quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

 

Exercícios na TRAMA (03/12/2009) continuação da continuação

MOTE: Conseguimos libertar-nos e fugir da casa. Fora dessa, constatamos que nos encontramos numa floresta. Temos os raptores no nosso encalço. Entretanto um deles é atingido, para nosso espanto, pelo próprio/a escritor/a com quem nos confundiram.

Terceira Parte

Constato que a cruz ao meu lado tem arestas afiadas. Rodo o corpo na cadeira e esfrego freneticamente na antiguidade, a fita-cola que me unia as mãos. O espelho à minha frente, com linhas de um mapa-mundo, em duplicado, desenhadas, devolve-me a imagem de uma expressão que desconhecia, até então, em mim. Uma mescla de determinação e audácia sem, contudo, me encontrar corada até aos ombros, como é meu apanágio, quando me enervo. Este factor joga a meu favor. Ainda que ele acorde, não dará, no imediato, pela minha euforia. Levanto-me cuidadosamente para não fazer barulho e dirijo-me à lareira onde vira, há pouco, um telefone. Verifico se tem rede. Não tem. Pois se sou a Miss Azar 2009... Toco numa jarra chinesa que cai com grande estardalhaço. O Almada acorda e eu dou-lhe com o par da primeira, em cheio, no cocuruto. Cai atordoado embora não inanimado e começa a levantar-se novamente. Precipito-me para a porta, não sem antes guardar, dentro da camisola que entalo nas calças, o que me ficou ao alcance da mão. Mais tarde espero que me sirva de prova cabal desta aventura e quem sabe, me permita incriminar o sujeito. Não tendo havido oportunidade para reflexões, o que trouxe resume-se a: uma cassete áudio Basf; uma cassete VHS e um desenho a carvão com diferentes caras, que arranquei da parede ao lado da porta da rua.

- Não tens escapatória! Mato-te se insistires na fuga. Mato-te! – Tenta dissuadir-me com palavras, já que não consegue mover-se rápido, quanto baste, para me alcançar, sem o auxílio da bengala que antes de o acordar, havia atirado para longe de si.
- Adeus! – Desafio a sua ira, com um último sorriso que manifesta mais temor do que coragem, embora esteja certa que ele não o interpretou assim.

A precipitação é tanta ao descer as escadas, que me estatelo no chão, não sem antes bater com a cabeça na cómoda da entrada, que sentira ao subir. O sangue quente rola-me cara abaixo. Não há azo a pieguices e abro a porta do prédio, espavorida. Verifico que os quatro que me abduziram não se encontram nas imediações e desato a correr, sem saber para onde. “Longe” é a palavra que me invade o espírito. Trouxeram-me para o meio de uma floresta. A noite está fria e uma neblina fantasmagórica paira junto ao solo. A corrida ajuda a manter-me quente. Ouço os meus passos ritmados a partir ramos e a chutar pedras. As árvores falam-me com as respectivas folhas agitadas, como quem me diz: Cuidado! Pela primeira vez desde que isto começou, concebo que talvez não me safe desta. A tenacidade é substituída pela desistência. Choro e as lágrimas misturam-se com o sangue. O vento seca-os, deixando-me com uma sensação desagradável, como se tivesse uma máscara de argila colada à pele endurecendo-me a expressão. Invoco a minha avó Fernanda: “Andreia, dos fracos não reza a história!” e mantenho a correria acelerada rumo ao incerto. Sei lá se não estarei a fazê-lo em círculo, no sentido da casa de onde ainda agora fugi? Ouço corujas e o restolhar constante da vegetação vindos de cima e dos lados, assustando-me com uma intensidade que é potenciada pelo pavor que sinto. Volta e meia, ramos prendem-se-me ao cabelo atrasando-me a marcha. É deplorável o meu estado. Apercebo-me, entretanto, que não são só os meus passos a rasgar a escuridão. Paro. Escuto atenta. Há alguém no meu encalço. Não consigo pensar em mais nada. São eles! São eles! Rodo sobre mim desesperada em busca de um esconderijo. É no tronco oco de um eucalipto colossal que o acho. Entro rápida e discreta na cavidade e perscruto o bosque com o ouvido atento. Quieta. Sustenho a respiração diversas vezes. Quieta! Aparecem dois dos encapuzados.

- Inês* é bom que apareças. Não dês muito trabalho a procurar-te. É pior para ti querida. – A voz medonha, não engana. É o tal, da vista peculiar.

Anjo da guarda minha companhia guarda a minha alma de noite e de dia... – Ocorre-me rezar e acorrem-me, então, em catadupa à memória, todas as orações que aprendi, na infância, com a minha avó materna: Maximina.

O pânico é tanto que me urino. Sinto o quente encharcar-me a roupa e passados poucos minutos, o frio a instalar-se, chegando-me aos ossos.

- AAAAATCHOOOO. – Agora é que me lixei...

Consigo vê-los a correr nesta direcção. Morrerei sem glória. Quando se encontram a cerca de dez metros da árvore em que me escondi, ouve-se um estrondo e um deles cai redondo no chão. Um tiro? Por segundos, foi como se o meu coração parasse de susto. O outro bandido ajoelha-se ao lado do que foi atingido, pega-lhe no pulso e afere se está vivo. Sem proferir palavra, dirige-se a passo cadenciado para cá. Outro estrondo. É ferido no ombro e corre para o meio das árvores embrenhando-se no bosque.

- Psst. – Ouço. Continuo quieta no mesmo sítio, quando uma mão estendida me aparece à altura dos olhos, convidando-me a agarrá-la e a sair. Que remédio. Agarro-a tremendo e ergo-me.

- Inês?

(Pois que ainda falta uma parte... Ainda vêm cá?)


*Ah ah ah. Mega gafe que eu tinha aqui e ninguém, nem a Stôra, deu por nada... Então eles julgam que eu sou Inês Pedrosa como poderiam chamar por Andreia? Hein? Está tudo a dormir pá? Comé?

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Comments:
cadê o resto???

estou curiosa!! :)
 
Em breve amiga. Em breve. Estou em retiro. ehehehehe. Obrigada por essa 'pation' :) (julgavas que só a ti saíam palavritas de verificação buéde giras não?)
 
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