sábado, 16 de maio de 2009

 

Crónica de NADA

Ouvi dizer que na meditação se pensa "o nada". Tenta-se não pensar, para lá do momento presente. Aquele em que de pernas cruzadas e mãos nos joelhos viradas para o céu (assim o fantasio), esvaziamos a mente e apuramos os sentidos. O que se ouve. O que se cheira. O que se apalpa. O que se saboreira. O presente. Seria eu capaz de me esvaziar? Mesmo que por um breve momento? Eu gostava. Gostava de expulsar o ponto de interrogação que se me colou à moleirinha. - Já não a tenho, sei bem. Antes tivesse, sinal seria que estava a começar tudo de novo. - Começo a ter medo da morte e dessas coisas, como a velhice, que antes estavam muito distantes. Começo a pensar que as escolhas que faço me afunilam o futuro. Já não tenho a vida toda pela frente. Pelo menos já não sinto que tenho e isso assusta-me. Na meditação não há passado e não há futuro. Ouvi dizer que há só presente. Uma passa que nos dão para a mão e que aprendemos a escutar, a sentir, a saborear. Uma passa a simbolizar o nosso desprendimento do resto. Do passado irremediável e do futuro imprevisível. Naquele dia, naquele momento, só podemos viver a passa. Mas sinceramente, eu preferia viver chocolate. Não gosto de passas... Meditar? Não sei se será algum dia para mim. Porém, apetece-me tentar. (Fica naquela lista mental de tarefas "Um dia ainda hei-de...") Tenho pavor a ficar velha por dentro. PAVOR. E se são passas que tenho de comer para que isso não aconteça, venham elas, tipo doze, para eu formular muitos desejos.

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