terça-feira, 8 de maio de 2012

 

MELANCÓMICO – O Livro – Na GERAÇÃO C

Há uns anos perdi-me, enquanto vagueava por território imaginário. Fui dar a um bairro catita, daqueles à antiga, em que as pessoas se conhecem e se preocupam umas com as outras. Nesse havia um quiosque tradicional, um gato preto para nos testar a sorte e um homem, com alma de poeta e um saco de plástico em cada mão, a dedicar-se à filosofia (de bairro) e aos aforismos (de pastelaria). Falo do Melancómico, personagem híbrida amante da melancolia e da comicidade improvável, criado por Nuno Costa Santos (1974) guionista e escritor.

Na mão esquerda “MELANCÓMICO – O livro.” Releio-o para vos falar dele. Reencontro o Márcio; a Dona Bina; a cidade em que as preocupações existenciais me chegam na conta do supermercado perto da água e do fiambre e o humor se vende em gramas com IVA incluído.

Trata-se de colectânea de frases para saborear. Nada de as lerem sôfregos, sem as mastigarem. Poderão afigurar-se-vos leves, porque espirituosas, todavia, nelas encontram os grandes temas de uma vida vivida: o Amor, a Morte, a Amizade, Deus, as Tecnologias, a Paternidade, os Antidepressivos e a Chamuça. Destaco apenas uma delas para não estragar o prazer de descobrirem as restantes. «DONA BINA SAI-SE COM ESTA ANTES DE PEDIR O CAFÉ COM ADOÇANTE – O pior palco é aquele em que as pessoas julgam que não estão a representar. (Pág.54)»

No final do volume aguarda-vos entrevista com o bom frasista. «Estamos com muito medo do silêncio e de ter experiências privadas que depois não são contadas. Temos de contar tudo. E eu reivindico esse regresso ao secretismo.» Subscrevo-lhe este e outros pensamentos.

Visitem-lhe o blogue entretanto extinto e o sítio onde encontram a série que passou na televisão, que transportava para a pequena tela o universo da melancomia. Estou certa que não darão por perdido esse tempo.

110 BPM – Um livrinho para ter na estante ao alcance da mão, tão vital para os amantes de aforismos, como a bomba para o(s) asmático(s). Se visitarem a Feira do Livro encontrá-lo-ão (e ao Caderno) no Pavilhão da Europress (33B).

P.S. Aproveitem e procurem também “No meu peito não cabem pássaros” de Nuno Camarneiro, o qual sugerirei dentro de dias. Deixo, ainda, a pista para “O teu rosto será o último” de João Ricardo Pedro, que fez da adversidade - Ficou desempregado. – oportunidade - Escreveu este livro considerado por muitos um magnífico e auspicioso primeiro Romance. –Habitam ambos a Praça Leya.

PUBLICAÇÃO ORIGINAL AQUI.

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