Estou pela primeira vez nestas andanças dos "blogues"... Resolvi fazer um em homenagem ao meu companheiro de 9 anos, o meu filhote, de quem tenho muitas saudades! Entretanto aproveito e vou pondo cá ideias que me passem pela cabeça! (16Set.2005)
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Da(s) escolha(s).
Queres morrer? Morre. De uma vez. Não às prestações. Não evidenciando cada pequena morte. Não aguento e sou já indiferente a teus rogos. Vive, morre. Escolhe. Nada tenho que ver com a decisão. Somos duas pessoas. Não uma. Duas. Vontades. Pára de me arrastar para essa tristeza. Sou melancolia que chegue. Não quero a tua. A alegria dá-me trabalho. Todos os dias labuto nela. Por vezes sabe deus como me custa. Ainda assim, escolho-a. Se a não queres, não me diz respeito. Uma vida inteira a fazer de palhaço não foi suficiente. Pouco te fiz sorrir. Tenho mais que fazer agora. Dedico-me a outras artes. Perdoa-me se desisti. Nota que o fiz muito depois de ti.
(Nada te devo.)
Se quiseres, tenho ternura. Atenção. Cuidados, sim. Se escolheres a vida. Por demais preciosos, para que os reserve para a morte. Se é o fim que procuras, descansa em paz.
Não me quedarei numa lápide prematura, arrefecendo contigo.
# Ideia partilhada por Andreia Azevedo Moreira @ 19:00 0 Outras ideias
domingo, 24 de junho de 2012
# Ideia partilhada por Andreia Azevedo Moreira @ 23:18 0 Outras ideias
Já há livro caraças! Weeeeeeeeeeeeeeeeeeee.
Todos os dias ando com o livro, do momento, para ler. Desde que aderi ao movimento marmita a companhia, à hora do almoço, da minha querida Ivaninha, é tão boa, que não é incomum passear o livro de casa para o trabalho e do trabalho para casa, sem lhe tocar. Ora certo dia enchi-me de coragem e resolvi deixá-lo no conforto do lar.
«Nunca o abres Deia. As cruzes já não são o que eram e andas carregadita sem necessidade.»
Pois que nesse dia Deia não levou livro e Ivaninha, não obstante ter levado marmita, teve convite irrecusável para fora com outra amizade, de modo que não a acompanhou à sala do microondas, para efectivar o aquecimento do conteúdo da dita.
«Ah. E agora, por deus, como ocupar os 30 minutos, ou assim, que o tupperware me deixa livres? »
Vá de ir ao quiosque da Dona Rosário,
que nunca mais lá esteve, o que me preocupa, mas não quero estar sempre a perguntar aos senhores que a substituíram na venda para a) não ser chata b) não correr o risco de lhe ter acontecido alguma coisa e estar a ser involuntariamente cruel com a insistência na pergunta. (Cada vez que lá vou digo boa tarde, bom dia, levo isto ou aquilo, muito obrigada e depois com os olhos pergunto por ela, mas eles nunca me responderam, ou não lhes sei ler o olhar.)
adquirir qualquer coisa. Já tinha a LER.
«Olha é um Jornal de Letras, fazendo o favor. »
Bom... Lá ia folheando a coisa (não sou fã, fã, mas pronto) eis que: PAM. Conte connosco e tal.
Resolvi participar.
(Participar é, igualmente, o meu nome do meio.)
Cria que os trabalhos não eram todos lidos. Enganei-me. Há, pelo menos, UM elemento de júri deste tipo de concursos que os lê deveras.
O José Luís Peixoto leu centenas de trabalhos para chegar à selecção final.
OBRIGADA.
Essa foi a alegria maior, constatar que trabalhar compensa.
Esfolar os joelhos da alma não é em vão. Levantar e cair, escrever, apagar, ouvir "és uma merda" inúmeras vezes, não esmorecer porque se faz o que se é e não o que os outros esperam.
Este é o meu caminho e ainda que não tivesse sido seleccionada nele permaneceria, mas que me soube bem esta luzinha no céu, isso soube. A alegria imensa que senti, naquele momento em que pensei "há justiça" ninguém ma tira.
E continuo na minha qual Margarida Rebelo Pinto: Não há coincidências, foda-se!
Tenho um orgulho imenso em ti Gui. Sei que não fazias nada sem os restantes, mas és sem qualquer dúvida (para mim) a alma do MUSA. Boa miúdo. ACREDITAR. SEMPRE.
# Ideia partilhada por Andreia Azevedo Moreira @ 23:21 0 Outras ideias
# Ideia partilhada por Andreia Azevedo Moreira @ 17:00 0 Outras ideias
terça-feira, 5 de junho de 2012
Pelos meus filhos morrerei, se precisarem que os proteja com o corpo.
