terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

 

ROBERTO SAVIANO

Há pessoas especiais que dão a sua vida para que o mundo melhore.

Há pessoas de uma coragem admirável, para quem a verdade e a ética se sobrepõem a si, aos seus interesses, à própria vida, até.

A nossa sociedade: podre. As várias sociedades de ocidente a oriente. Podres. Andamos a desperdiçar tudo o que temos.

Praticam-se atrocidades, os actos mais hediondos, mas ai de quem fale. Não se pode falar. Que fique tudo na obscuridade da hipocrisia.

Ai de quem ousar insurgir-se contra o(s) poder(es) do(s) gigante(s).

Ai de quem ouse FALAR.

Está tudo tão torto. Tão torto!

Uma pessoa pensa: que lixo.

Por onde começar? O que fazer? Como fazer?

A devastadora impotência a tentar-me: deixa-te estar. Fica quieta. Vive a tua vida cor-de-rosa.

Como acreditar no meu papel? Como ter esperança que muitos "pequenos esforços" poderão algum dia resultar?

O meu pensamento está hoje (15/02/09) com o Roberto Saviano.

OUSOU.

E com 29 anos a sua vida acabou. (Pelo menos como a conhecia).

Pode dizer-se que morreu. O Roberto "antigo" morreu. O Roberto "novo" vive com uma espada a pender-lhe na cabeça. A espada dos poderosos que querem ser deuses sem que disso se fale. Sem jamais serem questionados na sua impiedosa existência.

Choro. Lamento. (no meu insignificante e ridículo papel) Choro e lamento por ele e por todos os que pagam com a própria vida para que pequenas melhoras ocorram. Infinitamente pequenas melhoras.

Para onde vamos? Que mundo é este o que construímos?

Uma pessoa pensa e volta a pensar: que lixo.

A liberdade. Não existe. Esta é a verdade.

A liberdade só nos parece existir quando não nos envolvemos, quando mantemos uma postura passiva perante o que nos revolta, quando vivemos ao sabor da corrente. Temos a doce ilusão de sermos livres. (Eu. Assim. Tantas vezes.)

Julgamos ser livres enquanto fazemos o que é suposto: CALARMO-NOS. Sermos ovelhas dos inúmeros deuses que se ergueram a pulso, pela força, pelo medo. Julgamos ser livres quando não tentamos sequer remar contra a maré. Mais fácil ir ao sabor da corrente.

Nestas alturas caio em mim e percebo o quão patética é a minha existência. Os meus pequenos dramas.

Espero que o Roberto sobreviva. Espero que outros como ele escapem às garras da vingança, da maldade humana. Para que possa haver, ainda, alguma esperança para a humanidade. Para que possam ocorrer ainda muito mais pequenas melhoras, no nosso mundo tão tristemente decadente.

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