quarta-feira, 21 de julho de 2010

 

Ah e tal tinhas de levar a tua paixão pelo Sô ALA p'ra GERAÇÃO-C e quê.

PUBLICAÇÃO DAQUI...

Proponho-vos um desafio: ler António Lobo Antunes (1942). Não se riam. É caso sério. Desistem assim sem uma tentativa, pelo menos? Vão estranhar se nunca o leram, é certo. Estou segura, porém, que uma vez enredados jamais o quererão abandonar. É um dos geniais autores portugueses cuja obra completa tenho, a par de outros tantos, a aspiração de conhecer inteiramente. Se tiverem em conta que uma existência não chegará para ler tudo quanto almejamos, conceberão quão grande é a atenção que lhe pretendo devotar durante esta vida (de livros).

Chegassem estas linhas aos seus olhos e discordaria de cada uma. Divino, remoto, do fundo dos seus olhos azuis implacáveis, condenando-me o atrevimento. Tenho sorte. Não o ofenderei, decerto, com a percepção que guardo desta sua Obra (Edição em 2009). Quanto a vocês, já que aqui estão, percam mais uns minutos comigo e depois apressem-se a lê-lo se vos consegui cativar.

Que somos senão abismos? Derrocadas pessoais. Desmoronamentos às prestações. Frustrações e perdas. Uns mais afortunados que outros, ainda assim, que é a vida se não o caminho que trilhamos inexoravelmente para a morte, quais condenados? “Que negrume…”, dirão. Não é optimismo o que encontrarão na narrativa que proponho. Tentava tão só preparar-vos. É possível tanta desgraça numa só família (de origens Ribatejanas)? Neste livro é. E, apesar de toda a dor e de toda a miséria humana retratadas, há beleza imensa a perpassá-lo. Como se fora possível sentirmo-nos bem - Em êxtase, até. - mergulhados numa tristeza profunda, definhando.

Ler este autor é como nadar contra a corrente. Esbracejamos, ofegamos, perdemos o pé. De que nos serve defrontarmos o mar? (A sua desmesurada força.) Na iminência do afogamento, há que permitir que as ondas nos devolvam à costa. É então, quando nos deixamos guiar, flutuando nas palavras deste Mestre da escrita, que nos salvamos e simultaneamente nos perdemos. Já o li sem nomes para as vozes que habitavam o romance. Tarefa hercúlea manter-me à tona. Admito. Neste, porém, (re)conhecerão as personagens, sentir-lhes-ão o pulso, alcançarão porque acabaram, ou imaginarão como hão-de recomeçar.

Ana, João, Francisco, Beatriz, Rita, Mercília, Pai, Mãe (Maria José Marques)…

Cancro, toxicodependência, desamor, prostituição juvenil, sida, subserviência, escolha, desistência, mágoa, loucura, ausência, violência, desgosto, abusos, traição, medo, abandono, ingratidão, confissões, lamento(s)…

…«Como esta casa deve ser triste às três horas da tarde.»…
…«(…) vai morrer às seis horas»…

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?

195 BPM – Enlevo total. A adquirir e reler. Sugerir a leitura.

NOTA: Não quero deixar de referir que, apesar de tudo quanto o livro encerra e que venero, abomino as alusões às lides tauromáquicas. Mas isso são já outras convicções que me habitam e que nada têm que ver com literatura.

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