BUDDY

Não sei se chovia lá fora, se chovia cá dentro apenas. "Apenas". Cá dentro chovia de forma torrencial. Um grito em mim abafado pela dor. Esta música dava no rádio durante a viagem e a este dia ficou para sempre irremediavelmente ligada. Ao mesmo tempo que embalava a minha tristeza reconfortava-me. O que pode curar uma dor assim? Only time. Hoje uma saudade doce e lembranças felizes. Para sempre. Enquanto eu viver, ele também viverá.

Quando eu era pequenina (quatro anos talvez) tinha uma "ama". A minha mãe ingenuamente acreditou que eu ficaria melhor entregue aos cuidados dessa senhora do que ir logo em tenra idade para um colégio... Acontece que esta senhora, ora me deixava sozinha em casa, ora me levava para a horta dela onde, sem me prevenir ou evitar que eu visse, me deixava assistir à morte, através de machadada (às mãos de seu marido), dos coelhinhos com que eu previamente brincara. A brincadeira terminou quando certo dia a mãe de uma menina que veio a ser minha colega na primária e que também lá ficava de vez em quando (Sara), tocou à campaínha e ouviu do lado de dentro uma criança a chorar (leia-se eu) que dizia: "É a andeia. Tou aqui xojinha!" E chorava baba e ranho desesperada, trancada e isolada do mundo exterior e daquela voz que me soava a salvação. Ora, posso dizer-vos que nada disto foi a minha mãe que me contou. Lembro-me com uma nitidez avassaladora de andar pela casa, qual fugitiva de um monstro invisível à procura do melhor sítio para me esconder. Lembro-me inclusivé de como eram as "traseiras" do frigorífico da senhora...E também recordo cada vez que virava a cara para não ver a matança. Creio que este episódio explica muita coisinha em mim. Ainda tenho medo do escuro ah pois é. Tenho. Não é que não consiga estar no escuro. Consigo. Mas nessas alturas desligo o cérebro. Tendo o "azar" do pensamento me voar, lá vou eu a correr até ao próximo interruptor para que se faça LUZ! Há uns tempos encontrei a dita senhora que entre outras coisas nos "relembrou" que eu lhe chamava Mãe Luisa e que nunca a queria deixar, para ir para casa. (Ah ah ah Deixa-me rir!) Será que as pessoas acreditam mesmo nestas mentiras que contam? É preciso ter uma grande lata! Um bem haja mãe Luísa espero sinceramente que já não exerça a profissão.

P.S. Tive outra ama antes desta que era um amor. Dessa sim eu gostava e recordo com carinho! Faz anos no mesmo dia que eu. Só a conheço pelo diminutivo - Betty - essa sim era uma boa "nanny" (Já agora...Rima mais ou menos com Betty). Ainda a (re)vejo de vez em quando com gosto! Agora a outra... Cruzes canhoto!

Esta é uma das minhas bandas favoritas. Tenho mais uma "Teoria da chacha" se me permitem: não concordo com as mudanças de vocalistas... Bem sei que o mocito morreu e que eles quiseram continuar o projecto, mas não concordo. Sei que é injusto para os restantes elementos da banda, mas podiam continuar e arranjar outro nome para a banda. Pensemos em Doors, Jim Morrisson. Pensemos em Rolling Stones, Mick Jagger. U2, Bono. Pearl Jam, eh eh que pergunta... EDDIE VEDDER. INXS, Michael Hutchence. Soundgarden, Chris Cornell. And so on and so on. Por isso para mim Alice in Chains, LAYNE STANLEY e mais nada. Muito bons! Aqui fica uma das potentes músicas deles. WOULD.

Há fins de semana em que nada faço, este não foi um desses e por isso fui tão feliz! (Eu gosto mesmo é de andar ocupada! A minha mente sempre pululando de ideias não se compadece de mim em dias mais desocupados. Preciso de andar entretida!).

6ªF: Demos um jantar em casa para alguns amigos. Estreei-me no bacalhau com natas (e a bem dizer nos jantares para amigos. Só tinha dado 1 ainda em um ano de vida comum. E lanches, lanches já dei alguns, vá não se podem queixar muito.) que correu bem não fosse estar um bocado ensosso e eu o ter quase esturricado com o grill ainda nem ele tinha iniciado o processo de gratinar. Vá, não houve baixas e houve quem repetisse o que foi um bom sinal. Também era estreia, é natural que não corresse logo a 100% à primeira. Depois uma amena cavaqueira até às 4h da manhã tornou o serão tão agradável quanto divertido. ADOREI! Ter lá aqueles amigos e senti-los BEM na nossa casinha.

