segunda-feira, 10 de outubro de 2011

 

A Questão Finkler na Geração-C, by euzinha.


Howard Jacobson. (Manchester, 1945). Já ouviram falar deste autor? Desconhecia a sua existência, até ele vencer o Man Booker Prize 2010 com este título que foi, em consequência, muito publicitado. Talvez o mérito dos prémios literários seja esse: que os galardoados a partir de um livro vencedor consigam divulgar a sua bibliografia, não raras vezes extensa e ignorada. Foi assim que cheguei até ele, dado que a Questão Finkler é o primeiro livro do escritor a ser publicado em Portugal.

Deparei-me com narrativa bem-humorada e fluida que tem como ponto de partida uma situação absolutamente hilariante. Julian Treslove tem 49 anos e jamais tomou uma decisão na vida. Foi sempre a vida a tomar decisões por si, até ao momento crucial em que saído de um jantar com dois amigos (Samuel Finkler e Libor Sevcik, ambos judeus.), é assaltado por uma mulher que após a agressão o abandona com uma acusação. – Pelo menos assim se lhe afigura, o que lhe chegou aos ouvidos e ao entendimento. – «Seu judeu.» Resolve, após horas que somaram dias de pensamentos tortuosos e massacrantes que, das duas uma: ou é judeu e lho ocultaram desde a infância, ou há-de ser judeu se, se dedicar ao estudo da história e cultura judaicas para se converter. Sente-se mais judeu que qualquer um dos dois companheiros de solidão, considerando uma injustiça que o sejam e ele tenha nascido privado do acesso a esse grupo de eleitos. Vive, aliás, obcecado por Finkler, filósofo bem sucedido, a quem inveja e com quem mantém tácita competição desde a adolescência.

Treslove é um homem imerso em sentimentos de incompletude. «Por vezes, a sensação de ter perdido algo precioso durava o dia inteiro.» (Pág.27)

Inacabado enquanto profissional. - Faz biscates como sósia de várias pessoas conhecidas, sendo parecido com todas, todavia, com nenhuma em particular - Como amante. – Tende a ser abandonado pelas mulheres de ar débil, a fazer lembrar o moribundo, que o encantam mas que, inevitavelmente, se enfadam com o seu taciturno feitio. Também falha no papel de pai de dois filhos adultos, com quem jamais exerceu a paternidade, forçando-se a convívio artificial, pontual e displicente. Imperfeito enquanto amigo. – É de tal maneira deslumbrado com o judaísmo que negligencia amiúde a amizade que o uniu àqueles homens que, mal ou bem, o acompanharam durante décadas.

Pejada que está esta obra de personagens riquíssimas, humanas, reais, disse-vos mais sobre o Julian porque, apesar de se demonstrar tão sofrido, incompreendido e, sobretudo, vazio, ele enche o romance.

110 BPM – Gostei muito do livro. Ensinou-me sobre as questões judaicas, o conflito israelo-palestiniano e a cultura do povo judeu. Apresenta ritmo que nos enleia na história e diversas frases que são autêntica poesia. Oferecer a um amigo.

PUBLICAÇÃO ORIGINAL AQUI.

P.S. Escapou-se-me o "muito" na classificação derivado a ser uma coisa mais ou menos formatada. Gostei do livro, apenas. Não "muito". Nestes textos tento mostrar o lado positivo dos livros que leio. Neste caso, apesar de partir de uma situação que considerei genial não achei que o resultado final tivesse feito juz à ideia que me encantou. 

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Comments:
Acabadinho de ler...


http://numadeletra.com/17407.html
 
:) Obrigada pela visita. Retribuirei de ora em diante uma vez que temos paixão em comum. Essa tal de leitura. Até breve,
 
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