-me pelos ombros, sacode-me e fala-me da dor, da saudade, fazendo-me adivinhar um sentimento grandioso e puro, além morte. (Errata: isto passou-se na noite de 23 e não na de 22. A memória é mesmo um bicho traiçoeiro. Em todo o caso deixo isto aqui, pode ser? Obrigada.) 

Durmo. As cortinas abertas. A luz da cidade em vigília. De manhã quase o sol.

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