Sábado: a minha amiga Cláudia arranjou bilhetes para irmos ver a antestreia da peça "infanto-juvenil" (já explico pq coloco esta designação entre aspas) ANTES DE COMEÇAR. Encontra-se no teatro da Trindade, sala principal, até dia 22 de Dezembro e o texto é da autoria de Almada Negreiros tendo sido escrito em 1919. Quando a Cláudia me desafiou disse apenas que era a nova peça da Cláudia Semedo e eu disse logo que sim. Para ir ao teatro estou sempre pronta. Quando ela me disse via sms Olha confirma-se que arranjo os bilhetes queres ir? É infanto juvenil. Neste ponto sustive a respiração e pensei ooppsss será que quero ir? Mas de seguida li: É tipo O princepezinho. E então confirmei: quero, quero mesmo ir, há-de ter o seu conteúdo. Mas, nada me preparara para o texto que iria ter oportunidade de ouvir. (EXCELENTES INTERPRETAÇÕES de Cláudia Semedo e Carlos Oliveira mas o TEXTO!! Meu Deus o TEXTO!!) Por momentos senti-me ridícula porque chorei. Estava eu na tal da peça "infanto-juvenil" rodeada de crianças inquietas algumas chegando mesmo a dizer em voz alta "Mãe quéo í emboua pa caja!" e eu incapaz de conter as lágrimas. O texto tem tanto de simples como de profundo e é engraçado ver que uma coisa escrita em 1919 parece ter sido pensada para hoje. (Lá está, pessoas muito à frente, pessoas especiais que captam a essência da vida... Pessoas que admiro e me fazem acreditar (ainda) na humanidade...) Aquele texto NÃO é "infanto-juvenil". Aquele texto é para todos nós. TODOS sem excepção o deveríamos ouvir, para que nos recordemos daqueles pensamentos tão básicos e intuitivos mas tantas vezes varridos para baixo de um qualquer tapete da nossa memória. Sim as crianças devem ouvir aquelas "coisas" bonitas, mas as crianças, salvo raras excepções, já sabem o que ali é dito, com o coração. As crianças ainda não foram entupidas pela falsidade, pela hipocrisia. Elas ainda não aprenderam a erguer muros à sua volta. Nós não. Nós PRECISAMOS de ser recordados do que ali foi dito, quem sabe se não mesmo diariamente. Não percam! Vão ouvir! Vão pensar! Uma hora para voltarmos a quem somos de verdade. É tão pouco tempo mas tanto em conteúdo! AMEI! Comoveu-me e tocou-me. Mais uma vez, quem dera ter sido capaz de reter todas aquelas palavras em mim. O principal retive! O que o coração (re)aprendeu lá!

Sábado à noite: fui ver o Benfica ao estádio. Que vergonha... Aqueles meninos não se esforçaram minimamente. Eu não pesco nada de bola mas aquele jogo deu-me uma soneira insuportável e acabou por nos deixar meios sonolentos o resto da noite. Contrastando com o dia anterior...

Domingo: Lanchinho com a minha amiga Ana. Soube-me muito bem, soube-me aos velhos tempos. Não temos tido muito contacto e tenho pena. Mas a vida é como as marés. Leva-nos e traz-nos pessoas quando menos esperamos.

Domingo teria sido perfeito não tivesse sentido eu "o cerco". Quanto a isso aqui fica o que penso e por isso digo: nada existe já que me possa deixar mais triste, mais derrotada, mais só, do que já me senti. Hoje conheço a minha força, hoje sei que só EU me posso valer. Ainda que o mundo me grite, estou aqui pronta para o confronto, que será só entre duas pessoas TU e EU. Não admito intermediários, meias palavras, cobranças, chantagens, ameaças veladas. NÃO ADMITO. Nenhum dia poderá ser mais escuro ou mais frio do que os que já tive até há pouco. Não os deixarei alcançar-me de novo. OUVES? Presta Atenção a Isto: Queres voltar de novo a mim? Pára e OUVE-ME! Só quando te disser cara-a-cara tudo o que me fizeste sentir, voltarei de novo a ti. Sim. Dar-te-ei nova oportunidade se assim o sentir dentro de mim, mas isso só será possível quando engolires o orgulho, me PROCURARES e me OUVIRES! Não esperes de mim mais do que isto. AGUARDO por ti.

A Millennium Campaign – Campanha do Milénio das Nações Unidas – foi lançada em 2002. Procura inspirar os cidadãos em países ricos e em países pobres no sentido de exigirem aos seus líderes políticos o cumprimento, até 2015, dos compromissos assumidos na Declaração do Milénio. Ou seja, procura incentivar políticas públicas, tanto em países ricos como em países pobres, que tenham impacte positivo no desenvolvimento sustentável dos países mais desfavorecidos.

