sábado, 5 de março de 2011

 

INSTANTÂNEOS VII

Agora que sabia coisas dele perdera o interesse.
Não se abismava ante a personagem. Era apenas mais um homem entre tantos outros. Esquecia-se amiúde de o visitar e quando o fazia o tédio assomava-se-lhe aos pulmões e ela corria para a janela abrir a boca e as narinas para que o ar entrasse convenientemente.
Agora que sabia coisas dele, já não o desejava tanto. Não o desejava de todo. E se o desejara quando ele era um estranho. Tinha tido, por diversas vezes, a sensação de estar a enlouquecer de tanto querê-lo. O tempo passara e ele era, afinal, tão só um homem, o que não era o bastante para que se sentisse intrigada. Impelida para ele. O facto de ter aprendido mais sobre o homem não ajudou. Fê-la esfriar e realizar que também ela não passava de uma mulher. Uma mulherzinha muito exigente com os outros e pouco consigo. Não gostava da realidade. Gostava menos ainda das coisas apreendidas sobre ele que lhe lembravam as dela. Para quê saber da humanidade? Ná. Aquilo parava por ali.

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