Não abdico, todavia, da minha Vida (Interior). Precisamente porque os Amo o faço. Se há em mim alguma expectativa é que saibam Viver; que aproveitem cada dia como se fora o instante derradeiro; que não coloquem nos pés de terceiros o trilhar desse percurso a que se chama Felicidade, como se essa não desse mais trabalho do que inscrever 10 letrinhas numa folha de papel. Responsabilidade de cada um, sim. Não quero ver-me velha e eles a encararem-me com piedade, ou aperto no peito, que os aproxime por dever castrador, ao invés de carinho tão-só. Faço votos que quando me relembrarem seja para eles fôlego profundo, com cheiro a Liberdade, como todo o Amor deve acontecer.
T. e G. ajudei-vos a vir cá, agora é convosco. Estarei sempre por perto para sentir no rosto o vendaval das vossas asas. É o que espero dos dois, que voem. Que sejam fiéis a Vós próprios ainda que de hoje para amanhã as vossas escolhas e acções me possam agredir. Não me desiludirão, não sofram, por favor. Cá estou para aprender a aceitar-vos Inteiros.
Por ora, dedico-me a amparar-vos o crescimento o melhor que consigo...
(Não é fácil caraças. Tão difícil saber o que hei-de fazer para não errar muito, sentindo que me engano demasiadas vezes.)
...Enquanto Escrevo; Leio; vou ao Teatro, ao Cinema e aos Concertos que me acicatam; estou com os Amigos; Namoro; Refilo; Perco a cabeça; Rio alto; Choro; Trabalho; Persigo as gentes das letras que admiro (Com muito maior contenção, note-se a cedência.); Respiro; Observo o Oceano; Sonho em adoptar dois ou mais cães (num apartamento nem pensar); ouço Pearl Jam, James, Dave Matthews Band, Alanis e outros que me fazem bem aos ouvidos e serenam a loucura; faço cursos e workshops das coisas que me alimentam a alma; falo com gente que me agrada e outra que estranho; vejo beleza nas cores que me rodeiam e me esforço por não sucumbir à fealdade do mundo; exemplos.
(Como descrever a Vida vivida?)
Egoísmo seria fazer-vos reféns por abdicar de tudo o que me compunha antes de vocês existirem, cedendo ao que alguns fantasiaram (e tentaram impor) que uma Mãe deve ser.
Sou uma mulher em construção. Perdoem-me qualquer coisinha.
P.S. Uma exigência (afinal até as tenho): Não adiram ao movimento dos desencantados. Far-vos-á mal ao fígado e a bílis, meus queridos filhos, é amarga 'comó' caraças. Sei porque já vomitei até à dita e não foi agradável. Estávamos nos anos 90 em V.N.Mil Fontes certa vez em que ainda acordei bêbada. Ah... Espera... Isto secalhar não era para contar. Eh eh eh.
# Ideia partilhada por Andreia Azevedo Moreira @ 19:00 2 Outras ideias
sexta-feira, 1 de junho de 2012
DANÇA(S) DA SOLIDÃO
Crer é querer. Ver o que se
consegue, não o que é. A emancipação do(s) vício(s) amarga. Sonhava? Mentira(s). Ao
pequeno-almoço, ao jantar, aquele copo de leite antes do sono. Tinha sede, desconhecendo
de quê. Sou sede, ainda. A mão firme, ao centro. Banhei-me na ilusão e dessa não escapei lavada. A alma pesada. Bacia e cadência.
O coração lento, descompassado e aldrabão. Sensação de ócio, agora. O que
fiz com tanto tempo? Que olhos são estes que me mentem? Ouvidos que me entregam discursos
deturpados. Mente que não me engana. Diz-me ao que vem. Eu? Ignara e crédula. Saboreio o doce da(s) inverdade(s), da loucura. Luto com as superfícies.
Cegueira boa e perniciosa, tudo junto. Dança(s) da solidão. (Aos 18 já o sabia.) Se é tarde? Nunca o é, quando se trata de Liberdade.
Andreia Azevedo Moreira (Lisboa, 1978) licenciou-se em Engenharia Florestal e não exerce. Não estudou letras mas dedica-se-lhes com paixão. Escreveu os argumentos e os guiões das curtas-metragens «Espelho meu» (2018) e «A Escritora» (2019) em parceria com Hugo Pinto, o realizador e o argumento/guião da curta-metragem «À vida» (48HFP Lisboa) realizado por André Costa. Colabora com o projecto online fotografarpalavras idealizado por Paulo Kellerman. No papel: «Os cães ladram» (Colectânea «O país invisível», C.E. Mário Cláudio, 2016); «Pode um corpo morto» (Colecção Crateras, Nova Mymosa, 2019); «Mar Fechado» (Grotta n.º4, 2019/2020); «As paredes em volta» (Colecção Crateras, Nova Mymosa, 2020); «A vinte e quatro minutos da eternidade» (Ed. Minimalista, Antologia de contos, 2020); «Abel» (Ed. Minimalista, Contos Minimalistas, 2021), Augustine e os maus sentimentos (Nova Mymosa, 2021), Depois do abismo o canto dos pássaros (Nova Mymosa, 2022), Em português escrevo com A (Edição em papel de 06-04-2023, Jornal de Leiria), Pesar o adeus (Nova Mymosa, 2024). Liberdade e gratidão são verbos. Pearl Jam, banda sonora.