O QUE SÃO OS OBJECTIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÉNIO (ODM)?

Em 2007 completa-se meio caminho no prazo fixado para que se resolvam alguns dos maiores problemas da Humanidade. Há sete anos, chefes de Estado e de Governo de 189 países, incluindo Portugal, reuniram-se nas Nações Unidas. Ali assinaram a Declaração do Milénio, comprometendo-se a lutar contra a pobreza e fome, a desigualdade de género, a degradação ambiental e o vírus do VIH/SIDA.

Para avaliar o cumprimento daquele compromisso, estabeleceram 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), a alcançar até 2015:

1. Erradicar a Pobreza Extrema e fome
2. Alcançar o ensino primário universal
3. Promover a igualdade de género
4. Reduzir a mortalidade infantil
5. Melhorar a saúde materna
6. Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças
7. Garantir a sustentabilidade ambiental
8. Fortalecer uma parceria mundial para o desenvolvimento

Envia a tua foto e o número de pessoas que se levantaram para

cascais@objectivo2015.org

VAIS-TE CALAR?

Quando as pessoas preferem agarrar-se a ressentimentos, pequenas vinganças e gostam de ruminar no mal em vez de tentarem ver as coisas com os olhos "do outro" (aquilo a que se chama empatia) mais vale deixá-los ir, para não nos enredarmos também em sentimentos pequenos que nada de útil nos trazem e nos afundarmos em pensamentos tipo "pescadinha de rabo na boca" que só nos tornam (mais) escuros por dentro. É difícil "deixar ir", mas ando a aprender e tem-me feito (muito) bem. Não podemos agradar a toda a gente, essa é que é a grande verdade. E antes de agradarmos aos outros temos sem dúvida alguma de nos agradar em primeiro e sentirmo-nos bem na nossa pele.

Olho por olho... e o mundo ficará cego. Gandhi

TOLERÂNCIA é a minha busca diária mas também tenho, em alguns casos, de desistir. Dar a outra face? Nem sempre se consegue. Temos pena.

E com isto espero ter encerrado as minhas ruminações. É pura perda de tempo. O mundo precisa é de PAZ e AMOR. As guerras começam assim, de forma leviana no nosso dia-a-dia, em cada um de nós, quando incapazes de ultrapassar coisas que nos ferem ou desagradam.

E tenho dito.

Eu, que temo a rotina mais que tudo nesta vida, que lhe tento escapar todos os dias, que desespero quando me sinto enredada por ela, que temo que ela tome um dia conta de mim e me transforme num autómato programado cheio de olheiras, olhar desmotivado e mente esgotada. Eu, que abomino isto tudo, como há anos e anos e anos a fio o MESMO pequeno-almoço. E não enjôo. Galão e torradas. Melhor do que isto só mesmo pão fresquinho pela manhã. Estaladiço, mais manteiga que pão e um café acabadinho de fazer (em cafeteira!). Todos os dias. Todos os dias. Todos os dias. Galão e torradas. Haverá pessoa mais rotineira do que eu?!

AMANHÃ: PARABÉNS Buddy! Cá dentro fazes os 14! Tinha a convicção que quando tivesse trinta e tal (vieste para mim tinha eu quinze) e fosse já uma senhora, casada e com filhos que estarias perto de mim na "nova" casa. E que me acompanharias até eu ser "velhinha" (tipo com 35 anos - para uma miúda de quinze ter trinta e cinco é ser velha...) e que nessa altura já não me custaria tanto quando partisses. Não sabia mesmo NADA de nada. Hoje sou uma "velhinha" quase com trinta, sinto-me uma miúda, não tenho filhos nem me sinto preparada para os ter e a tua partida custa-me muito, custa-me horrores. O coração apertado. O nó na garganta, ainda hoje, volvidos cinco anos. Ainda hoje as lágrimas, ainda hoje sufoco quando caio em mim e é "nunca mais". Foram 9 anos de alegria, de companhia, de afecto. Foram 9 anos que muitas vezes não aproveitei como devia e que não tinha consciência que passariam a voar como aconteceu. 9 anos de um amor incondicional. Nunca me disseste uma palavra e eu sabia. E eu sentia. PARABÉNS BUDDY (piolho, foquinha, piturrinho) PARABÉNS! Festinhas na malhinha branca que trazias ao peito e atrás das orelhas vigorosamente. Saudades do teu cheiro, do teu ganir, do teu ladrar tosco, do teu focinho a dar-me marradinhas na mão, da tua alegria atrás das pedras dos teus ouvidos moucos quando havia cadelas com o cio, da tua paixão pela francisca, do teu ódio de estimação pelos cães do prédio ao lado, da tua orelha baixa qdo fazias asneiras, da tua cabeça à janela do carro, língua pra trás a engolir o vento, do arranhar na porta do quarto quando eu dormia demais, da alegria para ir à rua, do teu olhar meigo, saudades de ti, todo!

