quarta-feira, 30 de setembro de 2009

 

Pensamentozinhos caseiros (como as batatas fritas que mais gosto.)


Pensamentozinho caseiro 1: Querida Florbela Espanca, andei a ler os teus contos. Fosgasse pá, estás como a Flannery, tudo a acabar mal. Tudo a acabar mal. Tudo. Porquê? Gosto tanto de finais felizes… Gosto, mas sei que não os há. O único final que realmente existe e ainda assim não comprovado é a morte. Tudo o resto é percurso, nunca fim. E também não há felicidade na morte. Nem mesmo na morte enquanto libertação. É libertadora mas não é feliz. Adiante. Florbela querida: gostei bastante, porém, os sentimentos que nutri por estes teus contos aproximam-se mais da ternura e da mansidão, do que do arrebatamento que sinto, perenemente, pelos teus poemas. A urgência que me inspiram, a intensidade e grandeza de sentimentos que encerram, a meu ver, são muito maiores, muito mais teus. Outra coisa querida, tu para a próxima encarnação (no caso disso da morte não passar de uma falácia) usa menos pontos de exclamação. Não grites. Que os senhores não são surdos e não gostam das chicks (como a gente) que se desfazem em pontuação histérica. É só um conselho, querida. Quem quer segui-lo, segue-o. Eu sigo-o por exemplo. Mas só às vezes. Que isso de nos podermos guiar pela nossa cabecinha também é algo que muito me apraz. (Ai porra que já usei a palavra “algo” outra vez…Desculpe stôr Alex.). Entretanto querida estou a ler um livro do Pier Paolo Pasolini (esse “granda” maluco) que me tem agradado muito. Talvez demasiado. É um livro para se ler no recato do lar se é que me entendes, querida. É um livro a transbordar de sensualidade. É um livro “ui”. Estás a ver? Chama-se Teorema. E não sei se poderei dizer mais sobre ele sob pena de revelar para aqui coisas que não me interessa revelar. A ver vamos. Talvez transcreva uma ou outra frase que me têm martelado na mona. Até breve Florbela. Sabes que me acompanharás sempre.

Pensamentozinho caseiro 2: O que é que vos posso dizer sobre mim neste momento. Posso dizer-vos que Sábado já lá vai. Sou como um insectozinho numa teia. Ora me enredo e vejo a aranha a aproximar-se ameaçadora, ora me consigo libertar e voo em direcção ao céu imenso, elementar e satisfeita. Triunfante e esvoaçante. Hoje, etérea com a música do “Flashdance” na cabeça, ora pois. O amanhã? Não me interessa. É hoje que vivo. Hoje. Agora. (Passo a vida nisto… “Ai que me sinto um trapo sem préstimo”, “ai que estou tão triunfante”, “ai que só me apetece chorar”, “ai que só me apetece rir.” É um bocadito cansativo, diga-se. Invejo os constantes desta vida. Ou não.)

Pensamentozinho caseiro 3: Tenho uma obsessão nos transportes: Se sacam de um livro ao pé de mim, não descanso enquanto não consigo ver o que estão a ler. Faço-me muito discreta, reviro os olhos todos sem mexer a cabeça, para que a pessoa não se sinta invadida na sua privacidade pela minha curiosidade. Mas a verdade é que não desisto enquanto não sei o que é. E depois de o conseguir sossego e retomo a minha leitura. Já descobri títulos que ponho na lista (“A ler.”) assim.

Pensamentozinho caseiro 4: É mais uma recomendação. RECOMENDO: O clube da comédia no Maxime (Praça da Alegria, 58). Fui ontem. Não ficámos à porta por uma unha negra. (Daquelas que depois chegam mesmo a cair.) Valeu a nossa persistência. O meu preferido: Nilton. E tenho dito. E eu que não podia com ele. Às vezes falo de cor, sem saber do que falo. Sou como os peixinhos: constantemente a morrer pela boca. Ou como os que dão tiros nos pés. Story of my life.

Pensamentozinho caseiro 5: Tenho de vos falar, em breve, do álbum BACKSPACER o qual já devo ter ouvido perto de 15 vezes desde que o comprei. Está em modo “repeat”. Mas não vai ser hoje. Há muito para dizer das letras, das músicas, da voz, das guitarradas e da percussão e de momento não tenho a inspiração que o álbum me merece para o fazer.

E o último pensamentozinho caseiro do dia e que é o 6 vai para:

Os “mind-fuckers”.

Há os mother-fuckers e há os “mind-fuckers” que são aqueles que se entretêm, por tempo indeterminado, a fod… a cabeça a terceiros. Outro conselho (muito gosto eu de dar conselhos.): a verdadeira “fuck”, aquela que é, como dizer, “ui tão boa” e nos aproxima (como nenhuma outra necessidade fisiológica) da condição animal (maravilhosa condição, muito mais presente do que gostamos de admitir.); aquela que é pulsão, instinto, puro prazer, passa-se um bocadinho mais abaixo e é muito mais interessante. Digo eu. Um bem-haja, sim? (Espero nunca me transformar numa mind-fucker. Porém, já senti na carne que o “nunca” é palavra por demais utópica.)

E no fundo é isto.

Não é muito, mas é o que há hoje.

Deia in boa onda lutando braviamente contra a asfixia do negativismo mode.

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Comments:
:)
gostei muito dos "mind-fuckers"... e eles andam à solta

outra coisa, a verdadeira "fuck" está na nossa cabeça

e olha depois do amante e das ondas quero o teorema tá? lá para 2022! :)

beijos minha brava amiga
 
Xi boca foleira. A menina "desqueceu-se" "desemquerer"! Vai levar com os 3 (assim que acabar de ler o teorema. Granda livro Bzuu só te digo. Hei-de procurar o filme que deve ser ui.) Quanto aos mind-fuckers... Talvez sejamos todos um pouco mind-fuckers. Há o que gosta de fuck as minds alheias e há as minds alheias que gostam de ser fucked. Não raras vezes dá asneira. Não somos máquinas. Somos bichos com vontades, com manias, com pulsões. A vida é fucked mas é boa como uma boa fuck. Ai que "meneza". :) Bjs amiga.
 
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