terça-feira, 25 de maio de 2010

 

AMOR NÃO É ASFIXIA. É VONTADE.

Amo-te!
Claro que te amo.
(Não te amo. Desconheço-o.)
Não.
Amo!
Obviamente.
(Não me amo e ignoro-o.)
Controlo-te.
(Controlo-me. Hirta. Pungente.)
Respondo torto.
(Tudo que digo é sentença.)
(Arbitrária. Cruel.)
Franzo o sobrolho e faço-me malvada, quando o que quero é colo.
Amo-te.
(Não te amo.)
(Não me amo.)
(Até quando?)
Não me contenho.
Quero-te numa gaiola!
Mando-te cantar ao ritmo perfeito.
Pretendo fazer de ti o eleito.
Sinto pavor que me mandes embora.
Corto-te as asas.
(Não basta a jaula.)
Profiro rude:
“Não estás bem assim.”
Tento trazer-te para dentro de mim.
(Escuta: Isto não é amor. É minha posse. É teu terror.)
Tenciono isolada amar o que vejo, ou sonhava fitar. Ser nada e ser tudo.
Mãe, amiga, filha, chefe, amante e escrava.
(Subjugar-te.)
Consumo a tua luz.
(Brilharás só a dois.)
(O desejo há-de esmorecer. Por agora não o vislumbro ou não o consigo conceber.)
Engano-me(te). Grito-te(me):
“É isto o amor.”
Sinto remorso por te trazer tanta dor.
Porém cerro os punhos e insisto no erro:
“Serás exemplar. Obra minha. Dirás o que quero.”
Dançarás só para mim e andarás na linha que tracei para ser teu único caminho.
Somente eu ouvirei tua voz e crê que mais ninguém estimará tanto um “nós”.
(Logro.)
Digo maldades para que te sintas mal.
Não é perfídia, somente cansaço.
Escolho atacar-te a admitir o fracasso:
“Não gosto de mim.”
Vem daí a raiva. Mais fácil culpar-te.
Cobrar arrogante: Tens de me fazer feliz!
Não sei como o ser, não quero aprender.
Condeno-te a saberes o que fazer.
Abafo-te. Escureço-te. Obrigo-te a ser aquilo para que ninguém devia nascer:
Ser de…
Ao invés de ser…
Fere-me perceber que te talhas sobre mim. A verdade a fugir-te. Esqueces-te de ti.
Um dia também olvido quem eras quando me apaixonei.
Amassei-te nas mãos qual plasticina e hoje o boneco que és já não rima, com a fera que eras e a qual amansei.
És bicho amestrado, sem pulsão qualquer, sem voz, garra, sem destino ou querer.

(Eras o espírito imenso que silenciei por egotismo e pobreza de alma a meu bel-prazer.)

Conto mentiras para te magoar.
Só me sinto segura contigo a chorar.
As lágrimas sussurram-me que gostas de mim.
(Como acreditar se não creio em mim?)
Amolgo-te, cilindro-te e não me sinto melhor.
Quanto mais te mudo maior calculo (erroneamente) teu amor.
E escondo de mim o dia tardio, em que acordarás do torpor e irás embora,
desconhecendo quem és, quem sou, ou o que nos ligou outrora.
Eu?
Saberei com a carne que fui quem nos matou.
A ti acuso: foste quem deixou.

EPÍLOGO

Não prescindas da LIBERDADE.
Amor não é asfixia é VONTADE.
Perdoa-me.
Respira.
Amo-te deveras e de ora em diante aceito-te inteiro,
jamais pela metade.
Quero-te verdadeiro.

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Comments:
Que lindo... que lindo...não há palavras...
 
Ó minha linda isto não tem nada de lindo. É o mais feio que o ser humano tem. Tolher o espírito a outrem... Obrigada por seres uma minha leitora fiel. bjinhos grandes.
 
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