domingo, 26 de junho de 2011

 

AULAS DA PRIMAVERA – O REGRESSO

“Diz” que os filósofos explicam a literatura (ou então não, ou então sim, ou de como continuo a constatar que quanto mais aprendo menos sei, porque mais violenta é a consciência da magnitude da minha ignorância.)

“Sobre aquilo de que não posso falar devo calar-me.” Acreditava tratar-se de cobardia minha, avassalador pudor que sinto pelo quanto desconheço e afinal é uma proposição de Wittgenstein. - A sétima(!) do Tratado Lógico-Filosófico.

Pois é, meus amigos, acabou-se-me mais uma edição desse maravilhoso curso livre que são as Aulas de Primavera.

A propósito, por onde têm andado que por lá vos não vi?

Preciso destas coisas como de pão para a boca; de coentros para a açorda; de alho para o azeite que tempera o bacalhau cozido no Natal; de leite meio gordo para o chocapic... E por aí adiante. Como tal, neste exacto momento, estou de ressaca. Sinto dores no corpo todo, tremo desmesuradamente, as náuseas agrilhoaram-se-me à garganta e o pensamento dominante é: “Quando é que há mais? Quando é que há mais? Quando é que há mais?” (Três que é a conta que o senhor lá de cima fez.)

Professora Teresa, Professor Abel (a vós o lancinante grito): Compadeçam-se desta Vossa aluna adoptada e realizem duas edições de aulas livres por ano, por deus, que menos é para a menina em questão genuíno padecimento.

Ora, sobre emoções nunca me viram calar (posso sempre falar do que me move), vai de maneiras que se tiverem paciência (claro está) sigam-me o testemunho subsequente organizadinho em alíneas:

a) Como qualquer iniciativa, ou relação amorosa, a coisa teve altos e baixos. Momentos de paixão, outros de tédio. Estados de arrebatamento e combates bravios contra o sono (que em algumas sessões quase perdi).

b) Continua a verificar-se que nem sempre génio é sinónimo de encanto, quando se não consegue passar aos outros a grandiosidade que nos habita e podemos, até, ter redigido cuidadosamente 3477 páginas em letra muito pequenina para o efeito e não conseguirmos agarrar os ouvintes pelos colarinhos. Levava uma camisolinha de alças, é certo. Não é desculpa.

c) Mesmo se a entrar em coma de tanta sonolência há sempre oportunidade para aproveitar um ou outro tópico que me acicatam a curiosidade e orientam a jornada porvir.

d) Denoto nestes eventos alguma animosidade entre companheiros. Pode ser errónea a percepção. É somente minha a dita. Nenhum de vocês apareceu, como tal, não tinha colegas de carteira com quem discutir o tema. Trocam piadinhas entre si, cochicham quando na audiência, fazem esgares (Alguns acertaram-me no olho esquerdo.), sorriem sorrisos irónicos que me não pareceram bonitos e assim. Penso: “Raisparta a natureza humana.” (Raisparta eu e os outros.) Ora peçam a um cão a ironia e vem de lá, quando muito, a lambidela, ou o rosnar leal, olhos nos olhos. Há ironia e ironia. Há aquela que aprecio e a que desprezo. E há demasiado texto nesta alínea. Perdoem a verborreia.

e) Factos e elementos que aos restantes soam a banalidade por viverem d(n)aquilo, a mim fascinam porque possuo, nesta área (bem como noutras o que agora não vem ao caso), a ingenuidade das crianças.

f) A inteligibilidade é directamente proporcional ao interesse que se devota. Jamais outrora me dediquei tanto.

g) Numa prelecção sobre Jacques Derrida encontrei os fundamentos para a (“minha”) palavra: ESCRELER.

h) Há professores ainda jovens que são já furacões no seu enlevo de partilhar conhecimento e arregaçam mangas e tudo. Foi espancamento seguido de K.O. Gostei muito da tareia, salvo seja.

i) Sessões decorreram sem que percebesse patavina do que queriam demonstrar os oradores. Andavam para a frente e para trás demandando citações assinaladas com post-it’s nos livrinhos, como se fora óbvio o que estava em causa e para mim, moça de cabelo castanho-clarinho, não era. Não era. É que não era pá! E depois vocês já sabem que embirro um ‘cadito com esse grande refúgio que é a citação.

j) Quem lecciona nos E.U.A fica com uma entoação característica. Deixo aqui a pista para uma tese de doutoramento. Sintam-se à vontade para usá-la que sou uma altruísta e por ora não me dá jeito fazê-lo.

k) Tive a oportunidade de “O” ter como mestre. (Consultar ponto 4. das cenas que me agradaram do post em link s.f.f) Weeeeeeeeee. Não fora o acaso e não se teria dado o feliz evento, que me fez vir, de propósito de Tróia, de umas férias à beira-mar para “O” ouvir. Tivesse sido mantido o programa e eu, com todo o respeito pelo jeitoso do Professor que fecharia nessa semana o curso, não teria tirado os pés de molho. Mas era “aquele” professor em substituição do outro e não podia de forma alguma perdê-lo. Que é que vos digo? Bendita seja eu e as minhas premonições. Teria perdido uma das três sessões que classifiquei como magistrais ou, trocado em BPM uma das que classificaria com 195 BPM. Aquilo sim foi lição para nos agarrar do princípio ao fim. Sem “cábulas”, citações em demasia, ou ensaios elaborados. Coração, sabedoria e vontade de agitar os intelectos.

l) E (para mim) foi isto.

Aquele abraço.

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