sábado, 10 de outubro de 2009

 

Momento

É no momento (neste) em que duvido de mim, das minhas acções, que percebo quão ignara e ingénua é a minha fé desmesurada em ti, nas tuas acções (nos outros). É então que a perco (à fé de sempre) e me obrigo a aceitar (é uma luta que travo) que a vida não é o cenário bonitinho que quero à força erguer. É o que é. Passamos a vida a brincar às encenações incapazes de pôr cá fora, o que se passa dentro. A verdade. A verdade? Não é unívoca. Não é. (Eu é que pensei demasiado tempo que era. Onde andei eu este tempo todo? Por onde ando eu, quando os outros me vêem?) "As pessoas não aguentam a verdade." Ouvi algures e é certo que não. Não se aguenta. Talvez não passemos de personagens à procura de autor. À procura de alguém que nos escreva, mais simples, mais verdadeiros, mais iguais ao que somos interiormente. Alguém que nos apague a pusilanimidade da alma e nos faça viver a (nossa) verdade. Independentemente das toneladas de regras (barreiras, recriminações, preceitos...) com que nos submergiram desde o nascimento.

Ontem aplaudi de pé ESTA PEÇA.

Que me perdoem os actores mas não era a eles que dirigia o meu entusiasmo. Era ao texto e ao autor (Luigi Pirandello). Quantas palavras me ficariam fosse melhor a minha memória. Sublime.

O autor morre, as personagens permanecem indeléveis, verdadeiras, únicas.

P.S. "Ninguém consegue atar um trovão e ninguém consegue apropriar-se dos céus do outro no momento do abandono." Luis Sepúlveda em "O velho que lia romances de amor. "

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