Estou pela primeira vez nestas andanças dos "blogues"... Resolvi fazer um em homenagem ao meu companheiro de 9 anos, o meu filhote, de quem tenho muitas saudades! Entretanto aproveito e vou pondo cá ideias que me passem pela cabeça! (16Set.2005)
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Gerar é
responsabilidade.
quantos não o fazemos enlevados por expectativas pessoais. Não
deles. Não para eles.
Onde deveria haver
tão-só Esperança.
vive como és (queres).
Ninguém nos ensina
a criar.
quem apto a nunca sentir o aterrador aperto de estar a fazer
tudo mal, em cada instante? I-
Çar-te, encarar o
teu sorriso, saber-te inteiro. Sejam os meus intentos.
não me permitas intrusões, asfixia(s).
Anda pelos teus
pés. Não deixes que te atrase, tentando caminhar por ti.
quererei ser perfeita.
Limita-te a
aceitar-me, sabendo-o utopia. Não sofras porque não mudo. É natureza.
permanece leal à tua. Não te mortifiques a mudar(-te) por
mim. (Não valorizarei.)
Ouve-te. (Age.)
amo-Te.
Andreia Azevedo Moreira
14/08/2012, pelas 12h03 para G. a “18”/10/2012 (40)
# Ideia partilhada por Andreia Azevedo Moreira @ 05:43 2 Outras ideias
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Geração C – O chão dos pardais – Dulce Maria Cardoso
A vida é fingimento. «O chão dos pardais» - Dulce
Maria Cardoso (1964), Edições Asa, 2009 - acorda-nos para a terrível
constatação. Não saberemos como fugir-lhe.
Alice finge que é criança habitando castelo de
sonho, em conto de príncipe e princesa com o marido Afonso. Este recusa a
velhice e simula juventude. Patrocina pesadelos disfarçados de histórias de
encantar a jovens mulheres. Sofia é uma delas e muito bela crê que os sonhos se
concretizam em hotéis de luxo, jóias caras e viagens longínquas que a levam
para lugar nenhum, que não avassaladora escuridão por demais distante do seu
genuíno amor, Júlio.
Manuel e Clara são os filhos a quem Alice já não
sabe como demonstrar o seu amor. Díspares das «crianças louras com sardas» de
outrora, imaginadas perfeitas. O primeiro perde-se nas horas em frente ao
computador nutrindo romance virtual que o redime da sentença, num caso de
negligência médica, que lhe pende sobre o futuro. Clara oculta, tanto quanto consegue,
a paixão pela empregada Elisaveta. Foragida de Viltz conheceu a fome e o frio
no corpo e finge desconhecer o «tremer bom» que a proximidade da descendente
lhe provoca.
Eugénia não existe. Nasceu num quarto dos fundos
qual sombra da luminosa Alice. Fadada para a serventia, para um não-lugar no
país das maravilhas da patroa.
Gustavo é o biógrafo contratado para elaborar a
prenda perfeita para o sexagésimo aniversário de Afonso. O grande sucesso da sua
carreira fora assegurado pela biografia não real de um coronel fictício. Quem
melhor para escrevê-lo(s)? Recordação ideal para uma festa preparada ao detalhe
pela esposa dedicada.
Júlio deitará por terra tais aspirações. Sendo o
único disposto a viver em inteirezae
uma vez ferido pela mentira, pertence àquela minoria que não teme pagar o cru e
oneroso preço da(s) sua(s) verdade(s). A festa tornar-se-á memorável, todavia,
não como premeditara a anfitriã.
Feita de pessoas como nós, em mentiras como as nossas,
a narrativa evolui tendo como pano de fundo a morte da princesa Diana de Gales,
sussurro contemporâneo da infelicidade mascarada.
Todos sabemos do desacerto entre o que somos dentro
e o que fazemos fora, como o relógio do aparador na sala de Alice «que nunca
conta o mesmo tempo dos outros relógios» (pág.10) e que «O tempo trabalha a
favor das fraudes. É sempre preciso que alguém queira saber o que se passou. E
ninguém quer.» (pág.222)
A realidade é, amiúde, insuportável.
150 BPM – Um volume
imperdível de uma escritora admirável. Adquiri-lo numa pequena livraria, como a
“Pó dos Livros”,
por exemplo. Emprestá-lo uma vez lido, para que não se quede esquecido numa
estante.
Andreia Azevedo Moreira (Lisboa, 1978) licenciou-se em Engenharia Florestal e não exerce. Não estudou letras mas dedica-se-lhes com paixão. Escreveu os argumentos e os guiões das curtas-metragens «Espelho meu» (2018) e «A Escritora» (2019) em parceria com Hugo Pinto, o realizador e o argumento/guião da curta-metragem «À vida» (48HFP Lisboa) realizado por André Costa. Colabora com o projecto online fotografarpalavras idealizado por Paulo Kellerman. No papel: «Os cães ladram» (Colectânea «O país invisível», C.E. Mário Cláudio, 2016); «Pode um corpo morto» (Colecção Crateras, Nova Mymosa, 2019); «Mar Fechado» (Grotta n.º4, 2019/2020); «As paredes em volta» (Colecção Crateras, Nova Mymosa, 2020); «A vinte e quatro minutos da eternidade» (Ed. Minimalista, Antologia de contos, 2020); «Abel» (Ed. Minimalista, Contos Minimalistas, 2021), Augustine e os maus sentimentos (Nova Mymosa, 2021), Depois do abismo o canto dos pássaros (Nova Mymosa, 2022), Em português escrevo com A (Edição em papel de 06-04-2023, Jornal de Leiria), Pesar o adeus (Nova Mymosa, 2024). Liberdade e gratidão são verbos. Pearl Jam, banda sonora.