Truman Capote, as photographed by Roger Higgins in 1959

Sábado à noite... Apetecia-me mesmo, mesmo, ver um filmezito escolhido e alugado por mim e para mim. Era mesmo o que me apetecia. Então fiz melhor e aluguei dois:

1) Little Children (o qual traduziram em português para "Pecados Íntimos" o que, na minha opinião, está muito mal traduzido. Little Children é mesmo o título adequado - Quem já viu, não acha? - e não vejo qual seria o problema de terem posto "Crianças pequenas" ou "caprichos de criança" porque para mim é disso que o filme trata. De como as pessoas podem não se sentir preenchidas, ou melhor, como se podem sentir tão vazias que acabam por negligenciar as coisas realmente importantes nas suas vidas com distracções efémeras e ilusórias. Não conseguem ver o que lhes está mesmo a entrar pelos olhos. Adorei. Achei a história magnífica e realista. Fez-me lembrar o Magnólia, pela profundidade com que aborda cada uma daquelas "personagens". Muito humano. Muito simples, tão simples como a vida pelos olhos de uma criança. É tão fácil julgar, armar em justiceiro e em todas as histórias, mesmo nas mais cruéis, há duas versões. E embora algumas dessas versões sejam horripilantes, se nos puséssemos no lugar do outro talvez conseguíssemos se não aceitar, pelo menos, (tentar) compreender. Mais fácil falar que fazer em todo o caso... Não custa nada tentar. MUITO BOM. A ver sem dúvida. (De cada vez que um filme destes me atinge, atinge-me também a dúvida. Mas sei que o que faço me protege e por isso continuarei.)

2) CAPOTE a tentativa. Ainda não acabei de o ver e vou pagar multa mas quer-me parecer que vai valer a pena ;)

Domingo: A tentativa2 (deste fim de semana) para ver a exposição BODIES que se encontra no Palácio dos Condes do Restelo - Rua da Escola Politécnica, N. 42, 1250-102 Lisboa. Estava uma fila enorme (ler isto como o anúncio da PT quando o RAP diz "labaredas enooorrrmeeees"...) pelo que demos meia volta e regressámos ao nosso subúrbio. Havemos de lá voltar concerteza, antes de 24 de Outubro, mas jamais num Domingo de chuva isso posso garantir.

Domingo à noite: quis, à força, ir ver o filme "Um Coração Poderoso". É um filme também ele PODEROSO, principalmente porque é daqueles em que o fim não é propriamente o que se pode apelidar de um "final feliz", nem se pode pensar "oh, é triste mas é filme vá...". Não acabou nada bem para o Daniel Pearl e infelizmente aconteceu mesmo assim. Mas e este "mas" para mim é a chave do valor deste filme (o tal que pode ser denominado documentário) contém uma mensagem IMPORTANTÍSSIMA e que por si só deveria transformá-lo de visionamento obrigatório para toda a humanidade. Aquela mulher passou por dias de agonia em que a esperança era o ar que respirava. Reconheci em certa jornalista do filme como todos nós podemos ser acusadores em certos casos "Ah não está a sofrer assim tanto, não chora. Não desespera." E ela só não chorava porque não acreditava que fosse acabar mal. Sempre pensou que o voltaria a abraçar. (É tocante a parte em que lhe envia uma sms a dizer que o ama...) Ainda assim, quando o pior se confirmou, esta mulher, do alto do seu desespero, soube ser GRANDE, soube ser o que precisamos que a humanidade seja: isenta de ódio. Grávida, perdeu o seu amor da forma mais cruel, com requintes de sadismo e malvadez e ainda assim não foi sobre ódio ou vingança que ESCOLHEU falar. Ainda assim, quis transmitir PAZ nas suas palavras, compreensão, empatia por todos os que sofrem os horrores das guerras, dos terrorismos, das intolerâncias. Quis que a morte do marido trouxesse algo de útil, que não tivesse sido em vão (já o sendo). Esta é sem dúvida uma mulher especial e, não podendo trazer de volta o pai do seu filho, deu-lhe o que de mais precioso lhe poderia ter dado: a VERDADE, nua e crua, MAS com uma mensagem positiva, incentivando à PAZ e não ao cultivo do ódio e da falta de diálogo entre os povos. UMA LIÇÃO DE VIDA. É muito bom conhecer histórias de pessoas reais como a Mariane Pearl, pessoas melhores, que vêem muito, muito muito mais além. Fôssemos todos um bocadinho assim e o mundo tornar-se-ia melhor. (Angelina Jolie sem dúvida uma grande actriz)