sexta-feira, 30 de março de 2012

 

CORRENTES D’ESCRITAS 2012 – 13ª Edição - Na Geração-C

Hoje não vos falarei de um só livro, ou autor. Venho contar-vos da minha mais recente andança literária e dos livros e autores com quem me cruzei, num encontro de escritores de expressão Ibérica que aconselho, vivamente, a não perderem. São as Correntes D’Escritas, organizadas pelos infatigáveis e perseverantes Manuela Ribeiro e Luís Diamantino da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim que, com abnegação imensa, proporcionam, ano após ano, alguns dias em que o oxigénio se chama Literatura. Esta edição, a 13ª, realizou-se entre 22 e 25 de Fevereiro e valeu cada quilómetro percorrido. Os momentos mais aguardados são as “MESAS”. É então que se ouvem os escritores cujo trabalho seguimos e outros que se nos revelam, discorrer sobre os temas propostos. No entremeio ocorrem lançamentos de livros.

Sete mesas aconteceram: “A escrita é um risco total.”; “O fim da arte superior é libertar.”; “A Poesia é o resultado de uma perfeita economia de palavras.”; “Toda a Literatura é pura especulação.”; “A escrita é um investimento inesgotável no prazer.”; “Da crise da escrita não se pode fugir.” e “As ideias são fundos que nunca darão juros nas mãos do talento.” Motes que originaram abordagens díspares e, em alguns casos, surpreendentes. Foram horas de conversa, risos, algumas lágrimas, dicas para aspirantes e sobre leituras porvires, muitos minutos de puro deleite. Interrogações. Epifanias. Abraços. Reencontros. A ideia que passa é que se trata de família. As pessoas cruzam-se nos corredores e alegram-se com os rostos com que se deparam. Demonstram a saudade sentida e o desejo de saber o que se passou no hiato de tempo que os apartou.

Este ano o homenageado foi Eduardo Lourenço e o 11º número da revista Correntes D’Escritas totalmente dedicado ao nosso maior pensador. Um encanto ouvi-lo, aprender com ele. Com os restantes participantes. Intervieram, directa ou indirectamente, mais de 50 escritores. Houve acontecimentos que marcaram, como Rubem Fonseca dizendo Camões, ou enunciando os cinco requisitos mínimos para se fazer um escritor (1-Loucura, 2-Alfabetização, 3-Motivação, 4-Imaginação, 5-Paciência); a Margarida Vale de Gato a recitar poemas no seu tom doce; a maravilhosa prelecção de Dom Manuel Clemente, ou a subtileza de Gonçalo M. Tavares, tão só exemplos. As Correntes são para se viverem, não para se lerem.

Por falar em leituras, deixo-vos com algumas sugestões que fazem parte da minha lista “A LER” que se reforçou naqueles dias, quer porque os livros foram mencionados, quer por que ao rever os autores relembrei vontades antigas (A ordem é aleatória): «Bufo & Spallanzani» de Rubem Fonseca (1925); «Adoecer» de Hélia Correia (1949); «Paixão» de Almeida Faria (1943); «Ainda não é o fim nem o princípio do mundo, calma, é apenas um pouco tarde» de Manuel António Pina (1943); «O segredo dos seus olhos» de Eduardo Sacheri (1967); «A louca da casa» de Rosa Montero (1951); «O amante é sempre o último a saber» de Rui Zink (1961); «O remorso de Baltazar Serapião» de Valter Hugo Mãe (1971); «A génese do amor» de Ana Luísa Amaral (1956); «Humilhação e Glória» de Helena Vasconcelos; «Um piano para cavalos altos» de Sandro William Junqueira (1974); «Os livros que devoraram o meu pai» de Afonso Cruz (1971); «Nova teoria do Mal» de Miguel Real (1953); «Os Íntimos» de Inês Pedrosa (1962) e «Rostos na multidão» de Valeria Luiselli (1983).

195 BPM – Inesquecível. A repetir, anualmente, se possível. Passar palavra. Em 2013 não perder.

Publicação original AQUI.

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