segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

 

Exercícios na TRAMA (02/12/2009)

MOTE do dito-cujo: "Não vão acreditar no que me aconteceu. Fui raptada! Não sei onde estou, tenho uma venda nos olhos, mas pelas conversas já percebi que me confundiram com o/a... (Escolher) Mas porque é que alguém há-de querer raptar um escritor?"


Primeira Parte

Que há-de ser de mim depois disto? Empenho-me no optimismo, nos sorrisos, na alegria e o que é que a vida me faz? Coloca-me estes energúmenos no caminho. De que me serviram os últimos meses nas aulas de yoga, aprendendo a vibrar em frequências de energia positiva? De nada, não é? A verdade é que estou metida nesta alhada e o Universo nickles para os meus esforços de ser uma pessoa boazinha. São quatro. Três deles saíram de um carro preto muito velho para me agarrar. O quarto ficou ao volante. Foi o que vi antes de me imobilizarem as mãos com uma fita-cola parda e resistente e me vendarem. Encheram-me a boca com um lenço que me ataram à nuca e que me dificulta muitíssimo a respiração. Fizeram bem, ou já teriam ouvido um ou outro dos impropérios que tenho para lhes dizer. Que maçada! Dei um salto à livraria da rua onde moro para comprar um livro que me fora emprestado há uns anos e do qual me lembrei há bocado, tendo ficado com uma vontade inadiável de o reler. Ironia das ironias, pela conversa, percebi que me raptaram pensando que sou Inês Pedrosa. Será possível? Mas por que raio havia a autora de se dirigir a uma livraria, no Rato, às oito da noite de um dia de semana, para comprar um livro seu, saído há tanto tempo? Estes senhores têm cabeças de insecto. Ao menos que me tivessem carregado em grande estilo, quero dizer: em braços, como uma diva. Não, os fidalgos limitaram-se a empurrar-me. Brutos! Mas o que é que lhes passou pelas antenas? Tenho o cabelo e os olhos claros, é certo. Mas acabam por aí as coincidências morfológicas com Inês. Nem sequer temos a mesma idade. Tenho menos doze anos, julgo eu. Ai a minha vida. O que hei-de fazer, para os levar a entender o erro crasso que cometeram? Temo que me façam mal, uma vez desfeito o equívoco. O cheiro a bafio do automóvel, em que me fizeram entrar, é intensamente desagradável. Para uma pessoa como eu, de olfacto apurado, constitui uma autêntica tortura. Imagino que tenha estado fechado em alguma garagem ou armazém. Os assentos colam-se-me à roupa o que me enoja, embora actualmente, o asseio seja o menor dos meus problemas.

Os meus raptores falam pouco entre si. Ordens e monossílabos. É tudo. O suficiente, no entanto, para perceber que todos sem excepção têm mau hálito e que, pelo menos dois deles, fumam. A besta que conduz fá-lo a grande velocidade e nenhuma das restantes se deu ao trabalho de me pôr o cinto de segurança. Já bati três vezes com a cabeça no vidro da janela, em curvas mais apertadas. O que me vale é o mau feitio, ou estaria a chorar como um bebé desconsolado com frio. Sou mais dada às reivindicações. Por sinal, vejo-me desejosa de o fazer. À cautela, por ora, calar-me-ei. A única frase que um deles me dirigiu foi proferida em tom sarcástico e algo ameaçador: “A vida de uma certa pessoa, minha menina, está nas tuas mãos.” enquanto me arrancava rudemente o livro. Não sou capaz de os identificar, visto que todos se encontram encapuzados. Dos olhos azuis gélidos deste que me falou, lembrar-me-ei sempre. O olho direito tem uma espécie de sinal em forma de lua. Inconfundível. Uma frase martela-me no pensamento: “Mas por que é que alguém há-de querer raptar uma escritora?”

(Continua ora pois...)

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Comments:
Então o texto, caralho?
Está aqui um gaijo que tempos à espera e nada? Foda-se!!
 
ehehehehehehehehehehehehehe. Temos pena.

Lembra-te há *hymalles que vêm por bem.

Falta tipo 5 minutos ó.
 
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